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1 INTRODUÇÃO

5.5. EXTRUSÃO DE IRRIGANTES E DETRITOS PARA

5.5.1 Fatores que interferem na extrusão

5.5.1.2 Fluxo de irrigação e profundidade de penetração da agulha

A velocidade com a qual o irrigante atinge as paredes do canal radicular é um fator relevante para o efeito de lavagem por ele promovido e para sua efetiva atuação em determinadas áreas do canal radicular, influenciando diretamente a efetividade da irrigação (BOUTSIOUKIS et al., 2007). O emprego de um elevado fluxo do irrigante está associado à extrusão do conteúdo do canal radicular para a região periapical (FUKUMOTO; YOSHIOKA; SUDA, 2004; BOUTSIOUKIS; PSIMMA; VAN DER SLUIS, 2013; BOUTSIOUKIS; PSIMMA; KASTRINAKIS, 2014); assim sendo, evitá-la é uma indicação para reduzir esse risco. Entretanto, não se tem conhecimento de qual é o fluxo do irrigante capaz de provocar extrusão, e não existe uma definição ou consenso sobre um valor que caracterize o fluxo do irrigante empregado como alto ou baixo para a irrigação endodôntica. Também não está determinado o valor ótimo de fluxo a ser empregado, de modo a garantir segurança à região periapical e, dessa forma, ao paciente (BOUTSIOUKIS; PSIMMA; VAN DER SLUIS, 2013; PARK; SHEN; HAAPASALO, 2012).

Boutsoukis e outros (2007) mensuraram o fluxo do irrigante obtido durante a irrigação convencional do canal radicular realizada por dentistas que atuam na endodontia. Apesar de todos os envolvidos na pesquisa admitirem a importância do emprego de um fluxo baixo de irrigante para impedir a ocorrência da extrusão para a região periapical, constatou-se que o valor do fluxo do irrigante variou entre 0,6

mL/min e 60 mL/min. Os investigadores ressaltaram a dificuldade de padronização e controle do método de irrigação realizado por seringa e agulha.

Park e outros (2013) avaliaram, por meio do clareamento de um gel previamente corado, a pressão no periápice promovida por diferentes tipos de agulha empregados em fluxos de irrigação entre 1 e 15 mL/min utilizadas a 1, 3 e 5 mm do forame apical. Os resultados demonstraram que houve uma relação direta entre o aumento do fluxo do irrigante e o clareamento do gel quando as agulhas foram posicionadas a 3 mm do ápice. Entretanto, um platô de clareamento foi atingido com o fluxo de 4 mL/min, e todas as agulhas possibilitaram o clareamento entre 2 mm e 3 mm de extensão do gel. Uma relação de dependência também foi encontrada entre o aumento do fluxo do irrigante e a pressão no periápice. Quando as agulhas foram posicionadas a 3 mm e a 1 mm do ápice, foi detectada uma pressão entre 0,34 mm Hg a 52,43 mm Hg e 0,38 mm Hg a 87,26 mm Hg, respectivamente. Os autores ressaltaram que não existem dados sobre a pressão necessária para provocar a extrusão do irrigante para a região periapical. Contudo, os dados de pressão observados excederam a pressão correspondente àquela dos capilares quando a irrigação foi realizada próxima ao forame, mesmo em baixo fluxo, representando risco potencial para extrusão.

