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Fisiologia: circulação X temperatura X transpiração em indivíduos

2.4 A prática do desporto: integração para pessoas portadoras de deficiência

2.5.1 Fisiologia: circulação X temperatura X transpiração em indivíduos

De acordo com resultado de estudos de Hopman (1993, 1994) e Binkhorst (1995) citado por Hopman [44], em atletas com lesões medulares, três dos quatro factores fundamentais para regular a temperatura são afectados, como: o volume do sangue em circulação, a produção de suor e a superfície da pele disponível.

2.5.1.1 Circulação sanguínea

Durante a prática da actividade física, o calor corporal é concebido primeiro nos músculos activos. O meio de transporte, que envolve circulação sanguínea e condução entre os tecidos, leva o calor até à pele.

Tratando de deficientes com lesões, a abrangência da forma como a circulação é afectada dependerá do nível e da gravidade (completa ou incompleta) da lesão. Por exemplo: uma lesão completa em T6 e T10 não afectará a função cardíaca. Contudo, o sistema simpático de vaso constrição abdominal e órgãos da pelve, não está presente abaixo desse tipo de lesão. A regulação das glândulas de suor e o controlo do fluxo sanguíneo para os músculos e pele abaixo da lesão, também são danificados.

Com uma lesão completa em T10 ou abaixo, haverá a perda do centro de regulação de vasoconstrição da região pélvica, a redução de fluxo de sangue para as pernas (músculos e pele) e uma actividade de transpiração reduzida, abaixo do nível da lesão.

2.5.1.2 Temperatura

No que diz respeito à temperatura do corpo, em indivíduos sem lesão, sabe-se que a faixa de variação da temperatura corporal central – coração, cérebro, órgãos torácicos e abdominais e do sangue nos principais vasos centrais – fica em torno de (36ºC) a (37,5ºC) nos adultos. Quando o aumento dessa temperatura corporal provocados por febres, prática de exercício e no stress térmico se eleva acima de (43ºC) a (45ºC), o indivíduo corre risco de vida. A temperatura corporal baixa especificamente para o limite inferior da faixa normal no sono e na exposição ao frio [42].

Durante a actividade física, os atletas que têm um comprometimento provocado por lesão medular enfrentam riscos de estress provocado pelo calor, esse risco pode ser maior em indivíduos que tenham lesão acima da T6, porque, como possuem capacidade de transpiração reduzida, são inaptos de aumentar os batimentos cardíacos quando o sangue precisa de ir para os dois locais, músculo e pele [43, 44 ].

É sabido, que o controlo da temperatura corporal envolve dois tipos básicos de resposta a perda de calor e a produção de calor. Enquanto é praticada uma actividade física, ocorrem reacções químicas nas células. Alguma dessa energia é libertada em forma de calor. Com o aumento da velocidade das reacções químicas, nas fibras musculares, no momento da contracção, aumenta a produção de calor, o que eleva a temperatura corporal.

Se o problema fisiológico envolve a queda da temperatura, o sistema nervoso central trabalha imediatamente provocando calafrios, que são rápidas contracções dos músculos esqueléticos. O movimento muscular aumenta a produção de calor até 18 vezes acima do nível ideal. Esse aumento na produção de calor, durante o calafrio, colabora na

manutenção da temperatura corporal até aos seus valores normais e, aos poucos, essa regulação corporal recobra até atingir o nível ideal [42].

Relativamente à temperatura do corpo, em indivíduos com lesões medulares, alguns estudos de Hopman (1994) demonstram que, em repouso, a temperatura das pernas desses indivíduos era de (32ºC), cerca de (4ºC) abaixo da temperatura da pele acima do nível da lesão (próximo a 36ºC), o que caracteriza deficiência no fluxo de sangue nessa zona. Quando esses indivíduos são colocados a praticar actividade física, verifica-se que a temperatura do tronco aumenta para (38ºC), enquanto que a temperatura das pernas aumenta para (34ºC). De acordo com a autora parte do calor produzido no desenvolvimento do exercício é enviado pelo sangue para as pernas, o que explica o aumento de temperatura abaixo da lesão [44].

2.5.1.3 Transpiração

A actividade física amplia a perda de água de duas formas distintas: pela elevação da frequência respiratória que acarreta aumento da perda de água pelas vias respiratórias, em igual medida à ventilação pulmonar e pela elevação crescente do calor do corpo que pode dimanar em sudação excessiva.

Alguns níveis de actividade física acima do necessário, podem originar o excesso de energia e calor, esse necessita ser dissipado, para evitar o aumento da temperatura do corpo. É importante referir que os baixos níveis de actividade física conduzem a uma queda na temperatura do corpo, caso o calor disponível não seja preservado por um isolamento apropriado [42].

O principal mecanismo defensor do corpo contra o aquecimento demasiado é a sudação seja: pela exposição a um ambiente quente, pelo aumento do metabolismo e pela prática de actividades físicas. É a evaporação o único meio de que o organismo dispõe para equilibrar a temperatura e minimizar o calor. No momento em que a temperatura da pele é menor que a do ambiente, o corpo recebe calor por condução e radiação do meio. As glândulas sudoríparas, em caso de calor, são responsáveis pela libertação de imensa quantidade de suor na superfície da pele para que ocorra um rápido arrefecimento do corpo pela evaporação [42].

Quanto à transpiração em lesados medulares Hopman [44] cita que Hopman (1994), demonstrou, através de testes, que em ambientes relativamente quentes, o meio mais importante de dissipação de calor é através da evaporação do suor. Para a autora, existe uma relação linear entre a produção de suor e a libertação de suor, e também uma relação linear entre a produção de suor e o tamanho da superfície acima da lesão medular que se encontrava em funcionamento, isso para pessoas normais e para pessoas com lesões abaixo de T6. Relativamente aos indivíduos com lesões acima de T6, foi verificado que atingiram equilíbrio entre produção e dissipação de suor durante o exercício.