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Anexo 5 Validação do Inventário de Eficiência Visual

1. Introdução Teórica

1.1. Fiabilidade e Validade do questionário

A aplicação de questionários apresenta como principais vantagens a facilidade de recolha de informação, baixo custo, diminuição do viés do examinador e padronização. (72) Porém, previamente à aplicação de um questionário importa conhecer se o mesmo apresenta fiabilidade, isto é, se os seus resultados são repetíveis após múltiplas aplicações do mesmo. Com esse intuito Maples (71) realizou um estudo num grupo de 19 estudantes do 1º ano de optometria, aplicando o questionário COVD em dois momentos diferentes, com duas semanas de intervalo. Durante este período não houve nenhuma intervenção (terapia visual). Neste estudo não foram verificadas diferenças significativas nas respostas nos dois momentos de aplicação. O autor concluiu que este instrumento de medida apresenta fiabilidade (test-retest reliability) no que respeita à medição das alterações de sintomas, sendo um instrumento confiável para inferir sobre a qualidade de vida visual. (72)

Relativamente à alteração de sintomas devido à intervenção optométrica, especificamente, terapia visual, (71) este instrumento também se apresenta bastante útil. De forma a analisar se o questionário poderia documentar melhorias na qualidade de vida resultantes de terapia visual, Maples e Bither realizaram um estudo em crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 7 e 18 anos, onde aplicaram o questionário COVD-QOL no início e no final da terapia visual ou após 20 horas de terapia em consultório. O mesmo foi preenchido pela criança com o auxílio do seu responsável/cuidador. Verificaram que as pontuações do questionário melhoravam significativamente no pós-teste, concluindo que este pode ser utilizado para medir as alterações na sintomatologia e demonstrar, de forma objetiva, as alterações na qualidade de vida que são alcançadas através da terapia visual. (81)

Também a validade, ou seja a capacidade do questionário para abordar de forma adequada a questão desejada, foi testada, (73,74) tendo sido verificado que a pontuação de sintomas medida por este instrumento demonstrou validade ao revelar uma melhoria significativa na pontuação após terapia visual. (74)

Este questionário encontra-se traduzido e adaptado à língua portuguesa, onde é designado por "Inventário de Eficiência Visual" (IEV). O mesmo foi validado em estudantes do ensino superior. Foi verificada fiabilidade interna e estabilidade temporal (teste-reteste), destacando a fiabilidade e reprodutibilidade deste instrumento de medida. (87)

2. Métodos

A validação do IEV foi realizada com a colaboração da Escola Básica de S. Domingos, sede do Agrupamento de Escolas a Lã e a Neve, através da dinamização de uma ação de "screening" visual realizada por uma equipa formada por dois licenciados em Ortóptica e dois licenciados em Optometria.

Previamente, todos os encarregados de educação foram informados acerca da referida atividade, de forma a autorizarem a participação dos seus educados na referida ação. Todos os alunos que devolveram o consentimento informado devidamente assinado e autorizado, pelos seus encarregados de educação, preencheram o questionário sob a forma de entrevista e foram avaliados segundo o protocolo de screening visual aprovado para o efeito.

A ação foi dirigida a alunos do 3º ao 9º ano de escolaridade, sendo dinamizada na semana de 12 a 16 de janeiro de 2015, numa sala cedida para o efeito, nas instalações da Escola Básica de S. Domingos. A sala em questão satisfazia os critérios necessários em termos de dimensão e iluminação. O equipamento utilizado foi cedido pelo laboratório de optometria da Universidade da Beira interior (UBI).

2.1. Participantes

Participaram nesta ação 193 alunos, 88 alunos (46%) do sexo feminino e 105 (54%) do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 8 e os 17 anos (idade média 11,60 ± 1,20 anos).

Dos estudantes avaliados, 33 (17%) frequentavam o 1º ciclo, 78 (40%) o 2º ciclo e 82 (43%) o 3º ciclo. Registou-se uma representatividade mais significativa no 2º e 3º ciclos, pelo facto do número de crianças que frequenta a sede do agrupamento, ser superior nesses ciclos.

Nesta ação houve uma taxa de participação de cerca de 70% dos alunos que frequentam a escola (tabela 2.1).

Tabela 2.1 - Número de crianças que frequentam a escola e número de crianças que participaram na atividade.

Inscritos na escola (N) Participantes na atividade (N) Frequência relativa (%)

1º ciclo 43 33 0,77

2º ciclo 105 78 0,74

3º ciclo 123 82 0,67

Total 271 193 0,71

Contudo, para a análise da fiabilidade apenas foram considerados os alunos do 1º/2º ciclo, pelo facto de apresentarem a mesma idade cronológica que o grupo de crianças com Dificuldades de Aprendizagem na Leitura (DAL), sobre o qual incide a presente dissertação.

Assim sendo, considerou-se uma amostra de 111 crianças das quais duas foram excluídas pelo facto de não terem colaborado no preenchimento do questionário por apresentarem autismo. Desta forma, a amostra foi constituída por 109 crianças (idade média 10,19 ± 1,19 anos), sendo 31 alunos do 1º ciclo e 78 alunos do 2º ciclo.

Para a análise da validade, do total de participantes foi selecionada uma amostra aleatória constituída por 30 crianças, com idade média de 10,97 ± 0,67 anos, as quais responderam ao IEV e também ao questionário CISS (Convergence Insufficiency Symptom Survey).

2.2. Procedimento

O protocolo utilizado foi aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade de Ciências da Saúde (Covilhã, Portugal), o qual integra o IEV, assim como um modelo de "screening" visual com a avaliação de diversos parâmetros visuais, tais como: refração, visão binocular, acomodação e motricidade ocular.

A recolha de dados de cada um dos parâmetros referidos, foi executada numa estação individual, dinamizada sempre pelo mesmo investigador. A aplicação do IEV constituiu uma estação distinta, sendo a primeira estação por onde os alunos passavam. Desta estação, o aluno era sempre encaminhado para a estação de refração e só depois desta passava para uma das restantes estações, dependendo da sua ocupação.

Previamente à aplicação do questionário, procedia-se a uma pequena explicação do mesmo ao aluno, sendo indicado que a resposta dada deveria corresponder o mais possível à realidade/quotidiano, de acordo com frequência com que ocorrem cada um dos sintomas questionados.