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A busca do aumento da produtividade e qualidade dos frutos implica no conhecimento de parâmetros relacionados ao manejo da água aplicada na irrigação. Muitas regiões brasileiras, entre elas as produtoras de frutas do Nordeste, necessitam de irrigação praticamente durante todo o ano para viabilizar a produção. Portanto, o conhecimento das necessidades hídricas para o manejo da água na fruticultura irrigada é indispensável para a já mencionada melhoria da produtividade e qualidade dos frutos.

O aumento na cobrança dos órgãos públicos pelo emprego de sistemas de irrigação mais eficientes acompanhado da implantação da cobrança pelo uso de água, que já está em andamento, e das exigências do mercado por produtos certificados,

irrigação localizada. Nesse sistema de irrigação, o volume de água aplicado é reduzido e restrito a uma parcela de solo, reduzindo-se as perdas por evaporação e drenagem, tornando a transpiração o principal elemento a ser determinado para o manejo de água em pomares (COELHO FILHO, 2002).

No manejo da irrigação, tem sido freqüentemente utilizada a estimativa da evapotranspiração, calculada a partir dos dados climáticos da região e de uma cultura de referência, de características conhecidas. A evapotranspiração estimada desta maneira é afetada por um coeficiente relativo à cultura em questão, o coeficiente da cultura (Kc), obtendo-se a evapotranspiração da cultura (DOORENBOS; PRUITT, 1977; ALLEN et

al., 1998). Esta metodologia tem levado a resultados relativamente bons em muitas

situações, sobretudo em culturas com cobertura baixa e uniforme. No caso de culturas com certo desenvolvimento acima do nível do solo e anisotrópicas, como é o caso das plantas lenhosas (pomares em geral), verifica-se por vezes um apreciável desajustamento nas estimativas. Nestes casos a medição da evapotranspiração apresenta maiores dificuldades do que em cobertos baixos e heterogêneos (PAÇO, 2004).

A técnica lisimétrica de determinação da evapotranspiração apresenta limitação no caso de árvores de grande porte. A principal restrição está no elevado custo do equipamento, principalmente quando se trata de lisímetros de pesagem, o que dificulta a repetição nos estudos. Diante disso, nas duas últimas décadas, tem-se dado ênfase à medida de fluxo de seiva no caule como indicador da transpiração, principalmente se a escala de tempo usada é igual ou menor que um dia.

Dentre os diversos métodos para a determinação direta do fluxo de seiva em plantas lenhosas, destaca-se aquele baseado na técnica do pulso de calor, que tem ganhado espaço pela possibilidade de monitoramento individualizado e contínuo da água na planta, em curtos intervalos de tempo.

O método da sonda de dissipação térmica (MDT) é um deles e vem sendo bastante utilizado pelo seu princípio simples e pela boa sensibilidade às variações de fluxo de seiva. Foi desenvolvido por Granier (1985) e relaciona a velocidade de dissipação de calor, aplicado num ponto do tronco, com a densidade de fluxo de seiva. Ele se baseia na utilização de duas sondas com sensores de temperatura que se inserem radialmente no tronco, permitindo determinar a diferença de temperatura entre ambas. Uma delas, colocada em posição superior, é aquecida através de uma resistência. A segunda, colocada no mesmo plano vertical que a primeira, está à temperatura de referência, ou seja, à temperatura natural dos tecidos do tronco. A distância de

separação entre sondas evita que o calor aplicado influencie a medição da temperatura de referência (sonda inferior). Parte do princípio que a variação temporal da diferença de temperatura entre esses pontos é ocasionada pelo transporte conectivo de calor pela seiva.

Outro método bastante utilizado é o de balanço de calor do tronco que se baseia na aplicação de calor a um determinado volume do caule e na utilização da equação do balanço energético desse volume para o cálculo do fluxo de seiva como relacionado com o termo residual da perda por convecção. Inicialmente utilizado em plantas anuais, foi adaptado por Valancogne e Nasr (1989) para utilização em árvores de pequeno a médio porte.

Granier (1985) calibrou o seu método em laboratório, primeiro com três espécies de plantas lenhosas e, posteriormente, com outras seis, verificando que uma única equação de calibração pode ser utilizada. Em função disso, propôs o uso dessa equação em qualquer planta lenhosa de diâmetro de caule superior a 4 cm.

Pesquisas têm mostrado que o método pode apresentar fontes de erros, sendo uma delas a determinação da área condutora de seiva no caule (área efetiva do xilema) e outra já evidenciada o efeito da carga radiante sobre a planta, gerando um gradiente térmico natural ao longo do caule, que interfere na medida do sensor e, conseqüentemente, na estimativa do fluxo de seiva (DELGADO-ROJAS et al., 2006).

O método de Granier apresenta a vantagem de ser relativamente menos dispendioso em relação a outros métodos de medição de fluxo de seiva, permitindo aumentar o número de plantas amostradas e, conseqüentemente, obter medições de transpiração mais representativas ao nível da parcela. Tem-se verificado, contudo, em muitas situações a existência de uma subestimativa, quando se efetuam comparações metodológicas.

Resultados de transpiração, encontrados por Ferreira et al., (1997), utilizando o método de Granier, concomitante com o método das flutuações instantâneas e com um método de balanço de calor, mostraram uma subestimativa superior a 30% do método de Granier em relação aos demais.

Os resultados de transpiração obtidos por Paço (2003), através da medição do fluxo de seiva com o método de Granier e com o método do balanço de calor, no período entre os dias 171 a 202 do ano de 1998, para pessegueiro, mostraram uma acentuada subestimativa nas medições com o método de Granier em relação às

medições com o método do balanço de calor. Idêntica situação, embora não tão pronunciada, foi encontrada por Rojas (2003) em citros.

Ferreira e Silvestre (2004), utilizando o método das sondas de dissipação de calor, em vinhas, na região de Alenquer, Portugal, encontraram valores de transpiração (Tr) variando de 0 a 2,5 mm dia-1 e para a relação Tr/ETo valores variando de 0 a 0,5.

Oliveira et al. (2009) em trabalho usando o princípio do balanço de calor caulinar, conduziram estudo com quatro variedades de manga (Tommy Atkins, Palmer, Haden e Van Dyke), em Cruz das Almas, BA, no qual relacionou transpiração máxima (T – L m-2 dia-1) com evapotranspiração de referência (ETo – mm dia-1) e área foliar (AF – m2). Encontraram que a transpiração (L planta-1) variou linearmente com a área foliar (T = 1,621 x AF) e também com a evapotranspiração de referência (T = 0,44 x ETo x AF), independente da variedade estudada. Encontraram ainda uma variação da transpiração, ao longo do estudo, de 0,36 a 3,00 L m-2 folha dia-1.

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