• Nenhum resultado encontrado

A trama normal de AMS (Fig. 4) é a principal trama magnética encontrada nos diques estudados já que a maioria dos diques apresenta esse tipo de trama. Essa trama é interpretada com sendo devido ao fluxo de magma no preenchimento das fraturas e a direção de Kmax permite inferir a direção do fluxo de magma. Esta interpretação é feita com base nos indicadores de fluxo encontrados no campo. Embora tenha sido amostrado tanto as bordas como o centro dos diques (amostragem simétrica, 2F), não foi encontrado imbricações tanto de Kmax e Kmin em relação ao plano do dique que permitisse inferir o sentido da injeção de magma, como encontrado por; Knight and Walker (1988), Herrero-Bervera et al. (2001) e Geofroy et al. (2002).

Os 4 diques colocados no primeiro evento (IB-12, IB-36, IB47 e IB-126, Tabela-1), foram alimentados por fluxos de inclinados (30° < Kmax < 60°) a horizontais (Kmax < 30°), como mostrado pela inclinação de Kmax, sendo o fluxo mais inclinado dado pelo IB-126 que aflora no sul da Ilha, sugerindo uma possível fonte nesse local.

Os diques colocados no terceiro evento (Fig. 13A) foram alimentados por fluxos horizontais, inclinados e verticais (Kmax > 60°), como indicado pela inclinação de Kmax, sugerindo que alguns diques estavam afastados da fonte (câmara magmática) e outros estavam próximos a ela. Os diques com fluxos inclinados e verticais afloram n porção S-SW da Ilhabela (Fig.2), sugerindo que uma possível fonte de alimentação dos diques poderia estar posicionada nessa área, provavelmente uma reativação da fonte que gerou os diques do primeiro evento.

5. CONCLUSÕES

As anisotropias magnéticas determinadas nos diques toleíticos da Ilhabela mostraram resultados surpreendentes, permitindo inferir até o número de eventos intrusivos responsáveis pela colocação dos diques, o que faz com que as técnicas de anisotropias magnéticas sejam relevantes nesse tipo de situação. Nesse sentido, cabe enaltecer os resultados dados pela AARM, que por ser mais trabalhosa que a AMS, ainda é pouco usada em enxame de diques.

Os resultados obtidos nessa pesquisa permitem concluir que:

- A AMS definiu três tipos de tramas magnéticas, com relação ao plano do dique, Normal,

Intermediária e Inversa.

- A trama normal de AMS é a principal encontrada para os diques, uma vez que a maioria dos diques apresenta essa trama.

- O estudo do magnetismo de rocha mostra que não há diferença nem na mineralogia magnética nem no tamanho dos grãos magnéticos para as diferentes tramas de AMS. Os grãos de magnetita PSD-MD são os responsáveis pela suscetibilidade magnética das amostras e pelas tramas dadas pelo tensor de AARM.

- As tramas de AMS intermediária e inversa não podem ser atribuídas ao tamanho de grão (efeito SD). A trama intermediária de AMS é interpretada como de origem primária, onde o próprio magma foi responsável pela abertura da fratura. A trama inversa de AMS é interpretada com de origem tectônica. As tramas de AARM para as tramas inversas de AMS são também inversas e, portanto, de origem tectônica.

- A comparação das tramas dadas pela AMS e AARM permite inferir que os diques foram colocados em três eventos tectônicos distintos, que provavelmente sejam os mesmos responsáveis pela colocação dos diques toleíticos aflorantes em São Sebastião-Ubatuba. - A direção de AARMmax para os 4 diques do primeiro evento são concordantes com a direção de Kmax dos diques com tramas inversas de AMS. Essas direções são aproximadamente coincidentes com a direção das tensões responsáveis pela abertura do Atlântico Sul (Chang et al., 1992). Parece que as tramas inversas (de AMS e AARM) estão registrando a paleotensão responsável pela abertura do Oceano Atlântico.

- A inclinação de Kmax para os diques colocados no terceiro evento permite inferir que os diques foram alimentados por fontes localizadas a S-SW da Ilhabela.

REFERÊNCIAS

Almeida, F.F.M, Del-Ré C., Mizusaki, A.M.P., 1996. Correlação do magmatismo das bacias da margim continental com o das aeras emersas adjacentes. Rev. Bras. Geocienc., 23, 125-138.

Almeida, F.F.M., 1986. Distribuição regional e relações tectônicas do magmatismo pós-Paleozoico no Brasil. Rev. Bras. Geocienc., 16, 325-349.

Borradaile, G. J., Henry, B., 1997. Tectonic applications of magnetic susceptibility and its anisotropy. Earth Sci. Rev. 42, 49-93.

Chang, H.K., Kowwsmann, R.O., Figueiredo, A.M.F., Bender, A.A., 1992. Tectonics and stratigraphy of the East Brazil Rift system: an overview. Teconophysics, 213, 97-138. Constable, C., Tauxe, L., 1990. The bootstrap for magnetic susceptibility tensor. J. Geophys.

Res. 95, 8383-8395.

Coutinho, J.M.V., 2008. Dyke swarm of the Paraná triple junction, Southern Brazil. Rev. Geol. USP, Ser. Cient, 8, 29-52.

Day, R., Fuller, M., Schmidt, V. A., 1977. Hysteresis properties of titanomagnetites: grain-size and compositional dependence. Phys. Earth Planet. Inter. 13, 260-267.

Deckart, K., Féraud, G., Marques, L.S., Bertrand, H., 1998. New time constraints on dyke swarms related to the Paraná-Etendeka magmatic province, and subsequent South Atlantic opening, southeastern Brazil. J. Volcanol. Geoth. Res. 80, 67-83.

