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3. APROPRIAÇÕES DA AVENTURA VIVIDA

3.1. Fatos destacados durante a aventura vivida

Como fatos, entendemos uma série de destaques feitos pelos alunos no decorrer do bimestre ou na vivência final, que incluem discussões como organização didática das aulas, e a explicitação de acontecimentos bons e ruins desta aventura por eles vivida.

Iniciaremos por uma discussão de ordem mais didática, trazida nos textos que fazem referências aos relatos da vivência final dos estudantes, nos quais destacamos a comum e recorrente a distinção entre os termos “aulas teóricas” e “aulas práticas”, o que nos indica, que

houve uma distinção didática evidente demais no fazer pedagógico da pesquisadora. Não foi algo intencional, nem muito menos, que manifeste um posicionamento em favor desta distinção, pois, inclusive corroboramos a ideia de Betti e Zuliani (2002, p.80) de que,

estreitando as relações entre teoria e prática pedagógica, inovar, quer dizer, experimentar novos modelos, estratégias, metodologias, conteúdos, para que a Educação Física siga contribuindo para a formação integral das crianças e jovens e para a apropriação crítica da cultura contemporânea.

Mas, ao recobrar os acontecimentos que podem levar a esta conclusão, percebemos que desde a primeira aula, ao informar aos estudantes, nosso calendário bimestral, pontuamos as aulas que seriam destinadas as vivências, para que os estudantes se organizassem com relação a vestimenta, fardamento adequado para estes momentos. E ainda, por causa de alguns protocolos de realizados por ocasião da pesquisa (como distribuição de questionários e termos de autorização de uso da imagem), bem como o próprio movimento de adaptação à escola e as turmas, visto que a pesquisadora não é professora efetiva da instituição e especialmente por se tratar de uma modalidade esportiva nova, com uma metodologia de ensino, uma experiência mídia-educativa, a nosso ver, podem ter colaborado para que tivéssemos essa divisão mais “tradicional” das aulas.

Embora a divisão de aulas tenha corroborado uma forma pouco inovadora de divisão das aulas, os estudantes perceberam a organização didática (sistematização do conteúdo de ensino da EFE bem como de mídia) das aulas, como fundamental para os momentos de culminância. Para exemplificar a compreensão desse processo de sistematização, trazemos a fala do estudante D. F., que sintetiza sua visão a respeito do percurso didático do bimestre com as seguintes palavras:

- Tudo até então foi um ótimo treino para este momento. As aulas teóricas e pesquisas foram bem completas. Os treinos práticos, na quadra e no nosso campus foram fundamentais para poder associar o conhecimento que era recebido. Todos momentos fundamentais para não fazer feio na prova final. Elucidamos a simples compreensão do que seja “sistematizar os conteúdos da Educação Física escolar nada mais é do que organizá-los de modo coerente com cada nível de ensino” (KAWASHIMA; SOUZA; FERREIRA, 2009, p. 467). Compreendemos, com a fala do estudante que ficou evidente, nosso intento em organizar o conhecimento a ser ensinado de modo que ficasse claro para os estudantes, uma sequência do que estava sendo ensinado e com uma progressão de objetivos a serem atingidos, nas mais diferentes situações de aprendizagem. Nessa recorrência, reforçamos que,

para que ocorra a sistematização se faz necessário um planejamento embasado por elementos didático-pedagógicos, objetivando a aprendizagem dos estudantes. A didática da educação física consiste em organizar e direcionar o processo de ensino- aprendizagem, a partir dos seus elementos: conteúdos, objetivos, estratégias metodológicas, recursos e avaliação. Assim, o professor terá condição de observar a evolução dos estudantes de maneira progressiva. (SENA et al., 2013, p. 2).

Por esta relação de sistematização, que compreende não o conteúdo de ensino, mas toda uma organização de ensino, de acordo com os elementos didático-pedagógicos constitutivos, verificamos também, que houve relação de reconhecimento do bom desempenho em uma avaliação final, graças aos processos educativos vividos, ampliando a visão, inclusive, no que que diz respeito a, apenas o professor conseguir observar a evolução progressiva dos alunos.

Nesse ponto, relembramos a discussão realizada no capítulo 1, sobre o papel do professor enquanto mediador do conhecimento, como “arquiteto de percursos”, especialmente, ao relembrar o fluxo de aplicação das aulas. Do planejamento participativo, onde as aulas eram pautadas nos objetivos de ensino, e os conhecimentos a serem apreendidos eram trazidos pelo próprios alunos. Após os alunos postarem informações nos grupos do facebook, direcionadas pelos professores, nós organizávamos os conhecimentos as serem abordados nas aulas seguintes.

Assim sendo, entendemos que efetivamos o nosso papel enquanto mediadores do conhecimento, nos beneficiando da melhor forma de uso da amplitude de acesso a informação que a internet e a mídia digital nos proporciona, organizando e sistematizando as informações de modo que o conhecimento seja construído paulatinamente pelos estudantes, a partir de suas próprias pesquisas e realidades.

Além do reconhecimento da organização didática, os estudantes destacaram ainda, pontos positivos e negativos, especialmente no que diz respeito a vivência final. Entretanto, como em seus textos, esses elementos foram postos de forma pontual, não temos como fazer relações mais profundas, como quando é possível quando a um contexto explicativo.

Exemplifico, o aluno I. F. diz “Demorei para me orientar na largada...”, só podemos inferir, que este foi um ponto negativo da experiência dele, por que ele escreve, “mas depois deu tudo certo”. Outros casos, de quando os estudantes dizem que tiveram dificuldade em achar um dos pontos de seus percursos “tive dificuldade nos segundo prisma mas nada de tão difícil”, na frase posta pelo estudante M. R., destacamos que o mesmo não explica o que houve para que ele não tenha encontrado este ponto e então não podemos inferir, por exemplo, que ele aprendeu ou não, alguma técnica do EO que o fez encontrar ou desistir de procurar este ponto. Por esses

motivos, trechos correlatos a estes, que não haviam contextos que tornassem possível inferências, é que estão agrupados como fatos.

Assim como os fatos que pontuam elementos negativos que trouxemos, temos os que referem-se aos pontos positivos, por exemplo no discurso de L. G. temos o seguinte trecho “Gostei muito da prática que tivemos lá na UFRN, pois, o percurso estava mais longo e um pouco complexo”, verificamos a “positividade’ por causa da relação estabelecida de justificar o porquê de ter gostado muito, entretanto na sequência, não ponderações do motivo de ela ter considerado mais complexo, pois ela conclui seu relato com a seguinte passagem “Estava fácil localizar os pontos pelo mapa e as coisas estavam bem organizadas. Vou sentir saudades de praticar esse esporte e espero que no futuro eu tenha outras oportunidades de vivenciá-lo!”. A aluna entra então em outras considerações que nos guiam sim para outras considerações, como elementos que indicam aprendizagem, sentimentos, explícitos em seu texto. Aproveitamos o discurso da estudante no que diz respeito aos sentimentos, para encaminhar nossa próxima reflexão.