4 METODOLOGIA: CONSTRUINDO O CAMINHO
4.5 FERRAMENTAS E TÉCNICA DE ANÁLISE
Como já explicitado anteriormente, as dimensões podem ser discutidas em pares. A seguir, são apresentados os componentes e indicadores utilizados em cada uma dessas dimensões para as análises.
• Dimensão epistêmico-ecológica
Quadro 5 – Ferramenta de Análise Epistêmica (FAE)
Componentes Indicadores
Situações- problema
a) apresenta-se uma mostra representativa e articulada de situações de contextualização, exercícios e aplicações;
b) propõem-se situações de generalização de problemas (problematização).
Linguagem
a) uso de diferentes modos de expressão matemática (verbal, gráfica, simbólica), tradução e conversão entre as mesmas;
b) nível de linguagem adequado aos estudantes;
c) propor situações de expressão matemática e interpretação. Regras
(definições, proposições, procedimentos)
a) as definições e procedimentos são claros e corretos e estão adaptados ao nível educativo a que se dirigem;
b) apresentam-se enunciados e procedimentos fundamentais do tema para o nível educativo dado;
c) propõem-se situações onde os estudantes tenham que generalizar ou negociar definições, proposições ou procedimentos.
Argumentos a) as explicações, comprovações e demonstrações são adequadas ao nível educativo a que se dirigem;
b) promovem-se situações onde os estudantes tenham que argumentar. Relações a) os objetos matemáticos (problemas, definições, proposições) se relacionam
e se conectam entre si.
Fonte: (GODINO, 2011, p.9, tradução nossa)
Quadro 6 – Ferramenta de Análise Ecológica (FAE)
Componentes Indicadores
Adaptação ao currículo
a) os conteúdos, sua implementação e avaliação correspondem às diretrizes curriculares
Abertura à inovação
didática
a) Inovação baseada em pesquisa e prática reflexiva
b) Integração de novas tecnologias (calculadoras, computadores, TIC, etc.) no projeto educacional
Adaptação socioprofissional
e cultural
a) os conteúdos contribuem para a formação socioprofissional dos alunos
Educação em valores
a) comtemplam-se a formação em valores democráticos e o pensamento científico
Conexões intra e
interdisciplinares
a) os conteúdos estão relacionados a outros conteúdos intra e interdisciplinares
Fonte: (GODINO, 2011, p. 14, tradução nossa)
Dimensão cognitivo-afetiva
Quadro 7 – Ferramenta de Análise Cognitiva (FAC)
Componentes Indicadores Conhecimentos prévios (os mesmos elementos da idoneidade epistêmica são considerados)
a) os alunos têm os conhecimentos prévios necessários para o estudo do assunto (ou foram estudados previamente ou o professor planeja seu estudo) b) o conteúdo pretendido pode ser alcançado (tem uma dificuldade
gerenciável) em seus vários componentes.
Adaptações curriculares às
diferenças individuais
a) atividades de extensão e reforço estão incluídas.
b) o acesso e a conquista de todos os alunos são promovidos.
Aprendizagem (os mesmos
a) os diferentes modos de avaliação indicam que os alunos alcançam a apropriação dos conhecimentos e competências pretendidos: compreensão
elementos da idoneidade epistêmica são
considerados)
conceitual e proposicional; competência comunicativa e argumentativa; fluência processual; compreensão situacional; competição metacognitiva. b) a avaliação leva em consideração diferentes níveis de compreensão e competência.
c) os resultados das avaliações são divulgados e utilizados para tomar decisões.
Fonte: (GODINO, 2011, p.10, tradução nossa)
Quadro 8 – Ferramenta de Análise Afetiva (FAA)
Componentes Indicadores
Interesses e necessidades
a) as tarefas são interessantes para os alunos.
b) são propostas situações para avaliar a utilidade da matemática na vida diária e profissional.
Atitudes
a) é promovida a participação em atividades, a perseverança, a responsabilidade, etc.
b) argumentação é favorecida em situações de igualdade; o argumento é valorizado em si e não por quem o diz.
Emoções
a) a autoestima é promovida, evitando rejeição, fobia ou medo da matemática. b) as qualidades estéticas e de precisão da matemática são destacadas.
Fonte: (GODINO, 2011, p.11, tradução nossa)
Dimensão instrucional
Esta dimensão envolve as perspectivas interacional e mediacional, conforme apresenta-se nos quadros 9 e 10.
Quadro 9 – Ferramenta de Análise Interacional (FAI)
Componentes Indicadores
Interação docente- discente
a) o professor faz uma apresentação adequada do tema (apresentação clara e bem organizada, enfatiza os conceitos-chave do assunto, etc.)
b) reconhece e resolve conflitos de estudantes (perguntas e respostas são feitas, etc.)
c) procura chegar a um consenso com base no melhor argumento.
d) vários recursos retóricos e argumentativos são utilizados para envolver e captar a atenção dos alunos.
e) facilita a inclusão dos alunos na dinâmica da aula.
Interação entre alunos
a) o diálogo e a comunicação entre os alunos são favorecidos
b) eles tentam convencer a si e aos outros da validade de suas declarações, conjecturas e respostas, com base em argumentos matemáticos.
c) a inclusão no grupo é favorecida e a exclusão é evitada
Autonomia pelo estudo (levantam questões e apresentam soluções, exploram exemplos e para investigar e conjecturar, usam uma variedade de ferramentas para raciocinar, estabelecem conexões, resolvem problemas e se comunicam). Avaliação
formativa
a) observação sistemática do progresso cognitivo dos estudantes Fonte: (GODINO, 2011, p.12, tradução nossa)
Quadro 10 – Ferramenta de Análise Mediacional (FAM)
Componentes Indicadores
Recursos materiais
a) materiais manipulativos e informatizados são usados para introduzir boas situações, linguagens, procedimentos, argumentos adaptados ao conteúdo pretendido.
b) definições e propriedades são contextualizadas e motivadas usando situações e modelos concretos e visualizações
Quantidade de alunos e condições
da aula
a) o número e distribuição de estudantes permite fluidez ao processo b) a sala de aula e a distribuição dos alunos é adequada para o desenvolvimento do processo instrucional pretendido.
Tempo (ensino coletivo/tutoria,
tempo de aprendizagem
a) o tempo (presencial ou não) é suficiente para a educação pretendida b) tempo suficiente é dedicado ao conteúdo mais importante do assunto c) tempo suficiente é dedicado ao conteúdo que apresenta mais dificuldade.
Fonte: (GODINO, 2011, p.13, tradução nossa)
Não é necessário que se faça uso de todos estes componentes, podendo-se adotar e discutir aqueles que se destacarem na construção e/ou implementação de processos formativos e de ensino e aprendizagem.
Na descrição dos fatos significativos para a análise, utilizamos em alguns momentos de falas nossas e dos estudantes. Fazemos uso das nomenclaturas “P” (professor) e “E” para os estudantes, seguido de um número natural (1 a 20) para diferenciá-los, sem identificação.
Para descrever e sistematizar a idoneidade didática no processo, utilizamos os termos BAIXA, MÉDIA, SATISFATÓRIA e ALTA. Esses termos nos servem apenas como um tratamento didático para a valoração da sequência. Assim, cada uma das facetas será apresentada dentro de uma destas categorias, subsidiadas pela discussão de seus componentes. Os capítulos que se seguem apresentam nossos resultados e discussão.