• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A PESQUISA CIENTÍFICA NO BRASIL

2.1.1 Financiamento de pesquisa no Brasil

A estrutura de financiamento da pesquisa no Brasil tem como objetivos proporcionar aos pesquisadores o apoio necessário para que desenvolvam seus trabalhos, sendo que estas podem ser divididas em sete linhas. As quatro primeiras linhas de financiamento estão relacionadas direta ou indiretamente aos ministérios brasileiros, enquanto as três últimas se relacionam ao financiamento de iniciativa privada, oriundo de empresas e do setor industrial. O Grupo Prática Clínica (2016) disponibiliza em seu sitio eletrônico as informações referentes às linhas de financiamento de pesquisas disponíveis no Brasil, sendo elas:

1. Financiamento institucional – atualmente a principal fonte de apoio à inovação do Brasil é o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico). Os recursos são destinados ao financiamento de

projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação nos setores acadêmico e empresarial. Este Fundo inclui o orçamento da agência de inovação FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e da agência de pesquisa CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O financiamento institucional também pode ser obtido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) através de seus próprios institutos de pesquisa;

2. Financiamento indireto – obtido por meio do orçamento de universidades públicas e privadas, institutos e centros de pesquisa. Algumas universidades possuem suas próprias agências/fundações (ex.: Funcamp, Funpar). Geralmente essas agências não possuem orçamento próprio para o financiamento de pesquisa, recebendo seus fundos de agências mantenedoras (CNPq, FINEP, etc.);

3. Financiamento voltado para projetos – o CNPq é uma agência de financiamento de pesquisa do MCT. O financiamento para projetos é distribuído entre dois programas: Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Pesquisa (ligado ao financiamento direto para concessão de bolsas individuais) e Programa de Expansão e Consolidação do Conhecimento Científico e Tecnológico (relacionado ao financiamento de grupos e projetos);

4. Financiamento setorial – O MCT, FINEP e CNPq são os responsáveis por decidir quais os setores com necessidades especiais que serão financiados. Os recursos são alocados no FNDCT e administrados pela FINEP. Os Fundos Setoriais foram criados na perspectiva de serem fontes complementares de recursos para financiar o desenvolvimento de setores estratégicos para o País. Existem 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos (Amazônia, biotecnologia, recursos hídricos, TI, saúde) e dois transversais, um voltado à interação universidade-empresa (FVA – Fundo Verde-Amarelo) e outro destinado a apoiar a melhoria da infraestrutura de ICTs (Institutos Científicos e Tecnológicos). Destes, um é voltado à interação universidade- empresa (FVA – Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infraestrutura de ICTs (Infraestrutura);

5. Empresas privadas dos setores industrial, comercial e de serviços – Muitas empresas provadas possuem fundos próprios para investimento em P&D&I ou

se beneficiam por meio de algum incentivo fiscal (leis de isenção fiscal) como a Lei da Informática), a Lei da Inovação) e a Lei do Bem);

6. Fundações e associações nacionais privadas sem fins lucrativos – Fundos via mecanismos legais ou doações de particulares ou empresas;

7. Financiamentos oriundos de outras organizações nacionais e internacionais e institutos multilaterais – A Fundação Rockefeller, Fundação Ford, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial, UNESCO, UNDP, Organização Mundial da Saúde, World Wildlife Foundation, Fundação Kellogg, Fundação Bill & Melinda Gates, US National Science Foundation e Fundação Volkswagen são apenas alguns dos mais importantes nomes na história da tecnologia e ciência do Brasil.

Percebe-se, dessa forma, que opções para o financiamento de pesquisa existem, devendo o pesquisador buscar a melhor opção para o financiamento de seus projetos. Além disso, o financiamento da pesquisa no Brasil se dá por meio de diferentes sistemas e instituições de fomento, que estão ligadas direta ou indiretamente aos ministérios brasileiros, já os financiamentos institucionais, por exemplo, têm recursos oriundos do próprio orçamento. Assim, o Quadro 1 apresenta a relação das fontes de financiamento, que é composta por: Ministérios, Fundos setoriais, Unidades de Pesquisa e Fundações de Amparo à Pesquisa.

