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2.2 Building Information Modeling

2.2.2 O processo colaborativo BIM

2.2.2.1 Ferramentas e processo BIM

Os sistemas de modelação paramétrica permitem ao utilizador criar um modelo num espaço 3D, agre- gando nele objetos que correspondem a componentes físicas de edifícios reais. Estes armazenam e organizam essas componentes por classes e grupos que partilham as mesmas propriedades. Esta é uma das mais-valias das ferramentas BIM e um ponto crucial para a sua implementação, pois permitem mais do que qualquer outra a incorporação de vastas propriedades aos correspondentes objetos (Eastman, 2011; P. Wang, Wu, Wang, Chi, & Wang, 2018)

As ferramentas de modelação BIM possuem um número alargado de objetos padrão bem especificados e fornecem métodos em que o utilizador pode associar as propriedades em armazenamento com a sua família de objetos padrão. Os utilizadores podem recriar e organizar a própria família de objetos de acordo com a sua preferência, de maneira a que elas integrem o sistema corretamente. Nas ferramentas BIM, existem duas famílias de componentes de proprietários a destacar, para além das componentes genéri- cas incorporadas. A primeira fala de elementos representativos de produtos construtivos, que são intro- duzidos no sistema pelos próprios fabricantes e que podem conter informações diferentes ou adicionais aos elementos padrão. A segunda refere-se a componentes criadas por empresas independentes de software. A grande vantagem destas duas famílias de componentes é estarem disponíveis pelos próprios criadores para download em vários formatos compatíveis com os sistemas de modelação genéricos, usualmente em IFC (Industry Foundation Classes) (Crotty Ray, 2012). O IFC é um tipo de formato de um modelo, exportado dos sistemas de modelação BIM, que compreende um conjunto de especificações com descrição dos componentes usados na indústria da construção, por forma a facilitar a interoperabi- lidade com todos os restantes setores. Qualquer sistema que seja compatível com o IFC deve estar capacitado para a grande quantia de informação que irá receber deste formato no seu estado neutro, para que a transferência seja concisa, permitindo ao utilizador importar desta forma todos os detalhes no seu próprio sistema, desenvolvendo o seu trabalho sem a intervenção dos outros envolvidos (Crotty Ray, 2012). A Building Smart é responsável pelo desenvolvimento e pela padronização de informação a ser partilhada entre as equipas de projeto, através do IFC.

Depois de tecidas algumas considerações gerais e introduzidos alguns conceitos cobre o processo cola- borativo, é necessário estabelecer a pareceria que existe entre o Engenheiro e o Arquiteto na adoção desta metodologia, pela influência que o seu papel possui ao longo do ciclo de vida de uma obra. Como

se pretende um modelo único final, ambas devem agir em conformidade e tudo começa pelo projeto de arquitetura (Lai & Deng, 2018). O primeiro passo é o modelo elaborado pelo Arquiteto de acordo com as pretensões do Dono da Obra. Eles devem chegar a um atendimento após discussão e negociação do projeto (Crotty Ray, 2012). Este modelo irá ser exportado para uma plataforma central e comunicado à restante equipa. Neste momento deve surgir o Engenheiro para importar o modelo BIM da plataforma central e dar início às suas funções, como a respetiva análise e o dimensionamento estrutural. Resta gravar as alterações introduzidas no modelo e atualizá-lo na plataforma central para que se possa dar continuidade ao restante processo, comunicando uma vez mais a todos os intervenientes (Lai & Deng, 2018)

O uso do BIM consiste essencialmente em assegurar melhorias significativas na qualidade de informação criada e usada num projeto. Um dos requisitos fundamentais desta metodologia é assegurar-se de que tem um projeto arquitetónico corretamente elaborado de acordo com a modelação BIM e para isso já existe um número alargado de ferramentas. Para além da arquitetura, existe a componente de estruturas e MEP (Mechanical, Electrical and Plumbing), que contam também com uma grande oferta de ferramen- tas BIM (Eastman, 2011).

Numa fase posterior deste estudo, dar-se-á foco a duas ferramentas (software) BIM em particular, por fazerem parte da realidade de trabalho na área de projeto e inovação do Grupo Shay Murtagh. São elas o Tekla Structures e Autodesk Revit e ambas estão ilustradas na Figura 7, de acordo com a sua área de aplicação na indústria AEC:

Figura 7 - Ferramentas de Aplicação BIM na Indústria AEC (Crotty Ray, 2012)

Esta figura é uma representação da aplicabilidade do software BIM em algumas das principais áreas da construção, demonstrando a sua importância na partilha de informação e o quão relevante isso é para a contínua procura de melhorias de implementação de protocolos e padronização da informação (Crotty Ray, 2012). Na indústria AEC, ainda se pode englobar outros como o Solibri Model Checker, Rhino, Navisworks, ArchiCAD, SketchUp, Infraworks, Novapoint, Civil 3D, entre outros (Jönsson, 2015).

Dentro das ferramentas BIM é usual a criação de API’s (Application Programming Interface) para o oti- mizar o processo de transferência de informação. A API é uma ou um conjunto de especificações, utlizado como um interface para a comunicação eficiente entre programas distintos. Em relação aos sistemas de modelação, uma API pode conter especificações para estruturação de dados, classes de objetos por exemplo ou variáveis. De um modo mais prático, a API oferece ao programador a possibilidade de criar uma determinada aplicação que consiga aceder diretamente a dados de um outro programa (Api et al., 2015; Crotty Ray, 2012).

A linguagem usada numa API pode ser classificada como dependente ou independente. Para a primeira opção ela só pode ser usada por intermédio de uma linguagem específica, tornando o seu uso mais objetivo e restrito. Uma linguagem independente faculta o seu recurso às mais variadas linguagens de programação. Este tipo de APIs permite a outras aplicações desenvolvidas sem vínculo a um sistema específico, que possam recorrer delas para aceder a serviços web por exemplo. Colocando o cenário de

um website que recorre aos serviços do Google Maps, permitindo que o utilizador tenha uma noção geográfica sobre a informação que procura, percebe-se mais facilmente de que forma esta linguagem independente atua. Esta API do Google Maps é que define os limites de utilização da sua plataforma a terceiros (Api et al., 2015).