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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Feijoeiro cultivado sobre palhada de milho

O resumo das análises de variância conjunta dos experimentos realizados em 2009 e 2010 está na Tabela 10. Verificou-se efeito significativo do ano (A) e da interação MoF x A sobre o estande final (EF). Entre as demais características avaliadas, o número de vagens por planta (NVP) e o número de grãos por vagem (NGV) apresentaram efeito apenas para a fonte ano (A). Não foi verificado efeito de nenhuma das fontes avaliadas sobre a massa de 100 grãos (M100G) e sobre a produtividade de grãos feijoeiro (PG). Observa-se que os coeficientes de variação (CV %) variaram de 2,5 a 12,7% nas parcelas e de 2,6 a 9,2% nas subparcelas. Estes valores de CV são inferiores aos limites máximos aceitáveis para a cultura do feijão (OLIVEIRA et al., 2009).

Tabela 10 – Resumo das análises de variância conjunta dos dados do estande final (EF), número de vagens por planta (NVG), número de grãos por vagem (NGV), massa de 100 grãos (M100G) e produtividade de grãos (PG) do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010, Coimbra-MG

Quadrado Médio FV GL EF NVP NGV M100G PG Bloco 3 1424869792 5,60 0,30 0,55 258281,5 Mo + Glyphosate (D) 4 252031250 1,50 0,05 0,22 43449,1 Ano (A) 1 83538228125 ** 12,24 ** 4,00 ** 0,74 351655,2 D x A 4 84296875 0,15 0,24 0,71 82443,6 Erro a 27 327126736 0,16 0,18 0,41 125077,7 Mo Foliar (MoF) 1 861328125 0,43 0,02 1,17 126723,2 MoF x D 4 60937500 0,94 0,07 0,41 106936,7 MoF x A 1 1220703125* 2,48 0,03 0,02 10672,2 Erro b 34 311282169 1,29 0,11 0,43 60067,3 Média - 151812 10,24 6,12 25,64 2772 CV (%) da parcela - 10,3 10,5 6,9 2,5 12,7 CV (%) da subparcela - 9,2 9,0 5,7 2,6 7,2 * F significativo a 5% e ** F significativo a 1%.

Não foi verificado efeito das doses de Mo aplicadas junto com o glyphosate sobre o estande final (EF) do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho. Contudo, na avaliação da interação entre a dose de Mo aplicada por via foliar do feijoeiro (MoF) e o ano (A), independentemente da presença ou ausência da adubação molíbdica suplementar, em 2010 as médias do EF foram significativamente inferiores às verificadas em 2009. Observou-se também que, dentro do ano, em 2009 as subparcelas

que receberam a aplicação do Mo por via foliar apresentaram média estatisticamente maior que as que não foram fertilizadas com Mo suplementar (Tabela 11).

Tabela 11 – Desdobramento das interações significativas da análise de variância referente ao estande final do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010, Coimbra-MG

Estande Final (plantas ha-1)

Mo Foliar (g ha-1)

2009 2010

0 178625 Ab 166000 Ba

100 193000 Aa 164750 Ba

Médias acompanhadas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste F.

Não houve efeito da aplicação das doses do Mo com o glyphosate sobre o NVP. Este resultado é semelhante ao relatado por Barbosa et al. (2010), que aplicaram diferentes doses de N, na presença ou ausência de 80 g ha-1 de Mo, e não verificaram influência significativa sobre o NVP em dois anos de cultivo de feijão de inverno. Fernandes et al. (2005) estudaram a aplicação de Mo via foliar e N no sulco e/ou em cobertura em sistema de plantio direto sobre palhada de milho e também não observaram resposta para a utilização de Mo e N sobre esse componente da produção. Contudo, relatos do aumento do NVP em resposta à adubação molíbdica são comuns na literatura (ANDRADE et al., 1998; Pessoa et al., 2001; Silva et al., 2003a; Nascimento

et al., 2009).

Na comparação entre os anos (Tabela 12), em 2010, o NVP apresentou média significativamente superior. Provavelmente este fato ocorreu em decorrência da plasticidade das plantas do feijoeiro, que são capazes de compensar os componentes primários do rendimento, diante de diferentes condições ambientais, entre elas a população de plantas (PIANA et al. 2007), que em 2010 foi estatisticamente inferior à de 2009.

