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A responsabilidade social das organizações de todos os setores, nasce de um contexto internacional em que temas como direitos humanos, direitos do trabalho, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, ganham vulto na discussão entre os países membros das Nações Unidas, resultando em diretrizes que, de certa forma, orientam a formulação conceitual da RSE no âmbito corporativo.

Louette (2008), nos apresenta um compêndio em que mostra as principais diretrizes e ferramentas da gestão socialmente responsável.

Percebemos no entanto, que se houve uma sensível evolução de conceitos e criação de ferramentas para que a responsabilidade social integrasse a estratégia empresarial e a visão do negócio como um todo, para Louette (2008) , essas mudanças não ocorreram de forma homogênea.

gerenciais pontuais, que visam a apenas sanar problemas derivados do contexto social crítico, ou mesmo, da ação direta da empresa. De acordo com Louette (2008), estas iniciativas foram traduzidas em padrões, acordos, recomendações, códigos unilaterais e multilaterais que ajudam a compreender e a situar a responsabilidade como tema emergente para as organizações. Descrevemos a seguir algumas destas diretrizes e ferramentas de gestão.

2.6.1 Princípios e Diretrizes Internacionais

Podemos destacar entre os principais documentos internacionais inspiradores para a RSE:

1) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU;

2) A Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do

Trabalho e seu Seguimento e;

3) Declaração Tripartite sobre Empresas Multinacionais, da OIT;

As duas últimas têm como objetivo a recomendação aos governos, às organizações de empregadores e de trabalhadores e às empresas multinacionais, para regulamentar a conduta das empresas multinacionais e fixar as condições que devem orientar suas relações com os países que as hospedam.

Seu âmbito de aplicação baseia-se nas convenções da OIT e na Declaração Universal dosDireitos Humanos. Refere-se:

• à promoção do emprego;

• à igualdade de oportunidades e tratamento;

• à proibição do trabalho infantil;

• à promoção da liberdade sindical e das negociações coletivas;

• à luta contra a discriminação no trabalho e,

• à luta contra o trabalho forçado.

4) Agenda 21, da ONU. A Agenda trata do meio ambiente, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza. A Agenda 21 é um plano de ação formulado internacionalmente para ser adotado em escala global, nacional e localmente por organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Reflete um consenso mundial e um compromisso político, que estabelece um diálogo permanente e

construtivo inspirado na necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e equitativa. A Agenda 21 segue o princípio de “Pensar globalmente, agir localmente”.

A Agenda enumera os objetivos a serem atingidos pelas sociedades para alcançarem a sustentabilidade. É um processo público e participativo que propõe o planejamento e a implementação de políticas para o desenvolvimento sustentável por meio da mobilização de cidadãos e cidadãs na formulação dessas políticas. Os governos têm a responsabilidade de facilitar a implementação deste processo que deve envolver toda a sociedade.

5) A ECO 92 e o Protocolo de Quioto. Foi durante a ECO 92, em junho de 1992, no Rio de Janeiro, que se desenvolveu a Convenção Quadro das Nações Unidas, sobre a Mudança Climática (UNFCCC), que culminou com o o Protocolo de Quioto, no Japão, discutido e negociado em 1997 e que foi aberto para assinatura em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Russia o ratificou em novembro de 2004.

Marco referencial, constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global.

A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, por meio de algumas ações básicas:

• Reformar os setores de energia e transportes; • Promover o uso de fontes energéticas renováveis;

• Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;

• Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;

• Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

No Brasil, um dos instrumentos mais citados na literatura acadêmica são os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, que foram criados pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, organização não-governamental idealizada em 1998 por empresários e executivos oriundos do setor privado.

A estrutura dos chamados Indicadores, que são diretrizes, permite que a empresa planeje o modo de alcançar um grau mais elevado de responsabilidade social.

Sua estrutura fornece parâmetros para os passos subseqüentes e, juntamente com os indicadores binários e quantitativos, aponta caminhos para o estabelecimento de metas de aprimoramento dentro do universo de cada tema.

O questionário (questões de profundidade, questões binárias e questões quantitativas) é organizado em sete grandes temas:

• Valores, • Transparência e Governança; • Público Interno; • Meio Ambiente; • Fornecedores; • Consumidores e Clientes; • Comunidade e, • Governo e Sociedade.

Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social são aceitos como métrica legítima para processos de desenvolvimento e assimilação de RSE e sustentabilidade nas empresas em geral, independentemente do porte. Não há discussão sobre a pertinência dos indicadores em função do tamanho da empresa.

2.6.3 Normas e Certificações

A normatização é um processo característico de grandes empresas porque envolve grande investimento financeiro, organizacional e humano. Para as pequenas, a normatização ocorre geralmente por pressão da concorrência e de grandes empresas compradoras ou contratantes de serviços.

As várias normas existentes não se resumem, porém, à padronização de procedimentos. Elas propiciam à empresa uma ampla reflexão a respeito das ferramentas de gestão a serem utilizadas a fim de garantir o planejamento da evolução sustentável. Elas implicam, sobretudo, a mobilização interna necessária para realizar um diagnóstico detalhado e viável do comprometimento da organização.

Pode-se distinguir dois tipos de normas de acordo com os objetivos de seus promotores. Há aquelas que são publicadas por mecanismos oficiais de normatização, entre as quais destacam-se

• ISO 14000 (meio ambiente); • ISO 9000 (qualidade); • CE EMAS (ambiental);

• BS 8800 (condições dignas de trabalho) e,

• BS 8555 (ambiental para pequenas e médias empresas).

O mercado incentivou a criação de instituições que normatizassem certos padrões de gestão em áreas como segurança e condição do trabalho, entre outros. Neste domínio, as normas de maior destaques são:

• SA 8000 (direitos sociais);

• OHSAS 18001 (riscos/acidentes) e, • AA 1000 (prestações de contas).

Especificamente na área de RSE, o Brasil já possui sua norma de responsabilidade social, que tem caráter de sistema de gestão e propósito de certificação, que é a ABNT NBR 16001.

Com base na demanda mundial sobre o tema da responsabilidade social, está em andamento e previsto para 2009, a criação de uma terceira geração de normas — a de Responsabilidade Social — apresentando diretrizes sem propósito de certificação. A ela, dar- se-á o nome de ISO 26000.

Vários são os esforços em transformar ações socialmente responsáveis em diretrizes de gestão. A grande variedade de ferramentas existentes, no entanto, não garante resultados positivos na geração de valor para todos os envolvidos no ambiente em que a empresa atua.

Além disso, é condição sine qua non, uma consideração diferenciada ao perfil dos atores envolvidos, que vão além dos métodos, das ferramentas, dos sistemas de avaliação, dos mecanismos de controle de gestão, pois estes não devem exceder em importância ao desenvolvimento organizacional e ao bem estar do ser humano enquanto ser social.

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