• Nenhum resultado encontrado

SEDE BNB

4 A PROPOSTA: DOS FATORES DE DESEMPENHO À DEFINIÇÃO DO PARTIDO E DA SOLUÇÃO ARQUITETÔNICA FINAL (ANTEPROJETO)

4.3 A PROPOSTA: DA DEFINIÇÃO DO CONCEITO AO MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO

4.3.2 Os Fatores de desempenho energético aplicados ao projeto

4.3.2.3 Fatores Ocupacionais

De acordo com os fatores de desempenho selecionados para este trabalho, destacados na Figura 39, os fatores ocupacionais utilizados para a projetação do CTSIFRN não incluíram o número e natureza dos equipamentos. Os fatores relacionados ao período de ocupação, número de pessoas e atividades desenvolvidas já foram citados no item 4.1.3 desta dissertação.

Os estudos de referências realizados muito contribuíram para a projetação do CTSIFRN quanto ao fator ocupacional. Apesar de ter sido um estudo indireto, o Centro de formação de educadores de São Caetano do Sul (item 3.1.3) foi o primeiro a ser estudado e trouxe muitas contribuições em relação aos ambientes disponíveis de acordo com as atividades ali desenvolvidas. Já o CEMURE (item 3.2.1) e o Centro de formação de educadores Paulo Freire (item 3.2.2), por terem sidos estudos diretos, possibilitaram a verificação e análise do uso de centros de treinamento para servidores da área de educação em pleno funcionamento. Essas visitas permitiram apreender como se processa o uso de ambientes para aulas, palestras e cursos, os seus períodos de ocupação e o número de pessoas e de atividades desenvolvidas em cada ambiente. Tanto o CEMURE quanto o Centro Paulo Freire possibilitaram a descoberta da necessidade de salas diferenciadas para cursos sobre a qualidade de vida do servidor, o que não havia sido pensado até a realização destes. O CTSIFRN terá essa sala de forma que, quando nela não estiver ocorrendo aulas práticas e/ou laborais sobre qualidade de vida, o espaço possa ser utilizado para aulas normais.

4.3.2.4 Da Edificação

O terreno disponível para a edificação aqui em questão, como já dito anteriormente, era limitado e a edificação tornou-se compacta em vez de alongada (item 4.3.2.1). Fizeram- se então modificações na envoltória de forma a ter-se uma maior área de fachadas o que se tornou mais adequado para um melhor desempenho em relação à ventilação cruzada e controle da insolação através da correta orientação.

Como já mencionado anteriormente na análise teórica deste trabalho, a solução aqui proposta para o Centro de Treinamento tentou observar o seguinte: redução da transmitância térmica das paredes, janelas e coberturas; uso de proteções solares em aberturas; uso de cores claras no exterior (reduz ganhos por radiação); Emprego da ventilação cruzada sempre que possível; evitar ambientes sem contato com o exterior, pois não podem explorar a luz e ventilação naturais.

Os materiais a serem empregados nas envoltórias, paredes e cobertura, tiveram como princípio norteador os parâmetros estabelecidos pela RTQ-C, indicações de estratégias bioclimáticas para a Z-8 da NBR 15.220-3 e NBR 15.575 para a transmitância térmica (Tabela 11). Nos fechamentos opacos (paredes), utilizou-se a alvenaria convencional com tijolos cerâmicos de oito furos com reboco (tijolos 10x20x20cm) e espessura total da parede de 15 centímetros, o que apresenta pela NBR 15.220, uma transmitância térmica de 2,24w/m²K que é um valor aceitável como nível A no RTQ-C (Tabela 3). Para a cobertura, optou-se pelo uso de telha termoacústica, tipo sanduíche (duas camadas de telha metálica, intercaladas por uma de poliestireno expandido), com pintura na cor branca, com transmitância térmica de 0,90 W/m²k.