As doses de Mo aplicadas junto com o glyphosate e as doses do Mo aplicadas por via foliar do feijoeiro não influenciaram o número de grãos por vagem (NGV) e a massa de 100 grãos (M100G). Porém, o NGV se diferenciou em função do ano de cultivo (Tabela 12) e apresentou média estatisticamente inferior em 2009, resultados semelhantes aos relatados por Soratto et al. (2000) e por Ascoli et al. (2008). Entretanto, Leite et al. (2007) observaram aumento nesses componentes do rendimento, com a aplicação do Mo via foliar no feijoeiro.

Tabela 12 – Média do número de vagens por plantas (NVP) e do número de grãos por vagens do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010, Coimbra-MG

NVP NGV

Ano

2009 2010 2009 2010

Média 9,85 B 10,63 A 5,90 B 6,35 A Médias acompanhadas pela mesma letra maiúscula na linha não diferem estatisticamente, pelo teste F.

A produtividade de grãos não foi influenciada pela combinação das diferentes doses de Mo em mistura com o glyphosate. Esse resultado corrobora com o de Damato Neto (2010), que avaliou a aplicação de doses crescentes de Mo em mistura com o glyphosate em palhada de milho, mais a aplicação de Mo foliar, e não encontrou diferença significativa em função dos tratamentos. Calonego et al. (2010) avaliaram a aplicação de cinco doses de N (25, 50, 75, 100 e 125 kg ha-1), aplicadas 20 dias após a emergência (DAE), associadas com e sem a aplicação foliar de 80 g ha-1 de Mo aos 25 DAE, e verificaram que a adubação molíbdica aumentou a produtividade do feijoeiro, independentemente da dose de N aplicada em cobertura no feijoeiro.

A ausência de resposta da produtividade pode ser devido à existência do nutriente no sistema solo-planta. O valor do pH do solo (6,1) na área onde os experimentos foram instalados (Tabela 1) pode ter contribuído para a maior disponibilidade do Mo, fornecendo-o em quantidade necessária para a planta completar o seu ciclo de vida. O teor de Mo foliar verificado na dose zero g de Mo ha-1, igual a 1,26 mg kg-1 (média dos dois experimentos), está dentro da faixa de suficiência para o teor de Mo na folha propostos para o feijoeiro por Oliveira e Thung (1988), que é de 0,40 a 1,40 mg kg-1, ou seja, a ausência da adubação com Mo não foi limitante para o desenvolvimento da leguminosa.

Outra explicação para a ausência de diferença entre as médias da produtividade é a aplicação de 45 kg de N ha-1 em cobertura na forma de ureia e a parte do N liberada através da mineralização microbiana da matéria orgânica terem suprido as plantas do feijoeiro. Segundo Jacob Neto e Rosseto (1998), em alguns casos, especialmente para os micronutrientes, a reserva interna da semente é suficiente para que a planta originada desta possa crescer sem dependência externa.

O resumo das análises de variância conjunta dos dados relativos aos teores foliares de molibdênio (TMoF), de nitrogênio (TNF), índice SPAD nas folhas e os

teores de molibdênio (TMoG), de nitrogênio (TNG) nos grãos referentes ao feijão cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010 está na Tabela 13.

Tabela 13 – Resumo das análises de variância conjunta dos teores foliares de Mo (TMoF), nitrogênio (TNF), leitura SPAD nas folhas e teores de molibdênio (TMoG), de nitrogênio (TNG) nos grãos do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010, Coimbra-MG

Quadrado Médio

FV GL

TMoF TNF SPAD TMoG TNG

Bloco 3 1,12 0,43 4,01 1,51 0,09 Mo + Glyphosate (D) 4 1,70 0,29 7,16 34,95 ** 0,13 * Ano (A) 1 16,82 ** 0,49 23,51* 6,80 ** 5,35 ** D x A 4 1,38 0,27 5,12 1,41 ** 0,01 Erro a 27 1,99 0,12 3,56 0,46 0,03 Mo Foliar (MoF) 1 110,27 ** 0,09 22,90 126,97 ** 0,15 ** MoF x D 4 3,05 0,20 1,51 0,36 0,17 ** MoF x A 1 15,93 ** 0,02 0,0004 0,68 0,001 Erro b 34 1,85 0,17 3,05 0,29 0,02 Média - 1,60 5,17 40,5 3,01 3,77 CV (%) da parcela - 88,7 6,9 4,6 22,5 4,8 CV (%) da subparcela - 86,2 8,0 4,0 18,1 3,5 * F significativo a 5%; ** F significativo a 1%; e ns F não significativo a 5% de probabilidade.