A quantidade de irrigante extruído foi avaliada em uma simulação de dentes com ápice aberto. Trinta incisivos centrais superiores tiveram seus canais padronizados em 9 mm e foram distribuídos em dois grupos (n=15); seus ápices foram alargados para o diâmetro de 1,10 mm e 1,70 mm por brocas de piso #3 ou #6, respectivamente, com o intuito de simular dentes com rizogênese incompleta. As raízes foram inseridas em frascos de vidro de 10 mL contendo solução salina. Na tampa dos frascos, foi posicionada uma agulha com o objetivo de coletar o líquido extruído pela abertura apical da raiz, que foi mensurado em uma seringa de insulina. A solução irrigadora foi inserida por seringa e agulha 27G, posicionada a 2 mm ou a 4 mm do término da raiz. Verificou-se que a profundidade de penetração da agulha e o diâmetro apical interferiram na extrusão do irrigante. No grupo com o diâmetro apical de 1,10 mm, não foram encontradas diferenças significativas na extrusão do irrigante nas duas profundidades de penetração da agulha. No grupo com diâmetro apical de 1,70 mm, foi observado um aumento de 32% do volume extruído na profundidade de penetração de 2 mm quando comparada com a de 4 mm. O grupo de maior diâmetro apical apresentou o maior volume de irrigante extruído, com

aumentos de 34% e 68% nas profundidades de penetração a 2 mm e a 4 mm, respectivamente (AKSEL et al., 2014).

Boutsioukis, Psimma e Kastrinakis(2014) avaliaram, entre outros aspectos, o efeito da taxa de fluxo e a profundidade de inserção da agulha na extrusão do irrigante. Trinta e dois dentes foram irrigados com 2 mL de NaOCl a 2,5%, empregando-se diferentes taxas de fluxo de irrigação, de 0,14 mL/s e de 0,26 mL/s, e posicionando-se a agulha de irrigação no canal entre 1 mm e 3 mm apicais. Uma sonda de condutividade foi utilizada para detecção do volume do irrigante extruído do dente no modelo experimental utilizado. Os resultados obtidos demonstraram que o aumento no fluxo do irrigante implicou um maior volume de irrigante extruído e, à medida que se distanciou a agulha de irrigação do comprimento real de trabalho, menor a extrusão encontrada. A posição da agulha a 1 mm do CRT possibilitou maior extrusão do que a 3 mm do CRT. Os autores concluíram que o fluxo do irrigante e a profundidade de inserção da agulha empregados durante a irrigação têm efeito significativo para a extrusão.

Chang, A. Cheung e G. Cheung (2015) analisaram o efeito do fluxo de injeção na extrusão apical em canais simulados. Em um sistema fechado, 3 mL de água destilada foram injetados em fluxos programados de 50, 100, 200 ou 300 μL/s ou manualmente por meio de seringa acoplada a dois tipos de agulha. Os canais foram instrumentados até os diâmetros 25.06, 30.06 ou 40.06. O método de avaliação empregado foi a pesagem dos blocos de resina antes e após a irrigação, e o valor encontrado entre as pesagens determinou a quantidade de material extruído. A extrusão foi detectada em todos os espécimes indiferentemente do aspecto testado. O fluxo de injeção foi considerado um fator significativo para a extrusão, e foi mais evidente quando superior a 100 μL/s; a quantidade de extrusão foi mais variável e em maior quantidade na injeção manual do que na programada, e a média de fluxo de injeção manual esteve entre 88 e 137 μL/s, sendo maior entre os homens participantes da amostra.

Utilizando-se a radiografia digital e a subtração de imagens para avaliar-se a influência do fluxo da irrigação e da profundidade de penetração da agulha na extrusão do irrigante e na limpeza dos canais radiculares, 12 incisivos inferiores humanos com canal único foram instrumentados e, após ampliação foraminal com diferentes diâmetros (LK #40 e #60), os canais radiculares foram preenchidos com solução de contraste radiológico espessada com propilenoglicol e óxido de zinco.

Foram utilizados dois tipos de agulha de irrigação 27G com diferentes desenhos (abertura apical ou lateral), dois fluxos correspondentes a 15 ou a 25 mL/min, com penetração das agulhas em duas profundidades (a 3 mm e a 6 mm aquém do ápice). A extrusão foi uma ocorrência comum a todos os protocolos de irrigação avaliados, entretanto, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para os diferentes fluxos de irrigação e posicionamento das agulhas (TANOMARU-FILHO et al., 2014).

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