Quadro 1 – Relação das fontes de financiamento para pesquisa no Brasil

(continua)

Ministério de Ciência e Tecnologia

- CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico) - Finep (Financiadora de Estudos e Projetos)

Fundos setoriais

- CT- Aeroáutico - CT- Agronegócio

- CT- Amazônia - CT- Aquaviário

- CT- Biotecnologia - CT- Energia

- CT- Espacial - CT- Recursos Hídricos

- CT- Tecnologia da Informação - CT- Infraestrutura

- CT- Mineral - CT- Petróleo e Gás Natural

- CT- Saúde - CT- Transporte Terrestre

- Verde-Amarelo (Universidade-Empresa) - Ações Transversais Audiovisual

Unidades de Pesquisa

- CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) - CEITEC S.A. (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada)

Quadro 1 – Relação das fontes de financiamento para pesquisa no Brasil

(conclusão)

Unidades de Pesquisa

- CETEM (Centro de Tecnologia Mineral) - CETENE (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste)

- CTI (Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer)

- IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia)

- INPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada)

- IDSM (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá)

- INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) - INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia)

- INT ( Instituto Nacional de Tecnologia) - INSA (Instituto Nacional do Semi-Árido) - LNCC ( Laboratório Nacional de Computação

Científica) - LNA (Laboratório Nacional de Astrofísica) - MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins) - MPEG (Museu Parãnse Emílio Goeldi - ON (Observatório Nacional) - RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa)

Ministério da Educação

- Capes (Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

FAPs (Fundações de Amparo a Pesquisa)

- FACEPE - Pernambuco - FAPDF - Distrito Federal

- FAPEAL - Alagoas - FAPEAM - Amazonas

- FAPEG – Goiás - FAPEMA - Maranhão

- FAPEMAT - Mato Grosso - FAPEMIG - Minas Gerais - FAPEPI – Piauí - FAPERGS - Rio Grande do Sul - FAPERJ - Rio de Janeiro - FAPERN - Rio Grande do Norte - FAPES - Espírito Santo - FAPESB - Bahia

- FAPESC - Santa Catarina - FAPESP - São Paulo

- FAPESPA – Pará - FAPESQ - Paraíba

- FAPITEC/SE - Sergipe - FUNCAP - Ceará

- Fundação Araucária- Paraná - FUNDEC - Mato Grosso do Sul Fonte: (GRUPO PRÁTICA CLÍNICA, 2016).

Conforme apresentado no Quadro 1, os pesquisadores possuem um leque de instituições que que tem por finalidade o financiamento de pesquisas, uma vez que com a elevação de oferta de vagas nem universidades, os recursos destinados ao incentivo de pesquisas deve ser atendido.

Desta forma, deve ser entendido o processo de intensificação da oferta universitária no Brasil. Para Velloso (2013):

Na América Latina, com maior ou menor intensidade neste ou naquele país, o ensino superior passou por notável expansão nos anos 70 e 80, acompanhando tendências já registradas ou em manifestação nos países industrializados. Apesar desse crescimento, as taxas de matrícula na faixa etária geralmente são baixas se comparadas, por exemplo, às de países recém-industrializados da Àsia. Pode-se dizer que, de um modo geral, há,

na região, uma legítima e crescente demanda por vagas, de resto necessárias para que esse nível de ensino possa aportar à contribuição que lhe cabe no desenvolvimento social e econômico de cada país.

Com o aumento da oferta de vagas nas universidades, é notável a necessidade de investimento, também, em pesquisa. Dessa forma, torna-se necessário uma abordagem que expresse as políticas adotadas e implementadas para a pesquisa no país. Salienta-se o número de novas universidades criadas pelo governo federal entre os anos de 2003 a 2010, o que é demonstrado na Figura 1.

Figura 1 - Crescimento do número de universidades entre 2003 e 2010.

Fonte: (MEC, 2014).

Observa-se na figura 1, que em sete anos houve uma ampliação de quatorze universidades públicas no país, com base na política de governo adotada no Brasil. O governo brasileiro, através da Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e do Ministério da Educação, promoveu um incremento no número de universidades, principalmente no que tange à interiorização, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 - Mapa da expansão das universidades pelo País.

Fonte: (MEC, 2014).

Segundo MEC (2014), a Rede Federal de Educação Superior teve sua expansão iniciada em 2003, através da interiorização dos campi das universidades federais. Dessa forma, o número de municípios atendidos pelas universidades cresceu, passando de 114 em 2003 para 237 até o final de 2011. Desde o começo da expansão, foram criadas 14 novas universidades e mais de 100 novos campi, o que possibilitou a ampliação de vagas e a criação de novos cursos de graduação (MEC, 2014).