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É eu fiquei muito triste por que eu venho vendo ele falar na sala s 7 de aula que ele so vai da aula este ano porque está doente eu espero

HISTÓRIA DE UMA FLOR (Carlos Drummond de Andrade)

6. É eu fiquei muito triste por que eu venho vendo ele falar na sala s 7 de aula que ele so vai da aula este ano porque está doente eu espero

8. que ele fique bom para dar aula o ano que vem, eu não vou estar aqui 9. mais vem novos alunos para ele da aula.

10. Eu desejo um bom, feliz natal para o senhor ******.

Como se observa neste texto, a cadeia referencial estabelecida pela anáfora pronominal é responsável pela manutenção e progressão temáticas. A anáfora pronominal, fiel e explícita, desdobra-se numa tematização contínua que, mesmo sem alterar o estado do ser referenciado, permite a entrada de novas informações sobre esse ser. De modo que a coesão fica assegurada pela anáfora pronominal que recobre o elemento referencial, pressupostamente conhecido, formando-se a cadeia referencial a que se reportam os elementos novos introduzidos, cujos elementos se constituem como informações que darão sustentabilidade à base argumentativa do texto.

Nesse primeiro momento da análise, identificamos, descrevemos e interpretamos as ocorrências das anáforas pronominais. Esse procedimento foi realizado em todos os textos pertencentes ao corpus, porém dada a impossibilidade de apresentarmos em uma dissertação as análises de todos os textos, mostraremos no quadro abaixo a quantidade total de anáforas pronominais encontradas no corpus, seguida pela quantidade em cada bloco de texto22 e pela respectiva porcentagem.

QUADRO 02: ocorrência de anáforas pronominais por bloco

22

Para efeito de análise, lembramos que decidimos agrupar o corpus em três blocos, sendo o primeiro referente aos textos predominantemente narrativos; o segundo e o terceiro aos textos de base argumentativa. Lembramos, ainda, que a opção em apresentar o corpus em blocos correspondeu à quantidade de solicitação que foram feitas pelo professor.

Total de anáforas pronominais

Blocos Quantidade Percentual

128

I 91 72%

II 16 12%

Como podemos constatar, a maior ocorrência de anáforas pronominais se dá nos textos do primeiro bloco (textos narrativos). Se levarmos em consideração o fato de que o primeiro bloco é o que apresenta a menor quantidade de textos, conforme quadro abaixo, esse índice é bastante significativo.

QUADRO 03: percentual em relação à quantidade de textos que apresentam a anáfora pronominal

Blocos Quantidade de textos

Percentual de textos que apresentam anáfora pronominal I 10 90% II 20 40% III 20 25%

Os dados nos revelaram que a opção dos alunos pela anáfora pronominal como recurso coesivo foi mais recorrente nos textos de caráter narrativo do que nos textos em que predominavam sequências argumentativas. Acreditamos que isso esteja relacionado à própria estrutura das tipologias textuais, uma vez que a forma narrativa permite um maior índice de pronominalização, devido a um elemento básico de sua composição: o personagem – como já foi comentado em outro momento da análise – que por ser um elemento de referência, é retomado diversas vezes para a constituição da trama narrativa.

Averiguamos ainda que nos textos de orientação argumentativa, a pronominalização em 3ª pessoa teve sempre como referentes para as expressões pronominais, pessoas e não objeto; seguindo, portanto, a tendência dos textos narrativos: a de pronominalizar seres animados.

3. 2 A POSIÇÃO E A FUNÇÃO DA REPETIÇÕ LEXICAL E A SUA RELAÇÃO COM O TIPO DE TEXTO

Nesta seção, buscaremos analisar o funcionamento coesivo das repetições na tessitura textual, verificando até que ponto o tipo de repetição pode prejudicar ou não a continuidade e a progressão temática. Desse modo, optamos por apresentar, primeiramente, a quantidade e o percentual das repetições do tipo literal e com variação (quanto ao aspecto da configuração), contígua, próxima e distante (quanto ao aspecto da colocação) e, em seguida, procedermos à análise dos dados e à divulgação dos resultados a que chegamos.

A presença da repetição contígua é praticamente irrelevante, pois empata em 4% tanto em sua manifestação literal ou com variação, sendo apenas 14 ocorrências em todo o corpus analisado, das quais transcreveremos uma passagem relativa a cada manifestação.

Exemplos (23):

Repetição literal contígua: Texto (16)

1º ficar pra mim é beijar archar uma menina e quando não da certo fica dando namoro e quando não fica, fica mesmo na amizade.

Exemplo (24):

Repetição com variação contígua: Texto (25)

Ficar não é novidade e um jato

de ocorrência, e um jat que ocorre todos

os dias porque esses jovens de hoje querem mais e beijar

Em relação à repetição próxima, registramos 256 ocorrências. É um número bastante significativo, levando-se em consideração que mais da metade das

ocorrências de repetição se encontram nessa categoria. Em algumas situações, a R se encontra um pouco distante da M, mesmo assim é possível considerá-la como uma repetição próxima, uma vez que a temática não se rompe.

Exemplo (25):

Repetição literal próxima Texto (27)

Pra nós jovens não é novidade porque os jovens só querem ficar não querem compromisso.

Exemplo (26)

Repetição com variação próxima Texto (48)

A verdade gostei muito pois achei muito legal para mim eu acho você um professor muito exelente

pois gostari que você estivesse mim ensinando no estadual pra min você é um dos melhores professores.

Já no que concerne à repetição distanciada, o corpus analisado ofereceu noventa e nove ocorrências, sendo que o bloco 03 foi o que menos apresentou essa configuração.

Exemplos (27):

Repetição literal distante Texto (04)

Era uma vez uma menina chamada Carla ela

gostava de um garoto o garoto não dava a mínima

para ela ela descobriu que gostava dele quando via ele com outras garotas (...)

Exemplo (28):

Repetição com variação distante Texto (27)

por que pode ser um começo de um relacionamento começa munha aventura é acaba ficando serio.

A seguir apresentaremos as ocorrências da repetição, expondo a quantidade total de repetição literal e com variação encontrada no corpus.

QUADRO 04: ocorrência de repetição literal e com variação

Como se constata pelos percentuais apresentados nos quadros acima, as repetições literais predominam com 56% das ocorrências, ou seja, mais da metade das ocorrências encontradas no corpus. Além disso, as mais frequentes entre as literais são as repetições próximas, com 68%. Entre as repetições com variação, são também as próximas que lideram com 70% das ocorrências.

Esse tipo de predominância no texto escrito é igual ao que Marcuschi (1992) encontrou no texto falado. Entretanto, verificamos em nossas análises, que, se no texto falado esse recurso é fundamental para se estabelecer as estratégias comunicativas de composição textual, no texto escrito nem sempre se pode atestar tal eficácia.

É o que, por exemplo, verificamos, principalmente, nos textos do bloco 02. Nestes, as repetições são, na maioria das vezes, meras repetições que atestam a dificuldade do aluno para desenvolver a temática proposta. Vejamos um exemplo. Exemplo (29):

TEXTO (12)

1. Será que ficar é mesmo novidade?

2. Fica na minha opinião não é novidade porque as pessoas