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2.2 FICÇÃO

2.2.3 O uso da Ficção no Ensino

A ficção pode ser utilizada nas escolas por meio de filmes ou livros, entre outras formas. No entanto, em algumas escolas, o filme é pouco usado. De acordo com Nascimento (2008, p.6): “Há uma distância considerável entre a prática da exibição cinematográfica e a realidade escolar brasileira. Escolas e professores, de modo geral, não estão suficientemente preparados para lidar com esse tipo de linguagem”.

Mesmo com o avanço da tecnologia, essa prática, de utilização de filmes em sala de aula, continua pouco comum. A facilidade de captura de vídeos da internet e da própria produção de vídeos pelos estudantes, torna possível a disponibilização de novas alternativas para o professor. No entanto, Côrtes (2010, p.64) afirma que: “[...] apesar da gama de recursos e instrumentos audiovisuais disponíveis hoje para apoio ao ensino, na web, na TV, no cinema, no vídeo, a observação parece indicar

37 que raramente os professores os utilizam, [...]”. Corroborando essa ideia, Moço e Monroe (2010) afirmam que:

Todo ano, quase 100 milhões de ingressos de cinema são vendidos no país. [...] Os filmes são parte importante do cotidiano dos brasileiros, mas nem sempre encontram lugar em sala de aula. Esse é um erro, já que a telona pode funcionar como uma preciosa ferramenta didática para a aprendizagem de conteúdos de diversas disciplinas.

Segundo Modro (2008, p.14): “O trabalho com diferentes recursos didáticos pode auxiliar o processo ensino-aprendizagem se forem corretamente utilizados.” Porém, essa utilização ainda é bastante equivocada. A ideia não é substituir o professor em sala de aula e, sim, colaborar com o processo de aprendizagem.

O autor alerta também para o uso equivocado do recurso de vídeo nas escolas, pois é “[...] muito comum quando ocorre a falta do professor da disciplina solicitar-se a outro qualquer, que esteja sem aula, que vá tomar conta da turma passando um vídeo para ocupar o tempo.” (MODRO, 2008, p.16).

Outro equívoco apontado por Modro são os professores que deixam que o vídeo “dê a aula” por eles:

Em vez de dar a aula, coloca o vídeo e espera que o mesmo dê conta do conteúdo sozinho. Acredita que o vídeo fale por si mesmo e que não é necessário mais nada. Sua função passa a ser um mero passador de vídeos. Aqui tem o conteúdo necessário e basta, acredita ele. (2008,p.16).

O uso do vídeo em excesso igualmente é apontado como um equívoco do professor

[...] que quer ser o inovador, o verdadeiro show, e descobre que os filmes são um recurso atrativo e geralmente muito bem aceito pelos alunos. O gosto da novidade, [...], faz com que esse professor utilize o recurso em excesso. (2008, p.16).

Desse modo, o professor deve buscar uma integração entre sua prática e os recursos que dispõe de maneira a utilizá-la a seu favor tornando suas aulas mais interessantes, levando em consideração que tanto o seu foco como o da escola é a formação de seus estudantes. Corroborando essa ideia Cortez afirma que:

A busca é pela inovação, pela inclusão de aparatos tecnológicos que possam auxiliar o professor no seu trabalho de ensinar, tornando o processo de aprendizagem por parte do aluno em algo mais próximo de sua realidade e consequentemente mais agradável. (2010, p.13).

38 De tal forma, conforme Côrtez (2010, p.68), “[...] o professor deve aproximar- se das várias mídias, conhecê-las em suas características e modos de funcionamento, para ter, assim, condições de inseri-las criticamente no fazer pedagógico”.

Mesmo que atualmente a maioria das pessoas tenha acesso a filmes, é necessário que o professor prepare-se para utilizar esse tipo de linguagem, levando em conta, como afirma Côrtez que, “[...] o critério essencial da escolha deste ou daquele filme é pautado pelas finalidades pedagógicas que balizam a organização de seu plano de ensino – “o quê” usar depende, assim, essencialmente, de “para quê” será usado [...]” (2010, p.69).

Os caminhos para tal prática são variados, cabendo ao profissional buscar conhecer e adaptar suas ações e propósitos de acordo com os recursos pretendidos para sua aula, pois conforme orienta Modro:

O trabalho com a linguagem visual dos filmes no Ensino Fundamental e Médio, nas diversas disciplinas, pode explorar períodos históricos, as marcas enunciativas deixadas pelos produtores do filme, a interpretação das imagens, saberes interdisciplinares e valores educacionais e didáticos. (2008, p.14). Em relação aos livros, são mais comumente utilizados em disciplinas como Língua Portuguesa, Literatura e História. Um exemplo é o livro de Laurentino Gomes de1808, que traz a história do Brasil de forma ficcional, mas embasada na história real. Tal utilização serve como complemento e também para que o estudante sinta- se nesse ambiente histórico.

Côrtez (2010, p.70), ao escrever sobre os filmes utiliza-se de uma ideia que também é pertinente em relação aos livros: “[...] os conteúdos do ensino, em todas as áreas, não são apenas os conceitos e princípios científicos que as sustentam, mas também (e principalmente!) os valores que dão sentido à ação humana...”, ou seja, o professor não pode ficar “engessado” com a desculpa de que tal recurso não tem utilização em sua disciplina. O professor deve buscar adequar os meios disponíveis as suas necessidades em sala de aula.

Para Modro (2008, p.15): “O fato de a imagem ser muito mais rapidamente percebida e recebida permite que o processo de assimilação por parte do receptor possa ser também mais rápido.” Isso reforça a ideia de utilização do cinema na escola.

39 Sintetizando, a utilização do recurso fílmico deve ser feita de forma planejada e com encaminhamento focado nas atividades. Além disso, possibilita humanizar a prática docente aproximando atividades do mundo exterior da sala de aula com uma estratégia diversificada.

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