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FATORES QUE AFETAM O FUTURO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Que fatores afetarão como a educação a distância

FATORES QUE AFETAM O FUTURO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fato chegar. Certamente, há a possibilidade de que haja mais de um futuro, conforme outras formas de educação a distância para diferen- tes países e sistemas desenvolvem-se.

FATORES QUE AFETAM O FUTURO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Quatro parecem ser os fatores mais im- portantes em educação a distância a serem considerados em qualquer análise: custo, sustentabilidade, acesso e retenção.

Custo

O futuro para a educação a distância em termos de custo parece ser promissor. O mo- delo é claramente muito menos dispendioso do que a educação tradicional tanto para go- vernos, instituições e para os próprios alunos.

- Para Governos

Os ganhos que a educação a distância trazem para governos acontecem de várias maneiras: se há subsídio, os custos de uma instituição de educação a distância, tanto em capital como em custos de funcionamen- to, são possivelmente muito mais baixos do que os custos de instituições convencionais, considerando que não há necessidade de construção de instalações caras para abrigar alunos ou de comprometer alto número de funcionários para lhes dar apoio. Há ganhos para os governos, ainda que não haja subsídio

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de qualquer tipo para a educação a distância porque, ao contrário dos alunos do sistema tradicional, muitos daqueles matriculados em cursos a distância continuam trabalhan- do enquanto estudando, contribuindo com a economia tanto em termos de PIB quanto em termos de imposto de renda.

- Para Instituições de Ensino

Instituições de Ensino a distância tam- bém podem ganhar em termos de custo. Se uma instituição convencional também ofere- ce um programa a distância (ou seja, é uma instituição bimodal), conforme demonstrou Rumble (1992), o custo adicional de se oferecer o modelo a distância pode ser relativamente pequeno, comparado ao convencional –o mo- delo convencional subsidia o modelo a distân- cia. Instituições a distância com dedicação ex- clusiva (uma instituição monomodal) podem descobrir que, sem os custos relacionados à presença de estudantes em seu campus,a mo- dalidade a distância é muito menos dispendio- sa do que seu semelhante convencional.

- Para alunos

O ganho para alunos é claro na modali- dade a distância. Geralmente, as mensalidades são mais baratas e, geralmente, é possível con- tinuar a trabalhar enquanto se estuda. Esta é uma vantagem fi nanceira enorme sobre os es- tudantes do modelo convencional. No caso da Universidade Aberta do Reino Unido, a esti- mativa é que o custo dos cursos de graduação seja de apenas um quinto de uma graduação convencional. Por sua vez, isso signifi ca que o retorno do investimento educacional – a ren- da extra obtida como resultado da formação superior dividida pelo investimento aplicado na obtenção do título – é muito maior.

Ao contrário do que muitos pensam, a introdução do e-learning não tem qualquer impacto nesses cálculos. Há consenso en- tre os escritores de educação a distância que e-learning não é mais barato para nenhum dos atores mencionados acima (Rumble 2004).

Porém, apesar dessas aparentes vanta- gens da educação a distância em termos de custos, há ainda uma pedra no caminho de seu progresso, como veremos adiante.

Sustentabilidade

Pode ser surpreendente ver esse termo utilizado em um contexto educacional, mas a educação é uma atividade que precisa de energia, tão suscetível à necessidade de redu- ção do processo de aquecimento global quan- to qualquer outra indústria. Assim, foram fei- tas tentativas para estimar o consumo relativo de energia e a produção de CO2 do modelo de educação a distância comparado com o modelo convencional. Considerando que os alunos estudam predominantemente em casa e não contribuem com substancial demanda extra de energia, não surpreende que tanto a produção de CO2 quanto o uso de energia da educação a distância seja de menos de 20% daquele utilizado pelo modelo convencional (ver Figura 1).

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RBAAD – O Futuro da Educação a Distância: Que fatores afetarão como a educação a distância se desenvolverá no futuro?

Figura 1: Produção de CO2 e uso de energia comparados em educação a distância e convencional

(Roy et al, 2007)

Isso se dá apesar do custo extra, na educação a distância, da produção gráfi ca e da postagem de materiais das instituições aos alunos e vice-versa.

Supreendentemente, o e-learning não é mais sustentável do que a educação conven- cional: a energia extra gasta na manutenção de computadores e Internet compensam a economia de energia e gastos com postagem.

Porém, mais uma vez, há uma pedra no caminho da educação a distância, que vamos endereçar em breve.

Acesso

Uma das grandes e imediatas vantagens da educação a distância foi, originalmente, a forma com que tornou oportunidades edu- cacionais disponíveis para uma parcela po- pulacional que a educação convencional não atingia. Estudantes em comunidades remotas, impossibilitados de estudar em tempo inte- gral ou de deslocamento limitado devido à inabilidade física, alunos de baixo poder aqui- sitivo e, talvez até principalmente, mulheres,

todos se benefi ciaram da possibilidade de estudar em casa, a seu próprio tempo, sem a necessidade de se deslocar até um local fi xo. Até internos em penitenciárias podiam estu- dar. Tudo que era necessário era um endereço e, talvez, nem isso: há um relato de um sem- -teto na Inglaterra que estudou, utilizando o endereço de uma lavanderia local para a correspondência.

Esse nível de acesso certamente deve ter contribuído para o rápido crescimento da educação a distância nos últimos trinta anos, provavelmente tornando-se a área da educa- ção de mais rápida expansão global.

Porém, há um problema, aparente- mente ignorado por alguns educadores do sistema a distância, que limita esse sucesso: o crescimento das instituições dedicadas ao e-learning. Existe um número crescente de ins- tituições que oferecem opções acessíveis ape- nas através da Internet, como a Universidade Aberta do Reino Unido. Esse tipo de institui- ção, portanto, exclui alunos em potencial que não têm acesso à Internet. É fácil para que o

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os funcionários de uma instituição como essa, largamente formada for integrantes da classe média, assumam que praticamente todas as pessoas tenham acesso à Internet. Mas até em economias altamente desenvolvidas, como a do Reino Unido, esse nem sempre é o caso: aproximadamente 25% da população britâni- ca não tem acesso à Internet de banda larga em casa.

Ainda que alguns consigam utilizar cybercafés, bibliotecas e outros, não está claro que esses níveis de acesso são sufi cientes para a realização de um curso exclusivamente via Internet. É importante notar que a ausência de acesso à Internet é, invariavelmente,mais concentrada naquelas parcelas da população em maior desvantagem econômica e educa- cional, o que contribui, portanto, para o fe- nômeno da exclusão digital – a marginaliza- ção daquela parte da população que não tem acesso à rede mundial de computadores e seus benefícios.

Se este é o caso em uma sociedade al- tamente desenvolvida, essa exclusão é mais marcante em sociedades em desenvolvimen- to, como o Brasil e a China, onde o acesso à Internet pode estar restrito a apenas 30% da população. A exclusão é ainda mais marcan- te em países da África, onde o acesso é dis- ponível para menos de 10% da população. Certamente, o advento do smartphone está mudando o acesso à Internet e já se estima que mais pessoas acessem a rede através de dispositivos móveis do que usando computa- dores. Mas ainda não está claro como este tipo de acesso pode ser utilizado para o estudo.

Por fi m, há aquela pedra no caminho da educação a distância – a pedra da retenção e desistência.