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2 O NOVO MODELO DE GESTÃO SOCIOASSISTENCIAL APRESENTADO PELO

2.3 O FINANCIAMENTO DO SUAS

O financiamento da Seguridade Social é previsto na CF/88 através do art. 195, que determina o orçamento para o custeio das políticas que compõem a seguridade social brasileira, devendo este ser de fonte própria, financiado por toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais, entre outros36.

Com o SUAS, o financiamento é representado pelos Fundos de Assistência Social composto pelas as esferas de governo Federal, Estadual e Municipal e Distrito Federal. O Decreto Federal nº 1.605/95 em seu Art.1º estabelece que o Fundo Nacional de Assistência

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Constituem receitas do Fundo Nacional da Assistência Social: I - dotações orçamentárias da União; II doações, contribuições em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, que venha a receber de organismos internacionais ou estrangeiros, bem como de pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras; III - contribuição social dos empregadores, incidentes sobre o faturamento e o lucro; IV- recursos provenientes dos concursos de prognósticos, sorteios e loterias, no âmbito do governo federal; V- receitas de aplicações financeiras de recursos do Fundo, realizadas na forma da lei; VI- receitas provenientes da alienação de bens móveis da União, no âmbito da assistência social; VII- transferência de outros Fundos.

Social (FNAS), instituído através da LOAS, tenha como objetivo proporcionar recursos e meios para financiar o BPC e apoiar serviços, programas e projetos de assistência social, em conformidade com o Art. 28º da LOAS.

Conforme estabelecido na PNAS/2004, o financiamento dos benefícios ocorre de forma direta aos seus destinatários e o financiamento da rede socioassistencial através de subsídio próprio, por meio de repasses de recursos fundo a fundo, assim como repasses de recursos para serviços, projetos e programas que venham a ser considerados relevantes ao desenvolvimento da política de assistência social em cada esfera de governo, mediante acordos de critérios de partilha e elegibilidade de municípios, regiões, estados e o Distrito Federal, pactuados nas comissões intergestoras e deliberados nos conselhos de assistência social.

Ainda conforme a PNAS (2004),

deve ser ressaltado no modelo de financiamento em vigor, a fixação de valores per capita, que atribuem recursos com base no número total de atendimentos e não pela conformação do serviço às necessidades da população, com determinada capacidade instalada. Essa orientação, muitas vezes, leva a práticas equivocadas, em especial no que tange aos serviços de longa permanência, que acabam por voltar-se para a manutenção irreversível dos usuários desagregados de vínculos familiares e comunitários. (PNAS, 2004, p. 43)

Essa fixação de valores per capita mostra que o investimento não leva em consideração a estrutura como um todo, será que tal cálculo comporta a qualidade dos serviços oferecidos? O que se percebe é uma precarização nos serviços de longa permanência, como por exemplo, os abrigos e casas lar. Onde o financiamento é insuficiente para a manutenção adequada que o ambiente exige. O Serviço é prestado, mas e a qualidade nos serviços?

A Lei 9.604/98 estabelece que o cofinanciamento federal pode ser viabilizado sem a necessidade de convênios, ajustes ou congênere, desde que cumprido o Artigo 30º da LOAS, observando a destinação de recursos próprios em cada esfera de governo aos fundos de assistência social e compatibilizadas as ações nos Planos de Assistência Social.

Os convênios são estabelecidos conforme as normas do Decreto nº 6.170/2007 e da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU nº 12737, de 29 de maio de 2008. Para que uma entidade ou instituição de assistência social seja conveniada e receba verbas pelos serviços que executa, deve se enquadrar no perfil abaixo conforme o Decreto 6.170/2007, Artigo 1º, parágrafo § 1º, incisos I e VI.

Embora sejam estabelecidas as competências entre os entes federativos, não é estabelecido um percentual exato que deva ser investido na execução da Política de Assistência Social. Não há um percentual definido, exato, que cada ente federativo deve destinar à assistência social, o que torna a transparência nesse financiamento uma questão ambígua. Sendo esta questão uma reivindicação antiga, conforme mostra o NOB-SUAS (2005):

A história demonstra que, nas quatro edições da Conferência Nacional de Assistência Social, nos dez anos desde a promulgação da Lei nº 8.742/93 – LOAS, a proposta pela vinculação constitucional de, no mínimo, 5% do orçamento da Seguridade Social para esta política em âmbito Federal e de, minimamente, 5% dos orçamentos totais de Estados, Distrito Federal e Municípios, tem sido recorrente. Na quarta edição dessa Conferência, realizada em dezembro de 2003, foi inserido um novo elemento às propostas anteriormente apresentadas, ou seja, que os 5% de vinculação no âmbito Federal em relação ao orçamento da Seguridade Social, seja calculado para além do BPC. Isso posto, até que se avance na discussão da viabilidade e possibilidade de tal vinculação, recomenda-se que Estados, Distrito Federal e Municípios invistam, no mínimo, 5% do total da arrecadação de seus orçamentos para a área, por considerar a extrema relevância de, efetivamente, se instituir o co-financiamento, em razão da grande demanda e exigência de recursos para esta política. (NOB-SUAS, 2005, p. 51)

A preocupação com o estabelecimento desses percentuais existe há quase 20 anos, no entanto, esta é uma questão que continua pendente38. A viabilização desse percentual investido permitiria maior transparência por parte dos entes federativos, no planejamento e investimento da assistência social até chegarem aos municípios, o que permitiria um melhor controle social sobre os mesmos.

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Estabelece normas para execução do disposto no Decreto nº 6.170, de 25.07.2007, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse, entre outras providências.

38 Pela relevância da questão, a IX Conferência Nacional de Assistência Social terá como tema "A Gestão e o Financiamento na efetivação do SUAS", que acontecerá entre os dias 16 a 19 de dezembro de 2013, em

2.4 A LEGITIMAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA ELABORAÇÃO DAS