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Fatores de competitividade internacionais

1 INTRODUÇÃO

1.1 Fatores de competitividade internacionais

Ressaltar que a competição em mercados que antes eram regionais, agora mundiais, por empresas mundo afora é recorrente. Mesmo assim não deixa de ser importante e gerar inquietação no mundo empresarial e também na academia. A taxa de crescimento das importações e exportações brasileiras continua, apesar do ano atípico de 2009 (Figura 1).

Figura 1 – Evolução das exportações e importações brasileiras. Fonte: MDIC (2011).

Com o aumento do volume negociado entre países e empresas, os fatores de competitividade tornaram-se mundiais. Stamer (1996) descreve os fatores de competitividade do IAD, Instituto Alemão para o Desenvolvimento, destacando os fatores de competitividade internacionais como: fatores internos, fatores externos e as variáveis macroeconômicas, conforme ilustrado na Figura 2. Nos Fatores Internos, as empresas buscam a excelência na flexibilidade, agilidade, qualidade, custos e produtividade, de forma a conseguirem transformar matéria-prima em produtos acabados, e fazer seu negócio se desenvolver. Nos fatores Externos, as cooperações da empresa com agentes externos tornam-se importantes para atingir níveis de competitividade maiores. O IAD denomina essa capacidade de interação como entrelaçamento, que pode variar dependendo do agente com que a empresa se relaciona, conforme segue:

- 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS (Valores em US$ milhões FOB)

Total das Importações Total das Exportações

 Entre Empresas: o IAD busca avaliar o grau de desverticalização, que é a capacidade da empresa de desenvolver e trabalhar com fornecedores externos, agindo na cadeia produtiva;

 Entre Empresas e Instituições de Suporte: que é a relação das empresas com as Instituições de P&D, formando parcerias estratégicas para o desenvolvimento de novas tecnologias, desenvolvimento de novos processos, realização de ensaios e testes, capacitação de profissionais e outros serviços especializados;

 Entre Empresas e Governo: que é a relação da empresa com o Estado, de forma a aperfeiçoar as políticas públicas e ampliar sua contribuição para o tecido econômico-social.

Nas variáveis macroeconômicas, a competitividade está na Política cambial do país, relações internacionais entre países, impostos, políticas públicas de desenvolvimento tecnológico, logística e infraestrutura, ente outros fatores.

Figura 2 – Fatores de competitividade entre empresas (STAMER, 1996).

Variáveis macroeconômicas Fatores externos

Fatores internos

Empresa

Flexibilidade, agilidade, qualidade, custos e produtividade Empresas Instituições de P&D Governo Grau de desverticalização da empresa, relação entre empresas Novas tecnologias, ensaios, testes,

capacitação de profissionais e outros serviços especializados

Aperfeiçoamento das políticas públicas Política cambial, relações internacionais, impostos, políticas públicas de desenvolvimento tecnológico, logística e infraestrutura, entre outros 32

Tubino (2007, p. 34) descreve como “critérios de desempenho” os “Fatores Internos” destacados pelo IAD. Para Tubino, os critérios de desempenho são:

 Custo: produzir bens/serviços a um custo mais baixo do que a concorrência;

 Qualidade: produzir bens/serviços com desempenho de qualidade melhor que a concorrência;

 Desempenho de entrega: ter confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos bens/serviços melhores que a concorrência;

 Flexibilidade: ser capaz de reagir de forma rápida a eventos repentinos e inesperados;

Slack et al (2006) definem os “critérios de desempenho”, destacados por Tubino (2007) como “objetivos de desempenho”, conforme ilustrado na Figura 3, que é a “vantagem competitiva baseada na produção”, conforme segue:

 Qualidade: fazer certo as coisas, com o foco no atendimento ao cliente externo e um aspecto interno que lida com a estabilidade e a eficiência da organização;

 Rapidez: significa quanto tempo os consumidores precisam esperar para receber seus produtos ou serviços. A rapidez neste contexto significa também a rapidez nas operações internas, com a rapidez na tomada de decisões, movimentação de materiais e das informações internas da operação, com benefícios complementares, como: redução de estoques e redução de riscos financeiros.

 Confiabilidade: significa fazer as coisas em tempo para os consumidores receberem seus bens e serviços quando forem prometidos, nos qual pode ser julgado somente após o produto ou serviços ser entregue. A confiabilidade pode ser classificada como externa e interna, no qual a confiabilidade é observada 33

entre operações nos postos de trabalho, na entrega pontual de materiais e informações;

 Flexibilidade: onde a empresa deve ser capaz de mudar a operação de alguma forma. Permite alterar o que fazer, como fazer e quando fazer;

 Custo: o custo é o último objetivo a ser coberto, principalmente para as empresa que competem diretamente em preço.

