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Figura 6 – Blogs do IFRN – Campus Parnamirim

No intuito de ratificar o processo ensino-aprendizagem, esclarecemos que os produtos resultantes das intervenções revelam o rigor metodológico e a coerência com que os sujeitos pesquisadores, envolvidos no processo, executaram seu plano de trabalho e envolveram os alunos na organização que se estabeleceu. Nesta perspectiva, edificaram os primeiros relatos da utilização da Mídia-Educação com as adaptações sugeridas pela nossa investigação.

Como estratégia de análise, optamos por utilizar os estudos de Bardin (2011) em todo o material produzido pelos alunos. Desse jeito, esta reflexão virá organizada no tópico posterior a esse, seguindo os critérios de inclusão apresentados em cada escola.

De antemão, elucidamos que a organização deste texto busca aproximar o leitor da linguagem dos discentes, materiali- zada durante o período da intervenção e, de modo concomitante, construirá diálogos junto aos autores que tracejaram caminhos e nos subsidiaram ao longo da pesquisa.

Pensando assim, perpassamos todo o processo, desde o esboço inicial até os resultados finais da pesquisa, buscando contribuições, a fim de compreender e inferir de maneira coerente os impactos e legados educacionais dos megaeventos esportivos problematizados no ambiente escolar por meio da Mídia-Educação.

Desvelando o método de análise

A análise de conteúdo surge neste momento como um artifício para encorajar no tratamento dos dados desta pesquisa qualitativa na Educação Física escolar. Na busca de contemplar as demandas necessárias para responder aos objetivos propos- tos, é preciso conhecer não somente os resultados enquanto finalidade, mas sim como um construto a ser desvelado.

Com isso, antes de nos debruçarmos sobre as diretrizes, é necessário compreendê-las como “[...] um conjunto de ins- trumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e con- tinentes) extremamente diversificados” (BARDIN, 2011, p. 15). Permeia ainda pela objetividade na mesma medida que faz uma leitura subjetiva das mensagens. Então, este método nos permite revelar o que ainda está oculto neste processo, todos os aprendizados formais e informais serão dissecados e apresentados nas inferências enquanto interpretações.

Isso se dará, como nos relembra Bardin (2011), não sim- plesmente aplicando um instrumento pronto de investigação, mas sim permanecendo em vigilância crítica constante com as técnicas de ruptura adequadas que permitam uma leitura mais à fundo. Portanto, a partir desses princípios, o autor indica que

na prática esse método se organiza cronologicamente em três etapas: 1) Pré-análise, 2) Exploração do material e 3) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Nesse intento, a nossa pesquisa parte para a primeira etapa da análise de conteúdo, a saber, a Pré-análise. Para tal, retomamos os objetivos da pesquisa e selecionamos os materiais (jornal impresso, revistas digitais e blogs) baseados nas regras de pertinência, exaustividade e representatividade, definindo unidades de registro a partir da leitura flutuante4, ou seja, uma

organização à análise que se sucederá a posteriori.

Desse modo, ressaltamos a relevância da etapa por encon- trarmos nela “[...] a escolha dos documentos a serem subme- tidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final” (BARDIN, 2011, p. 125).

Aqui, se faz essencial compreender o significado de uma hipótese, a qual para Bardin (2011, p. 128) representa:

[...] uma afirmação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de análise. Trata-se de uma suposição cuja origem é a intuição e que permanece suspensa enquanto não for submetida à prova de dados seguros.

Nessa perspectiva, a presente pesquisa contou com a formulação da hipótese de que é possível a apropriação do discurso crítico pelos alunos do Ensino Médio em relação às mídias no contexto dos megaeventos esportivos vigentes, visto 4 Leitura flutuante – “A primeira atividade consiste em estabele-

cer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e orientações. Esta fase é chamada de leitura ‘flutuante’ por analogia com a atitude do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teorias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas sobre materiais análogos” (BARDIN, 2011, p. 126).

que esses escolares conseguiram problematizar os legados tangíveis e intangíveis durante a Copa do Mundo de Futebol 2014 a partir da Mídia-Educação nas aulas de Educação Física, veiculando assim novos discursos.

Seguindo-se nas proximidades da segunda etapa de explo- ração do material, buscamos índices capazes de nos apresentar a comprovação ou a recusa de nossa hipótese, tendo em vista que eles podem “[...] ser a menção explícita de um tema numa mensagem” (BARDIN, 2011, p. 130).

Esses indicadores serão apresentados com mais detalhes no tópico seguinte, intitulado “Análise de conteúdo do mate- rial produzido pelos estudantes”, e serão descritos usando a terminologia de unidades de sentido. Aqui nos deteremos ao momento de codificação em que, para Holsti (apud BARDIN, 2011, p. 130), “[...] é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das características pertinentes do conteúdo”.

Neste momento acontece a organização das unidades de registro, que segundo Bardin (2011, p. 134):

É a unidade de significação codificada e corresponde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, visando a categorização e a contagem frequencial. A unidade de regis- tro pode ser de natureza e de dimensões muito variáveis. Reina certa ambiguidade no que diz respeito aos critérios de distinção das unidades de registro. Efetivamente, exe- cutam-se certos recortes a nível semântico, por exemplo, o “o tema”, enquanto que outros são feitos a um nível aparentemente linguístico, como a ‘palavra’ ou a “frase”. Depois se segue para o recorte e a escolha das unidades de contexto, que aqui serão chamadas pelo termo unidade de sentido, tais como: “consumo”, “torcida” e “estádios”, num universo de 31 encontradas. Para Bardin (2011, p. 137), a unidade de contexto serve como:

[...] unidade de compreensão para codificar a unidade de registro e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registro) são ótimas para que se possa compreender a significação exata da unidade de registro. Esta pode, por exemplo, ser a frase para a palavra e a frase para o tema.

Além disso, a enumeração indicou a recorrência dos ter- mos repetidos e de mesmo significado como mais relevantes. Nesta construção, apontamos a contemplação de seis categorias de conteúdo à análise, sendo: 1) Debates sociais; 2) A busca da perfeição e do desenvolvimento harmonioso; 3) A ética na atividade desportiva; 4) Considerações culturais; 5) Legados esportivos; e 6) Outros temas. Estas recorrências, reorganizadas em categorias, serão analisadas dando “voz” aos alunos em um diálogo com os autores que referenciam a temática.

Por fim e na intenção de adentrarmos mais a fundo na produção midiática realizada pelos estudantes, o próximo tópico trará toda essa análise detalhada e baseada, como já dito antes, na análise de conteúdo de Bardin (2011), sendo as categorias de conteúdo e unidades de sentido os pontos primordiais desse fazer analítico. Dessa maneira, mãos à obra, ou melhor, mãos à análise!

Análise de conteúdo do material