Ferré, C.E., 2002. Theoretical models of intermediate and inverse AMS fabrics. Geophy. Res. Lett., 29(7).

Garda, G.M., Garda, B.M., 2001. Quimismo dos minerais máficos e óxidos em diques alcalinos e de composições básicas a Intermediárias da região costeira entre São Sebastião e Ubatuba, Estado de São Paulo. Rev. Geol. USP, Ser. Cient, 1, 17-44.

Geoffroy, L., Callot, J. P., Aubourg, C., Moreira, M., 2002 Magnetic and plagioclase linear fabric discrepancy in dikes: a new way to define the flow vector using magnetic foliation. Terra Nova, 14, 183-190.

Herrero-Bervera, E., Cañon-Eapia, E., Walker, G.P.L., Guerrero-Garcia, J.C., 2002. The Nuuanu and Wailau giant landslides: insights from paleomagnetic and anisotropy of magnetic susceptibility (AMS) studies. Phys. Earth planet. Inter. 129, 83-98.

Herrero-Bervera, E., Walker, G. P. L., Cañon-Tapia, E., Garcia, O. M., 2001. Magnetic fabric and inferred flow direction of dikes, conesheets and sill swarms, Isle of Skye, Scotland. J. Volcanol. Geotherm. Res.106, 195-210.

Jackson, M., 1991. Anisotropy of magnetic remanence: a brief review of mineralogical sources, physical origins and geological applications, and comparison with susceptibility anisotropy. Pure Appl. Geophys. 136, 1-28.

Jackson, M., Sprowl, D., Ellwood, B. B., 1989. Anisotropy of partial anhysteretic remanence and susceptibility in compact black shales: grain-size and composition-dependent magnetic fabric. Geophys. Res. Lett. 16, 1063-1066.

Jelinek, V., 1981. Characterization of the magnetic fabric of rocks: Tectonophysics 79, T63-T67.

Knight, M. D., Walker, G. P. L., 1988. Magma flow direction in dikes of the Koolau Complex, Oahu, determined from magnetic fabric studies. J. Geophys. Res. 93, 4301-4319.

Kratinová, Z., Závada, P., Hrouda, F., Schulmann, K., 2006. Non-scaled analogue modeling of AMS development during viscous flow: a simulation on diaper-like structures. Tectonophysics, 418, 51-61.

Park, K., Tanczyk, E. I., Desbarats, A., 1988. Magnetic fabric and its significance in the 1400 Ma Mealy diabase dykes of Labrador, Canada. J. Geophys. Res. 93, 13689-13704. Raposo, M. I. B., Berquó, T.S., 2008. Tectonic fabric revealed by AARM of the Proterozoic

mafic dike swarm in the Salvador city (Bahia State): São Francisco Craton, NE Brazil. Physics of the Earth and Planetary Interiors 167 (2008) 179–194.

Raposo, M. I. B., Chaves, A. O., Lojkasek-Lima, P. D´Agrella-Filho, M. S., Teixeira, W., 2004. Magnetic fabrics and rock magnetism of Proterozoic dike swarm from the southern São Francisco Craton, Minas Gerais State, Brazil. Tectonophysics, 378, 43-63.

Raposo, M.I.B., 2017. Magnetic fabrics of the Cretaceous dike swarms from São Paulo coastline (SE Brazil): Its relationship with South Atlantic Ocean opening. Tectonopysics, 721: 395-414

Raposo, M.I.B., Ernesto, M. & Renne, P.R, 1998. Paleomagnetism and 40Ar/39Ar dating of the Early Cretaceous Florianópolis dike swarm (Santa Catarina Island), Southern Brazil. Physics of the Earth and Planetary Interiors 108: 275-290.

Renne, P.R., Deckart, K., Ernesto, M., Féraud, G., Piccirillo, E.M., 1996. Age of Ponta Grossa dike swarm (Brazil), and implications to Paraná flood volcanism. Earth Planet. Sci. Lett., 144, 199-211.

Rochette, P., Aubourg, C., Perrin, M., 1999. Is this magnetic fabric normal? A review and case studies in volcanic formations. Tectonophysics 307, 219-234.

Rochette, P., Jackson, M., Aubourg, C., 1992. Rock magnetism and the interpretation of anisotropy magnetic susceptibility. Rev. Geophys. 30, 209-226.

Stephenson, A., Sadikum, S., Potter, D. K., 1986. A theoretical and experimental comparison of the anisotropies of magnetic susceptibility and remanence in rocks and minerals. Geophys. J. R. Astro. Soc. 84, 185-200.

Turner, S., Regelous, M., Kelly, S., Hawkesworth, C., Mantovani, M.S.M., 1994. Magmatism and Continental break-up in the South Atlantic: high precision 40Ar/39Ar geochronology. Earth Planetary Science Letters, 121, 333-348.

Figura – 1. Mapa de localização de todos os diques amostrados na Ilhabela;

toléiticos, lamprófiros e alcalinos félsicos. Os números indicam os sítios

amostrados. Não é possível destacar somente os toleíticos porque eles

ocorrem nos mesmos locais dos demais.

A B

C D

E F

Figura – 2. Modo de ocorrência dos diques da Ilhabela. (A) dique toleítico com

enclaves da encaixante, (B) dique toleítico (IB-45) cortando um dique de lamprófiro (IB-44), (C) dique toleítico (IB-45) falhado pela intrusão de um dique alcalino felsico (IB-46), (D) vários diques paralelos com composição distinta IB-55 toleítico e IB-56 lamprófiro , (E) dique toleítico 51) lado a lado com um dique de lamprófiro (IB-52), (F) dique toleítico mostrando que a amostragem foi simétrica (sempre que possível).

Falhado

IB-45 IB-46

Documentos relacionados