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Figura 11 – Municípios de residência e fluxos dos consumidores atacadistas de feijão –

citações), condimentos (60), castanhas de caju, amendoim e camarão seco (53), carne do sol (51) e frutas (50). Também foram coletadas informações sobre que outros produtos eram adquiridos por este segmento e constatou-se que o Centro de Abastecimento sozinho não consegue fornecer todos os produtos necessários à formação de estoque para os supermercados de bairros e mercearias, bem como os restaurantes. Assim foram organizados os dados a seguir que compõem a tabela 11.

Tabela 11 – Outros estabelecimentos de Feira de Santana utilizados pelos consumidores atacadistas - 2004

Estabelecimento Freqüência % Lojas de Embalagens Distribuidoras Redes de Supermercados Feiras livres Granjas / Abatedouros 76 60 36 20 43 100,0 78,9 47,4 26,3 56,6

Fonte: Pesquisa de campo, 2004.

As lojas de embalagens e distribuidoras são as mais citadas, no caso da primeira, a necessidade de empacotamento dos diversos gêneros comercializados pelos consumidores atacadistas em seus estabelecimentos, leva a procura deste produto em outros locais. No caso das distribuidoras – entenda-se por distribuidoras, empresas atacadistas que dispõem para a venda diversos gêneros alimentícios, de higiene, limpeza, dentre outros - as respostas mais freqüentes foram: (a) encontrar os produtos já empacotados dentro das normas, sem precisar ocupar um funcionário na tarefa de pesar e dividir corretamente as porções; (b) obter num mesmo espaço grande variedade de produtos sem perder muito tempo com deslocamentos; e (c) receber formas de pagamento como cartões de crédito. Muitos dos consumidores atacadistas citaram comprar no Centro de Abastecimento, pelo preço ser mais acessível e ter mais variedade, apesar de encontrarem muitas dificuldades.

As relações comerciais demonstram um maior relacionamento entre os consumidores e os comerciantes atacadistas. Devido ao volume negociado, alguns deles,

utilizam formas de pagamento diferenciada dos consumidores varejistas. Outro fator, a ser considerado, para o entendimento deste item, deve-se à clientela demonstrar fidelidade aos comerciantes e manter uma regularidade na freqüência a este estabelecimento, onde 71% pagam pelo produto em cheque (geralmente pré-datado); cinco por cento utilizam notas promissórias; enquanto 24% pagam em dinheiro.

Os consumidores foram questionados sobre os motivos que levam a adquirirem o feijão no Centro de Abastecimento, as respostas foram subjetivas, porém foram escolhidos os termos mais utilizados pelos consumidores para classificar os seus motivos. Dentre os entrevistados 97,3% citaram o preço como o principal motivo, a qualidade e a variedade também foram itens muito citados, 94,7% escolheram estes itens como importantes fatores.

Aos consumidores atacadistas foi solicitado que formassem um perfil em relação ao Centro de Abastecimento. Chamaram atenção a proximidade das respostas com a dos consumidores varejistas. O comércio no Centro de Abastecimento foi classificado desta forma: bom pela variedade, custo baixo, produtos novos, poder de negociar com o comerciante, mais facilidade de conseguir desconto, negociar melhor o prazo de pagamento, foram os itens mais citados pelos consumidores do atacado.

Em relação às vantagens, os entrevistados acreditam que estas respostas se misturam com a caracterização do comércio, já citado. Quanto às desvantagens, os consumidores atacadistas concordam com os varejistas, o espaço onde estão estabelecidos os comerciantes precisa ser mais bem estruturado. Trocar os toldos por outro tipo de equipamento, período de chuva é muito difícil, molha tudo e no verão, muita poeira. Outros não vêem desvantagens.

Dentre as mudanças, citaram a transferência para um espaço maior, porém não viram como ponto positivo, especialmente pelos comerciantes atacadistas ficarem isolados dos demais setores. Em relação ao futuro comercial do Centro de Abastecimento, os

consumidores atacadistas esperam melhorar o espaço do comércio, fazer uma cobertura que favoreça todos os comerciantes; melhorar o preço para quem compra.

5. 3 A rede varejista na comercialização do feijão

Assim como na rede atacadista de feijão, foi feita a análise dos dados obtidos pelos questionários aplicados entre os comerciantes, fornecedores e consumidores favoreceram a análise da rede de feijão a partir das relações comerciais estabelecidas neste local.

