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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.4 FLOTAÇÃO EM BANCADA

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A Figura 18 mostra os gráficos dos efeitos principais dos fatores dosagem de metassilicato de sódio (depressor) e dosagem de oleato de sódio (coletor) sobre as variáveis resposta analisadas em pH 7: recuperação mássica, massa específica do concentrado e do rejeito, para um nível de confiança de 95%.

Observa-se pela análise dos gráficos de efeitos principais que a dosagem de coletor é o fator de maior influência sobre as variáveis resposta em análise. O aumento da dosagem de coletor afetou, de modo a aumentar a recuperação mássica bem como a massa específica dos concentrados. A dosagem de depressor, por sua vez, afetou pouco as variáveis recuperação mássica e massas específicas do concentrado e do rejeito. No entanto, o aumento da dosagem de depressor apresentou um efeito significativo na massa específica do concentrado, de modo a diminuí-lo.

Figura 18 - Gráficos dos efeitos principais sobre as dosagens de metassilicato de sódio e oleato de sódio sobre as variáveis resposta: recuperação mássica, massas específicas dos concentrados e rejeitos para

nível de confiança de 95%, para um nível de confiança de 95%.

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Os gráficos de interação da dosagem de metassilicato de sódio (depressor) e dosagem de oleato de sódio (coletor) sobre as variáveis respostas analisadas (recuperação mássica, massas específicas do concentrado e do rejeito) nos ensaios de flotação em pH 7 estão apresentados nas Figuras 19.

Pela Figura 19 observa-se ligeira interação entre as dosagens de oleato de sódio e metassilicato de sódio para as variáveis respostas analisadas. No entanto, a relação entre a dosagem de depressor e a massa específica do rejeito depende da dosagem de oleato de sódio empregada. O aumento da dosagem de depressor em relação cada dosagem de coletor analisada, diminuiu a recuperação mássica e a massa específica do concentrado. No caso da massa específica do rejeito, o aumento da dosagem de depressor levou a sua diminuição para a menor dosagem de coletor (750 g/t), e o seu aumento, quando empregada a maior dosagem de coletor (1500 g/t).

Figura 19 - Gráficos de interações dos efeitos principais referentes à influência das dosagens de metassilicato de sódio e oleato de sódio sobre as variáveis respostas: recuperação mássica, massas

específicas dos concentrados e dos rejeitos para nível de confiança igual a 95%.

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Os gráficos de cubo dos efeitos dos fatores dosagem de metassilicato de sódio (depressor) e oleato de sódio (coletor) sobre as variáveis respostas: recuperação mássica, massa específica do concentrado e do rejeito para um nível de confiança de 95%, estão mostrados na Figura 20.

Pelos gráficos de cubo (Figura 20) observa-se que, para maior dosagem de oleato de sódio (1500 g/t) e menor dosagem de metassilicato de sódio (150 g/t), foram obtidas maiores recuperações mássicas e maiores massas específicas nos concentrados. Enquanto, para menor dosagem de oleato de sódio (750 g/t) e maior dosagem de metassilicato de sódio (600 g/t), foram obtidas menores recuperações mássicas e menores massas específicas nos concentrados e nos rejeitos. De maneira geral, pode-se dizer que houve diferença significativa nos valores das variáveis respostas analisadas: recuperações mássicas (diferença 49,2%), massa específica do concentrado (diferença de 0,16) e rejeito (diferença de 0,29). Logo, faz-se necessário em trabalhos futuros, mudar os níveis dos fatores testados, especialmente da dosagem de metassilicato de sódio para maiores concentrações.

Figura 20 - Gráficos de cubo referente à influência das dosagens de metassilicato de sódio e oleato de sódio sobre as variáveis resposta recuperação mássica, massas específicas dos concentrados e dos

rejeitos para nível de confiança igual a 95%.

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Comparando-se as massas específicas dos concentrados e dos rejeitos obtidos, conforme mostrado na Tabela 7, com a massa específica da alimentação, verificou-se que os concentrados apresentaram menores massas específicas que a alimentação (3,45 g/cm3), enquanto os rejeitos apresentaram maiores massas específicas que a alimentação. As menores massas específicas dos concentrados, quando comparadas com a alimentação e com o rejeito, indicaram que os mesmos apresentaram menores teor de Fe que a alimentação e que os rejeitos. Logo, a flotação direta da amostra de itabirito dolomítico estudada, utilizando o sistema oleato de sódio/metassilicato de sódio, apresentou baixa seletividade na separação entre a hematita e os minerais de ganga.

Os resultados dos ensaios realizados em pH 9, apresentados na Figura 21, mostram que foram obtidos maiores valores para recuperação mássica e massas específicas do concentrado (flotado) e do rejeito (afundado) para as duas dosagens estudadas em pH 9 (150/1500 e 600/1500 g/t de depressor/coletor) quando comparados com os resultados dos testes realizados com as mesmas dosagens em pH 7. Tais resultados indicam que, para os ensaios em pH 9, foram obtidos rejeitos com teores de Fe ainda maiores e concentrados com teores de Fe ligeiramente maiores quando comparados com os valores alcançados em pH 7.

Pela Figura 21, observa-se que foi obtida maior recuperação mássica para menor dosagem de metassilicato de sódio (150 g/t). Esse efeito, provavelmente, está relacionado com a flotação de dolomita, uma vez que a dosagem de depressor testada foi insuficiente para depressão da mesma.

86,64

72,99

65 70 75 80 85 90

150 600

Rec. Mássica (%)

Metassilicato de sódio (g/t)

3,33 3,26

3,81 3,82

2.9 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9

150 600

Peso específico (g/cm3)

Metassilicato de sódio (g/t) Flotado "conc." Afundado "rej."

Figura 21 - Resultados dos ensaios de flotação em pH 9 e dosagem de oleato de sódio de 1500 g/t

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Diante deste cenário apresentado anteriormente, visando a obtenção de concentrados de itabirito dolomítico com maiores teor de Fe, sugere-se a realização dos ensaios empregando maiores dosagens de metassilicato de sódio e a realização de estudos, com a aplicação do sistema oleato de sódio/silicato de sódio, utilizando outros tipos de silicatos de sódio (módulo 2,22 e 3,33) como depressor em diferentes dosagens.

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6 CONCLUSÕES

A caracterização física da amostra indicou que o d80 foi de 150 μm, o d50 foi de 75 μm e o d25 foi de 10 μm, a massa específica do minério de 3,45 g/cm3, a área superficial específica de 1,023 m2/g e o tamanho médio dos poros de 2,29.101 Å. Após etapa de remoção finos e ultrafinos obteve-se um d10 de 10 μm.

Os minerais identificados por difração de raios X foram: dolomita, hematita, quartzo e talco.

Os ensaios de solubilidade indicaram que o minério apresentou elevada solubilidade em água em pH neutro e que os reagentes metassilicato de sódio e silicato de sódio (módulo 3,33), ao adsorverem no mineral, impedem a solubilização do mesmo.

Os níveis testados dos fatores dosagem de metassilicato de sódio e oleato de sódio não deram resultados satisfatórios na recuperação mássica e, provavelmente, nos teores dos concentrados obtidos, pois não se verificou mudanças significativas das massas específicas tanto do flotado (concentrado) como do rejeito (afundado).

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