• Nenhum resultado encontrado

6.4 Análise, interpretação e discussão das categorias

6.4.2 Tecnologia e/ou serviço acessível à pessoa com deficiência

6.4.3.3 Fatores Motivacionais/Barreiras

Mesmo o bibliotecário sendo o responsável por realizar a gestão da sua carreira, sabe-se que fatores motivacionais tendem a exercer um forte efeito nos sujeitos para estes darem prosseguimento ou não à sua formação continuada.

Os profissionais, cada um a sua maneira, e com seus objetivos, dão continuidade na aquisição de conhecimento, seja para aplicar ao trabalho no seu dia a dia, ou para aprofundar em algum assunto que não conheçam ou dominem, ou também para ter retorno da Instituição. A afirmativa está embasada nas falas de vários profissionais, como os bibliotecários B1, B5, B7, B8.

A gente tem sempre que buscar conhecimento. [...] o bibliotecário de referência na minha opinião, é condição obrigatória ele saber pelo menos a língua inglesa (B1, 2015).

No geral é a pessoa querer mesmo se capacitar e buscar estas questões. Porque hoje em dia tem muito curso online, gratuito, tem palestras que te abrem algum campo. Participar de eventos na área que mostram a prática do dia a dia (B4, 2015).

Então, são demandas do trabalho. Agora eu quero me especializar, voltar a fazer cursos de inglês, porque eu dou muito treinamento e a maioria sempre é em inglês [...] (B5, 2015).

Vontade de estar sempre em busca de novos conhecimentos, vontade de me superar, vontade de conhecer coisas novas, de estar atualizado. [...] buscando o novo (B7, 2015).

O que favorece são políticas de progressão, de salário pra quem estuda. Eu acho que a falta dessas políticas pode ser um obstáculo (B8, 2015).

Os motivos para o bibliotecário continuar ou não no processo de aprendizagem podem ser positivos ou negativos. Do ponto de vista positivo, visualiza-se nas falas dos profissionais: a busca de conhecimento para aplicar no seu trabalho, o usuário, situações no dia a dia que deixaram a desejar no atendimento. São aspectos presentes nas falas dos entrevistados, e que os motivam na sua formação continuada.

Para dar um atendimento melhor, você saber dialogar melhor, ter mais argumentos para ajudar nas pesquisas [...] Na biblioteca, a gente sempre tem que buscar conhecimento, porque chega um lá (usuário) com um assunto novo aí você fala assim, eu nunca vi, não conheço esse assunto [...]. Então a gente tem que correr atrás e se informar sempre (B1, 2015).

Acho que tem que ocorrer uma empatia [...]. É sentir empatia com o próximo nesse sentido e buscar a formação. [...] eu não pensaria muito no viés de me capacitar para receber algo em troca. Então se você começa a reconhecer de uma forma a englobar você vai querer (capacitar) e se te ofertarem você vai querer lógico. Se o sistema promover o curso de capacitação a maioria das pessoas deve querer (B3, 2015). Vontade de estar sempre em busca de novos conhecimentos, vontade de me superar, vontade de estar atualizado, buscando o novo (B7, 2015).

Quanto às barreiras que impedem ou limitam o bibliotecário para realizar a formação continuada depara-se nas falas dos profissionais com a acomodação, questões financeiras, e idiomas conforme trechos das falas a seguir.

As pessoas se acomodam. Passei em um concurso, estou ótimo, não preciso fazer muita coisa. Mas tem tanta coisa para você aprender, o mundo lá fora está se movimentando, e as pessoas estão paradas sentadas nas suas cadeirinhas, sem fazer nada [...] (B5, 2015).

Eu penso que podem ser questões financeiras, por exemplo, questões de conhecimento de outro idioma [...]. Mas cada pessoa tem um problema, não posso por isso ou por aquilo. Talvez até a oferta naquilo que a pessoa tem interesse e não tem oferta daquilo que ela quer (B2, 2015).

Outros aspectos estão presentes nas falas dos bibliotecários, outros possíveis fatores que impedem a sua formação continuada são a idade, família, cansaço, proximidade da aposentadoria, problemas particulares, falta de tempo por estarem envolvidos com outras atividades, e a falta de oportunidade.

Por falta de tempo mesmo, as tarefas cotidianas demandam tanto tempo da gente, que acaba sendo mais um curso (B6, 2015).

[...] talvez por falta de oportunidade a vida da gente é muito corrida [...] Nos últimos 10 anos, vamos dizer assim, eu tenho tido problemas de saúde [...]. Fica difícil assumir mais responsabilidades. Temos que fazer escolhas não é? (B2, 2015).

Na análise desta subcategoria, as justificativas dos bibliotecários quanto à sua motivação e as dificuldades para sua qualificação profissão são questões muito subjetivas dos

sujeitos. O dia a dia desse profissional, sua vida particular, implica nas escolhas de continuar ou não na sua formação continuada.

Eu entendo que a universidade funciona com um corpo de bibliotecários, um corpo técnico. E a gente observa. Nós temos interesses diferentes. Alguns fazem especialização em uma determinada área, outros mestrado em determinada área. Então alguns vão estar mais voltados para uma área [...] Então acho que... não seria uma demanda tão pequena formar um bibliotecário para esse tipo de atendimento? (B8, 2015).

A fala de B8 mostra que há profissional que não se sente tocado com a capacitação em assuntos de educação inclusiva devido ao fato de suas situações de trabalho não incluírem quantitativamente pessoas com deficiência que justifiquem a formação continuada na área investigada.

Destaca-se que a sociedade inclusiva necessita de um profissional flexível, que esteja apto a atuar em circunstâncias diversas, o que lhe exigirá conhecimentos específicos para sua atuação. O B8 tem a percepção de que há colegas de trabalho preparados para este tipo de trabalho, mas, infelizmente seu pressuposto não se concretiza.

Pensando em uma equipe, em um corpo de bibliotecários, eu acho que vão ter pessoas voltadas para áreas diferentes. E acredito que essa área da inclusão tem pessoas que estão voltadas para esta questão no quadro de bibliotecários da UFMG (B8, 2015).

Considerando as experiências durante a coleta de dados, reflete-se que o pressuposto do B8 não se concretiza devido ao desconhecimento do número de alunos deficientes matriculados na UFMG, e quais deficiências possuem; pelos bibliotecários não conviverem com pessoas deficientes, ou mesmo por focar seu aprendizado em questões que os satisfaçam subjetivamente; por que o bibliotecário que atua no serviço de referência não percebeu ainda mais um segmento de atuação no qual ele tem um importante papel social e que precisa atentar para questões de mediação para que ocorra a transferência de informações, treinamento e educação do usuário, independente de suas características físicas, ou comportamentais, no acesso aos produtos e ao serviço de uma biblioteca.

É necessário que o profissional entenda que “é a sociedade que define o papel do bibliotecário. Se o bibliotecário tem compromisso para com a sociedade, [...] este papel será bem desempenhado quando aquele profissional integrar-se plenamente ao sistema político-

social” (ARAÚJO, 1985, p. 117).

Considera-se, com base na análise da presente categoria Formação Profissional que “[...] o bibliotecário, necessita de educação, formação e conhecimento de problemas

educativos, culturais e sociais pertinentes à sua área de atuação” (FACHIN; HILLESHEIM;

MATA, 2004, p. 59).