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1.7.1 Fator nuclear kappa B – NfkB

A família de fatores de transcrição NfkB é composta por cinco membros altamente conservados: NfkB1 (p50/102), NfkB2 (p52/p100), RelA/p65, RelB e c-Rel. Estas proteínas formam homo e heterodímeros que regulam a expressão de aproximadamente400 genes alvos, atuando em processos como: resposta imune, sobrevivência celular, apoptose, proliferação celular, plasticidade sináptica e memória (BRADFORD; BALDWIN, 2014). Defeitos nas vias de ativação de NfkB corresponde a um dos fatores que desencadeiam várias doenças, incluindo doenças autoimunes, neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, diabetes, asma, aterosclerose e câncer (BRADFORD; BALDWIN, 2014; HAYDEN; GHOSH, 2014; SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016).

Em células em repouso, NfkB se encontra no citoplasma, na sua forma inativa, ligado a um de seus inibidores, que incluem IkBα, IkBβ, IkBγ, p105 e p100, dentre os quais IkBα é a mais abundante. O complexo NfkB/IkB é ativado através da fosforilação em dois resíduos de serina bem conservados na porção N-terminal de proteínas IkB, quando isso ocorre NfkB é translocado para o núcleo onde se liga ao DNA para regular

45 a expressão de seus genes alvos. Dentre os genes regulados por NfkB estão: genes codificadores de citocinas (tais como, TNF, IL-1, IL-6, IL-8), de quimiocinas, COX-2, iNOS, moléculas de adesão, proteínas reguladoras do ciclo celular e fatores angiogênicos (SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016). A ativação é induzida por uma variedade de agentes, incluindo estresses, vírus, bactérias, estímulos inflamatórios, citocinas, radicais livres, agentes carcinogênicos e endotoxinas (BRADFORD; BALDWIN, 2014). A figura 11 ilustra as vias pelas quais NfΚB pode ser regulada, que são basicamente de duas formas: via canônica e via não canônica.

Figura 11: Vias canônicas e não-canônicas de NfΚB. A regulação do fator de transcrição ocorre por

duas vias distintas: (I) a via canônica, na qual a ativação acontece por meio de estímulos com substâncias como LPS e citocinas; (II) e a via não-canônica, onde a ativação ocorre por fator de ativação de células B (BAFF), proteína CD40 e ligantes do receptor de linfotoxina beta (LTβ-R) (Fonte: BRADFORD; BALDWIN, 2014).

46 Na via de sinalização canônica o heterodímero RelA/p50 se encontra inativo em situações de repouso, permanecendo ligado a proteína inibidora IΚB, a qual age bloqueando a sequência de ligação nuclear e, dessa forma, inativando o heterodímero. Sob condições de estímulo, tais como exposição a LPS e citocinas como IL-1β e TNF, a cascata de sinalização é ativada promovendo a ubiquitinação da proteína IΚΚBα e induzindo a sua degradação no proteassoma 26S. Deste modo, o heterodímero, agora na sua forma livre, está apto para ser translocado ao núcleo e se ligar a sítios ΚB dentro de regiões reguladoras e promotores de genes envolvidos na regulação da apoptose, resposta imunológica e proliferação celular (BRADFORD; BALDWIN, 2014; SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016).

A via não canônica, por sua vez, é controlada pela regulação do complexo IΚΚBα com o heterodímero p52-Relb e ocorre durante o desenvolvimento de órgãos linfoides responsáveis pela geração de células B e linfócitos T (SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016). Essa via é ativada por fator de ativação de células B (BAFF), proteína CD40 e ligantes do receptor de linfotoxina beta (LTβ-R) que ativam a quinase indutora de NFkB (NIK), a qual fosforila e ativa o homodímero de IΚΚBα, promovendo a fosforilação e consequente processamento proteolítico do precursor p100 a p52. A partir de então, o heterodímero livre Relb- p52 pode entrar no núcleo e promover a transcrição de uma variedade de genes envolvidos na homeostase das células B, bem como desenvolvimento e diferenciação celular (Figura 11) (BRADFORD; BALDWIN, 2014; SERASANAMBATI; CHILAKAPATI, 2016). Em virtude do seu envolvimento na regulação de uma variedade de processos, incluindo a resposta imunológica, NFkB é considerado um importante alvo em pesquisas que visam a obtenção de tratamento para doenças inflamatórias e autoimunes, por este motivo, no presente estudo, avaliamos a capacidade de modulação dos extratos de P. volubilis sobre a expressão de NFkB.

1.7.2 MAPK

Em conjunto com a ativação do fator de transcrição NFkB, a ativação de proteíno-quinases ativadas por mitógenos (MAPK) também constitui uma via de regulação chave na resposta imunológica contra agentes patogênicos ou danos teciduais (ARTHUR; LEY, 2013). Na superfície de células imunes, como macrófagos e células dendríticas (CD), são expressos receptores chamados de receptores de

47 reconhecimento padrão (PRRs), os quais reconhecem componentes microbianos invariantes, denominados padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs). Esse reconhecimento leva a ativação do sistema imune inato, induzindo a expressão de diversos genes que são responsáveis por codificar proteínas que estão envolvidas diretamente na eliminação do patógeno como, por exemplo, peptídeos antimicrobiano, iNOS, citocinas e quimiocinas, que promovem o recrutamento de outras células imunes adicionais (ARTHUR; LEY, 2013).

Macrófagos expressam diferentes classes de PRRs, incluindo receptores Toll- like (TLRs), receptores RIG-I-like (RLRs), receptores tipo NOD (NLRs) e receptores de lectina tipo C (CLRs). Embora os mecanismos de sinalização do receptor-proximal variem, todos esses PRRs ativam as vias de MAPK e NFkB, e por este motivo essas duas vias são de fundamental importância para o desencadeamento de uma resposta imune, sendo, portanto, alvos para tratamento de desordens de caráter inflamatório (ARTHUR; LEY, 2013).

Em células de mamíferos, 14 MAPKs já foram descritas, dentre as quais as quinases ativadas por sinal extracelular (ERK1 e ERK2), p38a e c-jun N-terminal quinase (JNK1 e JNK2) têm sido extensivamente estudadas no contexto da resposta imunológica (ARTHUR; LEY, 2013; SABIO; DAVIS, 2014).

Diante do exposto, a presente pesquisa visa subsidiar a busca por novos agentes terapêuticos que modulem a resposta inflamatória, propiciando uma alternativa para o tratamento de desordens inflamatórias. Plukenetia volubilis compreende uma fonte promissora de fitoquímicos biologicamente ativos, como mostrado em estudos anteriores. Foi demonstrado que seu perfil fitoquímico é constituído por polifenóis, flavonoides, terpenos e saponinas, assim como foram relatadas as atividades antioxidante e antiproliferativa dos seus extratos.

Esta planta possui alto valor nutricional e terapêutico, além de existirem relatos etnobotânicos de sua utilização popular no tratamento de lesões na pele e na alimentação de tribos indígenas. Por estes motivos, os estudos com esta espécie merecem atenção especial no sentido de comprovar cientificamente sua utilização popular, bem como, com o intuito de, no futuro, utilizá-la no desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos.

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