O custo é afetado por todos os outros objetivos de desempenho e cabe à empresa criar maneiras de identificar e proporcionar um equilíbrio entre os objetivos segundo seus critérios.

Figura 3 – Diferentes fatores competitivos implicam diferentes objetivos de desempenho. Fonte: Slack et al (2006).

Segundo Terry Hill (SLACK et al, 2006; DAVIS, AQUILANO e CHASE, 2001), as empresas precisam determinar a importância dos fatores competitivos nos seus negócios. Existem os fatores “ganhadores de pedido” e os “qualificadores”. Os critérios ganhadores de pedido são

Habilidade de mudar a quantidade ou o prazo de entrega dos produtos

e serviços

Flexibilidade (volume e/ou entrega) Ampla gama de produtos e serviços Flexibilidade (mix ou composto de

produtos) Produtos e serviços inovadores Flexibilidade (produto/serviço)

Entrega confiável Confiabilidade

Entrega rápida Rapidez

Qualidade alta Qualidade

Preço Custo

FATORES COMPETITIVOS Se os consumidores valorizam estes...

OBJETIVOS DE DESEMPENHO Então a operação precisará ser excelente nestes...

os que direta e significativamente contribuem para a realização de um negócio, para conseguir um pedido. São considerados razões-chaves para comprar o produto ou o serviço. Os critérios qualificadores são aqueles que não ganham pedidos, mas se estiverem em um nível muito baixo podem provocar uma perda de clientes e impedem a conquista de novos.

Davis, Aquilano e Chase (2001), conforme ilustrado na Figura 4, definem como “objetivo de desempenho” as “prioridades competitivas”, conforme segue:

 Custos: dentro de cada mercado, costuma haver um segmento que compra estritamente com base em custo baixo, usando como fator determinante para fazer a compra. As empresas que adotam esta estratégia costumam traçar seus objetivos focados na produção e comercialização de grandes volumes de produção;

 Qualidade: a qualidade pode ser dividida em duas categorias: qualidade do produto e do processo. O nível de qualidade na elaboração de um produto irá variar com relação ao mercado específico de que ele almeja atender;

 Entrega: outra parte do mercado considera importante a velocidade de entrega como fator determinante da decisão de compra. A habilidade de uma empresa em fornecer entregas rápidas e consistentes permite a cobrança de um preço-prêmio por seus produtos;

 Flexibilidade: flexibilidade refere-se a habilidade de uma empresa oferecer uma ampla variedade de produtos a seus clientes. A flexibilidade é também uma medida da rapidez com que uma empresa pode converter seu processo a partir de uma linha antiga de produtos para uma nova;

 Serviço: estando os ciclos de vida cada vez mais curtos, os produtos tendem a ficar muito parecidos com os da concorrência. Para obter vantagem competitiva, as empresas estão oferecendo “valor agregado” em forma de serviços para os clientes, de maneira que possam ser diferenciar da concorrência.

Figura 4 – A linha do tempo para estratégias de produção. Fonte: adaptado de Davis, Aquilano e Chase (2001).

Para Herrmann (2008), são os objetivos clássicos da produção: custo, tempo (entrega), qualidade e flexibilidade, e o senso de produção enxuta é uma maneira de atingir estes objetivos. Ainda, segundo Herrmann (2008), outro objetivo importante que começa a ganhar relevância: o meio-ambiente. Para Fleischer et al (2008), estes objetivos clássicos da produção são denominados de Indicadores Chave de Performance: flexibilidade, qualidade, lead time, custos, produtividade. Dentre os autores citados, existem alguns fatores de competitividade em comum, conforme destacado na Figura 5. Flexibilidade, Qualidade e Custos aparecem entre todos os fatores citados.

LINHA DO TEMPO:

1950 1960 1970 1980 1990

Minimização

de custos Minimização de valor Tecnologia baseada na manufatura Tecnologia baseada na informação PRIO R IDADE COMPET IT IVA CUSTOS QUALIDADE FLEXIBILIDADE ENTREGA SERVIÇOS 2000 ... 36

Figura 5 – Critérios de competitividade das empresas.

Desta forma, as empresas buscam ampliar os critérios de competitividade para atingir mercados em um ambiente complexo. Para isso, torna-se necessário desenvolver um sistema produtivo que possa atingir estes objetivos e a Manufatura Enxuta (ME) aparece como uma alternativa interessante para atender critérios de competitividade mundiais.

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