Tabela 11 – Índices de Transmitância Térmica

ENVOLTÓRIA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA (W/m².K)

MATERIAL

ESPECIFICADO RTQ-C (nível A) NBR 15.220-3 NBR 15.575

PAREDE 2,24 2,50 3,60 2,50

COBERTURA 0,90 1,00 2,30 1,00

Na cobertura, existirão calhas em alvenaria impermeabilizadas e rufos. Diante do volume de instalações existentes em um edifício desse porte e de sua extensão foi reservado um trecho de laje impermeabilizada, denominado de área técnica, para a instalação de equipamentos na cobertura (volume 02, pranchas 06 e 07/12).

Quanto às aberturas, foram analisados a orientação das mesmas, as dimensões e foram utilizados protetores solares externos.

As dimensões das esquadrias seguiram primeiramente o código de obras do município de São Gonçalo do Amarante8: Para os compartimentos de permanência prolongada a superfície da abertura voltada para o exterior, destinada à insolação, ilu i aç o e ve tilaç o, o pode se i fe io a / u sexto da ea do o pa ti e to e ... ua do se t ata de o pa ti e tos de pe a ia t a sit ia, de / u oitavo . Sabe-se também que segundo a NBR 15.220/2003, a orientação é que para a zona bioclimática 8, as aberturas devem ser grandes e com isso a área para ventilação deve ser maior que 40% da área de piso do ambiente. Porém, de acordo com a NBR 15.575/2013 (CBIC, 2013, p.152), tem-se o indicado na Figura 86.

Figura 86 – Orientação quanto à abertura para ventilação segundo a NBR 15.575/2013

Fonte: CBIC (2013, p.152)

8 O código de obras do município de São Gonçalo do Amarante/RN encontra-se disponível em http://www.saogoncalo.rn.gov.br/legislacao/Codigo_de_Obras/Lei_Complementar_052_18.09.2009_Codigo_de _Obras.pdf

Contudo, a NBR 15.220 é direcionada a habitações de interesse social e a NBR 15.575 é para edificações habitacionais de até cinco pavimentos o que torna essa segunda norma com o objeto mais aproximado do CTSIFRN. Assumiu-se, portanto a postura indicada na NBR 15.575 para o cálculo do dimensionamento de suas esquadrias, onde as mesmas devem ter área maior ou igual que 8% da área de piso (Região Nordeste).

Para todos os ambientes foi feito o cálculo de acordo com o exposto na Figura 86. A título de exemplo, destaca-se aqui uma sala de aula do CTSIFRN, com 50,76m² de área, onde se calculando pela NBR 15.575, a mesma teria que possuir 4,06m² de área de ventilação (8% da área de piso). A área de ventilação indicada na Figura 87 abaixo totaliza 1,70m² por esquadria. Como o ambiente possui uma quantidade de três dessas esquadrias, tem-se uma área total de ventilação de 5,10m² de área, o que já atende a norma citada, sem contabilizar as esquadrias altas que se localizam voltadas para a circulação interna da edificação, neste mesmo ambiente.

Figura 87 – Área de ventilação por esquadria

Fonte: Autora (2014)

Quanto aos protetores externos, o item 4.3.2.2 já indicou as soluções adotadas visando a diminuição de entrada de carga térmica para o interior dos ambientes. Os beirais serão executados em concreto armado, assim como as proteções nas extremidades laterais de algumas destas esquadrias. Os brises utilizados serão metálicos da HunterDouglas,

modelo Aeroscreen fixo com padrão liso de perfuração para as lâminas e na cor cinza. Estes tem uma transparência e por isso permitem aos usuários da edificação ter a visão do exterior da mesma.

Em relação ao uso de cores claras no exterior, esclarece-se aqui o uso de cores como o ocre e o azul espacial por serem as cores da instituição. Contudo, procurou-se utilizar essas cores apenas em detalhes de forma que não prejudicasse aumentando os ganhos térmicos por radiação.

O emprego da ventilação cruzada já foi comentado no item 4.3.2.2 acima. O projeto do CTSIFRN procurou evitar ambientes sem contato com o exterior, ou seja, evitou ambientes que não possuíssem contato com a luz e ventilação naturais. Essa questão em grande parte foi resolvida com a criação de um vão central com acesso a iluminação e ventilação na cobertura do edifício (pranchas 01 a 05 e 08/12 no volume II deste trabalho).

Documentos relacionados