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Germinação de sementes

GERMINAÇÃO DE SEMENTES

4.5. FATORES QUE AFETAM A GERMINAÇÃO

1.6.2. Fatores externos

Os fatores do ambiente que influem sobre o processo germinativo são: água, temperatura e oxigênio. Várias são as literaturas sobre fisiologia

da germinação de sementes que incluem o fator luz juntamente aos mencionados anteriormente. Sabe-se, portanto, que a luz é um dos agentes naturais de superação de dormência de sementes de algumas espécies e que, sobre o processo germinativo propriamente dito, não exerce nenhum efeito. Em sementes sensíveis à luz, depois da superação da dormência por ação desse fator, ou outro qualquer, a germinação ocorrerá tão bem no escuro como na presença da luz.

1.6.2.1. Água

A água é o fator de maior influência sobre o processo de germinação. A sua falta ocasiona desidratação das sementes. Por outro lado, o excesso de umidade pode provocar decréscimo na germinação, por impedir a penetração do oxigênio. O fornecimento de água é condição fundamental para que a semente inicie e desenvolva normalmente o processo de germinação. O aumento das atividades respiratórias da semente, em nível capaz de sustentar o crescimento do embrião, com o fornecimento suficiente de energia e de substâncias orgânicas, depende do grau de hidratação de seus tecidos.

Havendo condições favoráveis, o processo de embebição, para a maioria das sementes, ocorre segundo um padrão trifásico (Figura 4.4). A primeira fase (Fase I), conhecida como embebição, é rápida, durando uma a duas horas, sendo um processo físico que ocorre devido à diferença de potencial hídrico entre a semente e o meio. Essa absorção de água ocorre mesmo que a semente esteja dormente (excluindo a impermeabilidade do tegumento à água) ou inviável (BEWLEY& BLACK, 1994).

Na fase II ocorre intenso transporte das substâncias quebradas na fase I, do tecido de reserva para o tecido meristemático. Na fase III, as substâncias que foram transportadas na segunda fase se reorganizam para a formação da parece celular, permitindo que o eixo embrionário se desenvolva.

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Figura 4.4. Padrão trifásico de absorção de água por sementes em

germinação (BEWLEY & BLACK, 1978).

Segundo Bewley & Black (1978), a rapidez de absorção de água pela semente está na dependência dos seguintes fatores: Espécie – relacionada principalmente com a composição química das sementes (quanto maior o conteúdo de proteínas, mais rapidamente a semente absorveria água); Disponibilidade de água – Quanto maior a quantidade de água disponível para as sementes, mais rápida será a absorção; Área de contato – A semente absorve água do solo pela casca. Fica, então, óbvio que, quanto maior for à área de contato entre o solo e a casca, mais rápida deve ser a absorção; Temperatura – a temperatura na qual a semente está se embebendo de água exerce um efeito considerável sobre o processo: até certo limite, quanto maior a temperatura, maior a velocidade de absorção.

A embebição resulta num processo de reidratação dos tecidos e, consequentemente a intensificação de todas as outras atividades metabólicas. Essa entrada de água desempenha basicamente duas funções: a primeira é uma função física em que vai provocar o aumento da semente fazendo com que casca de rompa. Esse rompimento facilita a manifestação das estruturas internas da semente. Outra função da água é a função química. Através dela pode-se quebrar os nutrientes na fase I (Figura 4.4) para que mais tarde venha a nutrir o embrião. Caso a embebição ocorra de forma abrupta, a semente pode vir a perder nutrientes, fazendo com que

retarde a germinação ou até mesmo, não ocorra.

1.6.1.1. Temperatura

A temperatura em que ocorre a germinação é outro fator que tem importante influência sobre o processo, tanto quanto considerado do aspecto de germinação total como de velocidade de germinação. A temperatura influencia a germinação tanto por agir sobre a velocidade de absorção de água, como também sobre as reações bioquímicas que determinam todo o processo.

