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C. ENSAIOS TRIAXIAIS A DIFERENTES TRAJETÓRIAS 256 D CURVAS DE ISOSSUCÇÃO

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3 FATORES QUE AFETAM A COMPACTAÇÃO

Segundo Badillo e Rodríguez (1976) dentre os fatores que influenciam a compactação obtida em um caso específico, dois são os mais importantes: umidade inicial e energia de compactação. Os autores destacam que além dos fatores citados anteriormente, existem outros que em alguns casos, podem ter importância prática e não devem ser subestimados. Estes fatores são:

 Tipo de solo;

 Reutilização e secagem prévia do solo;  Tipo de compactação.

Segundo Camapum de Carvalho et al. (1987) o comportamento dos solos compactados depende dos seguintes fatores:

 Variação da energia de compactação;

 Modificação da umidade antes e depois da compactação;

 Tempo de armazenamento entre a compactação e a realização dos ensaios mecânicos.

14 Quando o solo é compactado abaixo da umidade ótima, este adquire um arranjo dos grãos semelhante ao das estruturas floculadas isso devido a predominância das forças de atração face-bordo em detrimento das forças de repulsão face-face ou bordo-bordo. Além dessas forças de natureza eletromagnéticas, existem ainda as forças de natureza adsorciva e/ou capilar que dependem diretamente da quantidade de água presente no solo. Porém, o aumento do teor de umidade desfaz essas forças atrativas e os grãos se tornam mais suscetíveis de se orientarem em consequência das tensões externas de compactação atuantes dando origem a dispersão das partículas. Essa tendência será tanto mais pronunciada quanto maior for o teor de água no solo. Assim os solos compactados tendem a apresentar estrutura floculada no ramo seco que será tanto mais pronunciada quanto menor for a energia de compactação. No ramo úmido a estrutura é tanto mais dispersa quanto maior for a umidade e a energia de compactação (Vargas, 1977). Destaca-se que os fenômenos de floculação e orientação das partículas com a variação da umidade e da energia de compactação será tanto menos marcante quanto maior for o grau de laterização do solo.

Para os solos sedimentares e solos de região temperada a literatura (Seed, 1960; Cambournac, 1966; Bouche, 1967 apud Camapum de Carvalho et al., 1987) mostra que as propriedades mecânicas evoluem com o aumento da energia de compactação passando a estrutura de estrutura floculada para estrutura dispersa. A literatura (Bouche, 1967; Seed, 1960; Lambe, 1958; Ingles & Williams, 1980; Seed & Chan, 1959, apud Camapum de Carvalho et al., 1987) mostra também a influência da umidade de compactação na pressão de expansão, na compressibilidade e na resistência dos solos.

Camapum de Carvalho et al. (1987) mostraram que pequenas variações de umidade podem provocar modificações importantes na resistência e na sucção e uma menor variação da rigidez em função da estrutura remanescente manter-se praticamente a mesma em função da pequena variação de umidade. Na compactação de corpos-de-prova em laboratório (reconstituição do campo) pequenas variações de peso específico e umidade podem afetar os resultados em proporções inaceitáveis para um estudo paramétrico de deformação (Camapum de Carvalho et al., 1987).

Deve-se conhecer o solo e suas propriedades antes de serem aplicados em obras para evitar insucessos onerosos e acidentes. Logo, é importante atentar para à influência do tipo de solo no processo de compactação. Em estudos realizados, Bernucci (1995) observou que solos lateríticos apresentam curvas de compactação geralmente com pico bem definido no peso específico aparente seco máximo, grande inclinação do ramo seco, mesmo nos tipos mais argilosos, ao contrário de solos saprolíticos.

15 Segundo Massad (2003), o reuso da mesma porção de solo na obtenção dos diversos pontos da curva de compactação pode provocar quebra de partículas, tornando o solo mais fino, ou uniformizar melhor a umidade. Por outro lado, secar e umedecer cria heterogeneidades, podendo até mudar as características do solo, quer pela aglutinação de partículas do solo, quer por transformações irreversíveis na própria estrutura dos argilo- minerais. Entende-se que a reutilização e secagem prévia do solo, por atingir a estabilidade dos agregados, devem ser evitados.

Segundo Pinto (2002) a influência da pré-secagem, para alguns solos, é considerável. A pré-secagem provoca, por exemplo: em solos areno-argilosos lateríticos, umidades ótimas menores com pouca influência no peso específico aparente seco; em solos argilosos de decomposição de gnaisse, umidades ótimas menores e peso específico aparente seco máximos maiores; em solos siltosos de decomposição de gnaisse, pouca influência na umidade, mas peso específico aparente seco máximo maior. Em estudos realizados para solos da Região Amazônica, Pessoa (2004) conclui que solos compactados utilizando-se o processo de pré- secagem não apresentam condições ideais quanto ao peso específico aparente seco e umidade que serão obtidas no campo. Apesar do ensaio sem total secagem prévia ser mais representativo, a prática corrente é fazer a pré-secagem, provavelmente pela facilidade de padronizar os procedimentos nos laboratórios.

O tipo de compactação pode provocar um gradiente de peso específico ao longo de uma camada compactada, e este fato influencia diretamente na resistência do solo. Silva et al. (1988) estudaram este fato e verificaram que o gradiente ocorre em ensaios de laboratório e campo, ou seja, deve-se encontrar a espessura da camada para minimizar este efeito.

Camapum de Carvalho et al. (1987) estudaram a influência do tempo de armazenamento entre a compactação e a realização dos ensaios mecânicos e verificaram que este intervalo de tempo tem uma influência considerável na resistência final dos corpos-de- prova.

Para obter uma boa compactação é necessário especificar o grau de compactação, a umidade do solo a ser compactado, o equipamento a ser utilizado (energia de compactação) e garantir o controle da compactação.

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