Apesar de as médias do TMoF apresentarem tendência de linearidade, não foi verificado efeito das doses do Mo aplicadas em mistura com o glyphosate. Porém, houve efeito dos fatores dose de Mo aplicada por via foliar (MoF), ano (A), e da interação MoF x A.

Damato Neto (2010) aplicou os mesmos tratamentos realizados no presente trabalho e observou que no primeiro ano de cultivo o TMoF do feijoeiro não se alterou quando o micronutriente foi aplicado via foliar, porém, quando ele não foi aplicado na folha, o seu teor apresentou redução entre as doses de 0 e 300 g ha-1, e que a partir desta dose houve ligeiro aumento do TMoF. Em diversos estudos constata-se elevação do TMoF de feijão com o fornecimento de Mo (DALLPAI, 1996; PESSOA et al., 2000; FERREIRA et al., 2003; PIRES et al., 2005). A não detecção de diferença significativa entre as médias do TMoF do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em função das doses do Mo aplicadas junto com glyphosate foi provavelmente devido ao elevado coeficiente de variação dos dados (Tabela 13).

Na interação entre a dose de Mo aplicada por via foliar (MoF) e o ano (A), independentemente do ano, as menores médias dos TMoF ocorreram nas subparcelas

onde não foi realizada a aplicação do Mo por via foliar, sendo estas significativamente diferentes das verificadas onde foram aplicados 100 g ha-1 de Mo. Nas subparcelas, com aplicação do Mo por via foliar, as médias do TMoF foram estatisticamente maiores em 2010 (Tabela 14).

Tabela 14 – Desdobramento das interações significativas da análise de variância referente ao teor de Mo nas folhas (TMoF) do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho em 2009 e 2010, Coimbra-MG

TMoF (mg kg-1)

Mo Foliar (g ha-1)

2009 2010

0 0,41 Ab 0,43 Ab

100 1,87 Ba 3,67 Aa

Médias acompanhadas pela mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem estatisticamente, pelo teste F.

A média do TMoF verificada nas parcelas (média dos dois experimentos) onde não foi aplicado o Mo junto com o glyphosate foi de 1,26 mg kg-1, o que está dentro da faixa de suficiência para o teor de Mo na folha propostos para o feijoeiro por Oliveira e Thung (1988), que é de 0,40 a 1,40 mg kg-1.

Não foi verificado efeito da aplicação das doses do Mo junto com o glyphosate sobre o teor de N nas folhas de feijoeiro cultivado sobre palhada de milho, cujas médias variaram de 5,04 a 5,34 mg de N kg-1. Observa-se que estes valores do TNF são superiores aos valores de 3,0 a 3,5 dag de N kg-1, considerados por Martinez et al. (1999) como a faixa de suficiência de N para o feijoeiro.

A leitura SPAD apresentou média de 39,9 unidades em 2010, valor estatisti- camente diferente do verificado em 2009 (41,9 unidades).

Em relação ao teor de Mo nos grãos do feijoeiro, verificou-se efeito das fontes de variação: doses do Mo aplicadas junto com o glyphosate (D), ano (A), interação D x A e aplicação de Mo por via foliar (MoF) (Tabela 13).

Na avaliação da interação D x A, independentemente do ano, quanto maior a dose de Mo aplicada em mistura ao dessecante sobre a palhada de milho, maior o TMoG dentro do intervalo estudado. Porém, os grãos colhidos em 2010 apresentaram maior média do TMoG (Figura 7).

Dose de Mo (g ha-1) aplicado junto ao dessecante 0 200 400 600 800 T eo r de m ol ib dê ni o no s g rã os ( m g k g -1 ) 0 2 4 6 8 Y = 1.56593 + 0.00387*X; R2 = 0,98; (Ano 2009) Y = 1.67470 + 0.00545*X; R2 = 0.98; (Ano 2010)

Figura 7 – Teor de Mo nos grãos do feijoeiro, em função das doses de Mo aplicadas em mistura com o glyphosate em 2009 e 2010. Coimbra-MG.

