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Fig.81 – Alimentação Artificial de Praias, Costa de Caparica,

Fig.77 - Galgamentos de mar, Costa de Caparica,

2014

Foto: autor

Fig.76 - Praia da Costa depois da alimentação artificial de

praias, 2008

Fig.78 - Galgamentos de mar, S. João da Caparica, 2014

Fig.79 – Bloco do Miocénico descoberto na Praia de

S. João da Caparica, 2014

Foto: autor

Fig.80 – Material da Arriba retirado do bloco

descoberto na Praia de S. João da Caparica, 2014

Fig.81 – Alimentação Artificial de Praias, Costa de

Caparica, 2014

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CAPÍTULO 4 | Problemas e Causas Possíveis

A área delimitada como zona de intervenção nesta dissertação é um conhecido caso de estudo no que diz respeito aos problemas existentes nas zonas costeiras. Nesta área em específico, podemos abordar como problemas graves e concretos a erosão, comum a todos os litorais do globo, o recuo da linha de costa, o preocupante desordenamento do território, consequência maioritária da forte pressão urbanística, industrial e comercial, a sobre-exploração de recursos naturais e a vulnerabilidade aos riscos naturais.

Todos estes fatores são de extrema importância e merecem grande atenção e preocupação. Não são factos isolados e podem ser consequência uns dos outros, em que cada problema desencadeia ou agrava outro.

Serão abordados nos pontos seguintes os principais problemas existentes na zona de intervenção, bem como serão referidas as suas possíveis causas.

4.1 | Erosão

A erosão marinha é um problema conhecido em Portugal desde o século XIX e os troços mais vulneráveis são as zonas de costa baixa arenosa (praias), enquanto que os menos vulneráveis são os sistemas de arriba e praia-arriba (ZÊZERE et al., 2006). De acordo estes autores, existem três possíveis causas responsáveis para os problemas de erosão: a diminuição de afluxo de sedimentos ao litoral (responsabilidade sobretudo das barragens), a ocupação desregrada do litoral e por fim, a subida eustática do nível das águas do mar (ZÊZERE et al., 2006).

Segundo DIAS (2005) existem dois fenómenos incompatíveis no litoral, a ocupação humana e a forte redução de fornecimento sedimentar, que juntos ou separadamente contribuem para o problema mais grave e comum das zonas costeiras, a erosão. É de facto bastante preocupante o recuo que alguns troços do litoral português têm sofrido, especialmente na zona que será estudada neste trabalho. São causas da erosão litoral, o deficit de sedimentos fornecidos pelas linhas de água, a degradação antrópica de estruturas naturais, as obras pesadas de engenharia e elevação do nível das águas do mar.

57 Barragens

De todos os fatores que mais afetam o abastecimento sedimentar do litoral são as barragens os mais relevantes e os que mais consequências graves trazem, desde a sua implementação à sua exploração. Numa primeira fase de construção são elevados os volumes de inertes que são movimentados, traduzindo-se num aumento bastante considerável de sedimentos a jusante das obras. Já numa fase de exploração assiste-se a uma “perda de competência” do rio para transportar os sedimentos que ficaram retidos, impedindo assim o abastecimento do litoral (DIAS, 2005). De acordo com o mesmo autor as barragens atuam como “filtros” muito eficazes, impedindo assim a depositação de areias a jusante. Uma outra consequência das barragens é a amortização e/ou eliminação de cheias, o que resulta numa minimização de areias exportadas para a plataforma e, consequentemente, num deficit no abastecimento litoral. Numa situação de cheia a maioria dos sedimentos são exportados da zona estuarina para o litoral e plataforma interna, ou seja, quanto maior é a cheia maior será o volume de sedimentos transportados para o litoral (DIAS, 2005).

A construção de barragens em Portugal iniciou-se no ano de 1965 com a Barragem do Carrapatelo, no Rio Douro. A barragem foi inaugurada no ano de 1972, atingindo 92,050 km2 da bacia hidrográfica do Rio Douro e uma extensão de 40 km (www.wikipédia.pt). As primeiras barragens construídas em Portugal destinavam-se sobretudo ao apoio das atividades agrícolas, mineiras e ao abastecimento da população, surgindo só em 1922 com a função de abastecimento elétrico. A expansão das barragens foi impulsionada pelas dificuldades no abastecimento energético causadas pela 2ª Guerra Mundial, sobretudo nas décadas de 40 a 70 (DIAS, 2005). “Os aproveitamentos hidroeléctricos e hidroagrícolas das bacias hidrográficas que desaguam em Portugal são responsáveis, provavelmente, pela retenção de mais de 80% de areias que eram transportadas pelos rios em regime natural” (DIAS, 2005, pp. 15).

Dragagens Portuárias

Em Portugal a questão das dragagens portuárias assumiu sempre uma pequena dimensão, mas a partir do século XX, com o aumento do tráfego marítimo e a dimensão dos navios, assumiu novas proporções. Segundo DIAS (2005) as dragagens geram novas dragagens, isto porque as zonas dragadas tendem novamente para o assoreamento, obrigando assim a uma nova dragagem. As dragagens inibem a exportação de areias para o litoral, bem como retiram elevados volumes de sedimentos à corrente de deriva litoral.

No Estuário do Rio Tejo é a Administração do Porto de Lisboa (APL) a entidade responsável pela maioria das dragagens, dragando anualmente em média cerca de 800 000 a 1 Mm3 de areias, embora a periodicidade de dragagens seja muito variável (CABRAL, 2010) (Figura 82).

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De acordo com a Engenheira Teresa Sá Pereira da APL (comunicação pessoal), as dragagens realizadas por esta entidade visam sobretudo à manutenção do canal de navegação do estuário do Tejo, sendo as dragagens realizadas aproximadamente de três em três anos, dependendo das necessidades. Segundo a mesma Engenheira no ano de 2013 foi feita uma dragagem de manutenção e a repetição da mesma no ano de 2014 só se deveu ao facto de ser necessária a alimentação artificial de praias na Costa de Caparica. De acordo com a informação recolhida na APL (Engenheira Teresa Sá Pereira, comunicação pessoal) a utilização das areias dragadas é sobretudo na alimentação artificial de praias, não sendo nunca cedidas ou vendidas para a construção civil. Quando não é necessária a utilização destas areias em intervenções de defesa costeira, são depositadas num banco de areia existente na zona do Cachopo norte, por se tratar de um banco de areia importante. Quando questionada sobre o porquê dessas areias não serem utilizadas para refortalecer o banco de areia que ligava o Bugio à Cova do Vapor (golada do Tejo), a APL (Engenheira Teresa Sá Pereira) explica que a quantidade de areias dragadas não é suficiente para restabelecer esse banco de areia e caso fossem lá debitadas as areias dragadas, por serem em quantidade muito reduzida acabariam por se perder no ciclo de sedimentos, optando então por utilizá-las no fortalecimento do banco de areia no Cachopo norte.

Na Costa de Caparica têm sido recorrentes as obras de alimentação artificial das praias, como tentativa de minimizar os impactos do Inverno neste troço do litoral. Após várias tentativas de salvaguardar desta zona, nos últimos anos a alimentação artificial com areias dragadas do canal de navegação do Tejo tem sido a opção tomada e, ao que parece, a mais viável.

Fig.82 - Dragagens no Estuário do Tejo (a vermelho as áreas dragadas pela APL, a azul as áreas dragadas por outras

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