Assim, a germinação só ocorrerá dentro de determinados limites de temperatura: acima ou abaixo dos limites superior e inferior, respectivamente, a germinação não ocorrerá. Dentro desses limites existe uma temperatura, ou faixa de temperaturas, na qual o processo ocorre com a máxima eficiência, ou seja, obtêm-se o máximo de germinação no menor período de tempo possível. Geralmente, três pontos críticos podem ser identificados:

- Temperatura mínima – é aquela abaixo da qual não há germinação visível

em período de tempo razoável;

- Temperatura máxima – é aquela acima da qual não ocorre a germinação e - Temperatura ótima – é aquela na qual ocorre o número máximo de

germinação dentro do menor período de tempo.

A maioria das sementes de espécies cultivadas germinam sob limites relativamente amplos de temperatura, enquanto que outras apresentam exigências mais restritas. Em geral, a temperatura considerada ótima para cada espécie está situada sempre mais próxima da temperatura máxima. A soja, por exemplo, pode germinar de ±8°C a ±40°C, mas sua temperatura ótima está situada entre os 25 e 30°C.

1.6.1.2. Oxigênio

A degradação das substâncias de reserva da semente para o fornecimento de nutrientes e energia para o desenvolvimento do eixo

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embrionário é um processo de “queima” desses produtos, no qual o combustível é o mesmo de todos os processos biológicos, tanto no reino vegetal como no animal: o oxigênio. O oxigênio é, portanto, outro fator fundamental para que a germinação ocorra.

Existem sementes cujos tegumentos são tidos como impermeáveis ao oxigênio ou ao gás carbônico e, não havendo trocas gasosas, as sementes não conseguem germinar. O oxigênio é necessário para a promoção de reações metabólicas importantes na semente, especialmente a respiração. Ainda que a respiração nos primeiros momentos da germinação seja em geral anaeróbica, logo em seguida ela passa a ser absolutamente dependente de oxigênio. A respiração da semente é também afetada por diversos outros elementos, tais como o tipo de tegumento, o teor de água, a temperatura, a concentração de CO , a dormência e alguns fungos e 2

bactérias. Antes que a radícula rompa o tegumento, as reações ocorrem em meio anaeróbico. Na primeira fase de absorção de água, o oxigênio não é fator limitante, sendo-o, entretanto para a emergência da radícula, isto é, a dependência de respiração aeróbica inicia-se na segunda fase de absorção de água (BORGES & RENA, 1993).

1.6.1.3. Luz

Existe grande variação na resposta das sementes à luminosidade; a germinação das sementes de algumas espécies é inibida pela luz, enquanto que em outras a germinação é estimulada; algumas germinam com extensa exposição à luz, outras com breve exposição e outras se apresentam indiferentes à luminosidade.

Na germinação de sementes sensíveis à luz, deve-se levar em conta, também que a sensibilidade das sementes ao regime luminoso pode ser alterada por vários fatores como, temperatura, idade das sementes, condição de armazenamento, tratamento para superação de dormência e condição de cultivo da planta. A luz pode ser considerada um fator importante na quebra de dormência em sementes. Os efeitos da luz na quebra de dormência podem ser dependentes da temperatura (FERREIRA & BORGHETTI, 2004).

REFERÊNCIAS

BEWLEY, J. D.; BLACK, A.M. Physiology and biochemistry of seeds in

relation to germination. New York: Springer-Verlag, v.1, 1978. 306p.

BEWLEY, J. D.; BLACK, A.M. Seeds – Physiology of development and

germination.New York: Plenum Press. 2ª ed., 1994. 445p.

BORGES, E. E. L.; RENA, A. B. Germinação de sementes In: AGUIAR, I. B.; PIÑARODRIGUES, F. M. C.; FIGLIOLIA, M. B. (Coord.). Sementes

florestais tropicais.Brasília: ABRATES, 1993. P.83-135.

CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e

produção. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras

para análise de sementes. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília:

Mapa/ACS, 2009, 398 p.

FERREIRA, G. A.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao

aplicado. Porto Alegre:Artmed, 2004. P. 131-132.

MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: Fealq, 2005. 496p.

MARCOS FILHO, J. Germinação de sementes. In: Semana de atualização em produção de sementes. Piracicaba: Fundação Cargill, 1986. P.11-39.

McDONALD, M.B.; SULLIVAN, L.; LAUER, M.J.The pathway of water uptake in maize seeds.Seed Science and Technology, v.22, n.1, p.79-90, 1994.

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