O maior TMoG em 2010 evidencia a capacidade das plantas do feijoeiro absorver e acumular Mo nos grãos, mesmo quando aplicado junto com o glyphosate no momento da dessecação, conforme relatado também por Damato Neto (2010). Sugere- se que essa forma de aplicação possa contribuir para a diminuição da velocidade da adsorção do Mo aos coloides do solo, demonstrando ser uma forma interessante de aproveitamento de resíduos da fertilização de anos anteriores. Isso poderia contribuir para a maior eficiência da adubação molíbdica e se apresentar como uma maneira promissora de fornecimento do Mo, por manter o micronutriente presente por maior tempo no sistema solo-planta, tornando esse mais sustentável em função de proporcionar menores perdas do Mo por fixação.

A aplicação do Mo por via foliar do feijoeiro aumentou o TMoG. Na ausência da aplicação do Mo por via foliar, o teor médio do Mo nos grãos foi igual a 1,75 mg kg-1, contra a média de 4,27 mg kg-1, nas subparcelas onde houve a aplicação suplementar de 100 g de Mo ha-1. Para o efeito do ano, semelhantemente ao ocorrido para os teores de Mo foliares, o TMoG em 2010 (3,30 mg kg-1) foi significativamente maior que a média de 2,72 mg kg-1, verificada em 2009.

O teor de N nos grãos (TNG) do feijoeiro foi influenciado pelas fontes: dose do Mo aplicado junto com o glyphosate (D), ano (A), Mo aplicado por via foliar (MoF) e interação MoF x D (Tabela 13).

Em relação ao efeito da dose do Mo aplicada junto com o glyphosate, apesar de a análise de variância apresentar diferença significativa (P < 0,05) entre as médias do TNG, os dados não se ajustaram aos modelos de regressão. As parcelas que não receberam a aplicação do Mo em mistura com o glyphosate apresentaram o teor médio de 3,62 dag de N kg-1 nos grãos, valor 5 % inferior ao valor médio (3,80 dag de N kg-1), encontrado naquelas onde foi aplicado o Mo junto com o glyphosate (Tabela 15).

Tabelas 15 – Médias do teor de N nos grãos (TNG) do feijoeiro cultivado sobre palhada de milho e em função da aplicação de doses de Mo em mistura com o glyphosate em 2009 e 2010, Coimbra MG

Dose de Mo + Glyphosate

0 100 200 400 800 Média

TNG (mg kg-1) 3,62 3,82 3,73 3,84 3,82 3,77

Quanto à interação entre a dose de Mo aplicada junto com o glyphosate e o Mo aplicado por via foliar do feijoeiro, nota-se que quando foram aplicados 100 g ha-1 de Mo por via foliar sobre o feijoeiro o teor de N nos grãos (TNG) se manteve constante, com teor médio de N igual a 3,81 dag kg-1. Porém, quando não se aplicou o Mo por via foliar no feijoeiro, o TNG apresentou resposta exponencial e foi necessária a dose de 199 g ha-1 de Mo aplicado em mistura com o glyphosate para que se equiparasse ao teor médio de N obtido com a aplicação do Mo via foliar (Figura 8). Estes resultados indicam que o feijoeiro absorveu e translocou para os grãos o Mo aplicado junto com o glyphosate, confirmando ser desnecessário aplicá-lo por via foliar, nessas condições.

Houve efeito da aplicação do Mo por via foliar do feijoeiro sobre o TNG. As subparcelas onde o Mo não foi aplicado por via foliar apresentaram média do TNG igual a 3,72 mg kg-1, estatisticamente inferior à média obtida nas subparcelas com aplicação suplementar de 100 g de Mo ha-1 , que apresentaram média de 3,81 mg kg-1. Para o efeito do ano, em 2009 o TNG apresentou média de 3,51 mg kg-1, significativa- mente menor que a média igual a 4,03 mg kg-1, verificada em 2010. Isso pode ser devido ao aproveitamento do Mo acumulado no solo, devido às aplicações dos anos anteriores.

Dose de Mo (g ha-1) aplicado junto ao dessecante 0 200 400 600 800 T eo r de n itr og ên io n os g rã os ( da g kg -1 ) 0,0 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0

Y= 3.4067+0.4160*(1-exp(-0.0208*x)); R2 = 0.98; (Sem MoF) Y= 3.8160; (Com MoF)

Figura 8 – Teor de N nos grãos do feijoeiro, obtidos com ou sem aplicação de Mo via foliar em função das doses do Mo aplicadas em mistura com o glyphosate, para cultivo do feijoeiro. Coimbra-MG.

5. CONCLUSÕES

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