5. 3. 1 Comerciantes varejistas de feijão

Neste subitem são apresentados os dados adquiridos através dos questionários aplicados entre os comerciantes varejistas. A intenção foi destacar os elementos mais importantes, diretamente ligados à realidade deste estabelecimento que constituem os chamados fixos, componentes dessa rede comercial. Foram entrevistados 86 comerciantes entre o período de 28 de agosto de 2004 a 29 de janeiro de 2005, utilizando as segundas-feiras e os sábados, dias de maior movimento. Antes do detalhamento dos questionários, é imprescindível explicar quem são os comerciantes definidos como varejistas. Considerou-se - dentro deste perfil - aqueles que possuem o feijão, à venda, no seu local de trabalho, negociando geralmente entre 500 gramas a 10 quilos por vez, para consumo doméstico. Além

dessa leguminosa, esses comerciantes disponibilizam para a venda farinha, milho, amendoim, derivados da mandioca, como amidos e féculas.

Encontram-se estabelecidos no espaço referenciado pelas fotos anteriores. Seu local de trabalho está organizado em forma de box ou banca de cimento (também chamada de “pedra”) inseridos no galpão do setor de cereais. O local de nascimento foi um dos itens questionados. Assim surgiram os dados que compõem a figura 12. Fora do estado da Bahia, apenas um entrevistado, o que corresponde a 1,2 %. Os outros 98,8 % dividem-se entre baianos nascidos em municípios próximos à de Feira de Santana. O somatório corresponde a 64 % dos comerciantes varejistas. No município de Feira de Santana nasceram 34,8 % dos entrevistados, especificamente nas áreas rurais dos distritos.

Essa predominância de comerciantes nascidos em outros municípios despertou o interesse por investigar as causas que os trouxeram a Feira de Santana. A maioria das respostas resultou na busca de uma melhor chance de adquirir meios de sobreviver com a sua família. Conjuntamente a este motivo, foi citado – fora do questionário - a impossibilidade de retirada do sustento das suas propriedades por motivos, os mais variados, desde perdas seguidas da produção dos roçados, a diminuição do tamanho da terra por partilha entre herdeiros. Desse modo, optaram por tentar a sobrevivência na cidade acatando qualquer tipo de serviço.

Os comerciantes varejistas citaram a realização de várias atividades antes de se dedicarem a esta nova ocupação, porém percebe-se o baixo nível de instrução e qualificação dos mesmos, refletido nas atividades por eles exercidas, 21,0% eram agricultores; 17,5% não tinham trabalho fixo, viviam de pequenos serviços (diarista em fazendas ou residências urbanas, ajudante de pedreiro, ajudante de cozinha, etc.) e 15,1% eram vendedores ambulantes, dentre outros serviços como empregado doméstico/caseiro, vaqueiro, motorista,

pedreiro. O que forma um quadro bastante diversificado entre os comerciantes varejistas do Centro de Abastecimento (Tabela 12).

Um fato na entrevista desperta a atenção, a explicação que todos deram para abandonar o antigo ofício e ingressar neste novo serviço: o avanço da idade e a escassez de trabalho. Desse modo, restou-lhes procurar outro meio de sobrevivência, deparando-se então, com a alternativa de trabalhar no Centro de Abastecimento.

Tabela 12 – Profissões anteriores dos comerciantes varejistas - 2005

Profissão Freqüência % Agricultor Ambulante Empregada doméstica Lavadeira Motorista Pedreiro Vaqueiro Vendedor / Comerciário Não possuía Outros* 18 13 5 6 5 7 2 7 8 15 21,0 15,1 5,8 7,0 5,8 8,1 2,3 8,1 9,3 17,5 Total 86 100,0

Fonte: Pesquisa de campo, 2005. * Sem emprego fixo, fazia bicos para viver.

No que se refere à idade dos comerciantes varejistas é possível observar que existe uma concentração entre aqueles inseridos nas classes de 39 – 45 e 53 – 59 anos (gráfico 2). Esses dados contribuem para a construção do perfil dos comerciantes que buscam o Centro de Abastecimento, enquanto meio de sobrevivência. A concentração ocorre numa faixa etária em que o emprego formal torna-se uma aspiração cada vez mais remota. Estes relataram a dificuldade de conseguir uma colocação no mercado formal, devido ao avanço da idade e assim, terminam por continuar estabelecidos no Centro de Abastecimento. O baixo nível educacional é outro entrave citado pelos comerciantes, dificultando o acesso a melhores oportunidades.