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Fluxograma de entradas e saídas no processo de produção em offset

A tabela 1.8 apresenta o fluxograma típico de entradas e saídas do processo de produção em offset e estabelece como pode ser feita a observação de cada etapa sob o

5 Mais informações sobre esse processo são obtidas com a aplicação do instrumento de coleta de dados,

ponto de vista das matérias-primas. Na coluna de “entrada”, são listados os insumos e materiais necessários á realização, enquanto na saída são “listados” os resíduos e efluentes, como conseqüência à realização de cada etapa. É importante observar que esse fluxo pode ser alimentado de acordo com uma série de particularidades de cada empresa e/ou serviço executado.

Tabela 1.8 – Fluxograma simplificado do processo de impressão offset

(Fonte: BARBOSA et. al., 2009, p.19).

1.5 Comunicação das políticas ambientais

As ações apresentadas têm por objetivo oferecer à gráfica a possibilidade de controle do consumo de suas matérias-primas, o que pode proporcionar maior controle econômico e ambiental de suas atividades. Agregada a essas soluções, deve haver uma proposta que busque a transparência ambiental da organização. Essa teoria, defendida por Goleman (2009), apresenta que análise do impacto ambiental deve incorporar todo o ciclo de vida do produto e todas as suas consequências, apresentando essas informações ao consumidor. Ou seja, a transparência deve ser tão radical quanto possível:

Transparência radical significa acompanhar todo o impacto de um produto, da fabricação à eliminação – não apenas seu traço de carbono e outros custos ambientais, mas também seus riscos biológicos, além de suas consequências para aqueles que atuaram em sua produção –, e resumir esses

impactos ambientais para os compradores na medida em que eles decidem o que comprar (GOLEMAN, 2009, p. 71).

Grandes iniciativas atuais procuram seguir um conceito que é muito parecido com o defendido por Goleman. No Brasil, por exemplo, foi sancionada a Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e impõe obri- gações aos empresários, aos governos e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos. A Lei prioriza a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Deverá ser implementado um conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fa- bricantes, importadores, distribuidores, etc. para minimização do volume de resíduos sólidos, bem como pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. Isto significa que fabricantes, comerciantes, entre outros responsáveis devem receber embalagens e produtos após o uso pelo consumidor. O processo de recolhimento desses materiais é conhecido como logística reversa, que é caracterizado da seguinte forma:

São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma inde- pendente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (LEI Nº 12.305, 2010, Art. 33).

Promover essa responsabilidade nas organizações é uma grande realização. Um desa- fio para outro momento seria estimulá-las a reportar essas atividades, sobretudo através de relatórios específicos. Feito isso e o modelo estará bem próximo do pensa- mento de “transparência radical”, proposto por Goleman.

“O relatório de sustentabilidade é a principal ferramenta de comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações” (ETHOS, 2009). Seu processo de elaboração exige a definição dos indicadores e a comunicação com os públicos de interesse6

6 Públicos de interesse é uma expressão utilizada por vários autores em tradução ao termo stakeholders, que

congrega grupos de acionistas, sindicatos, clientes, etc. Alguns autores utilizam grupos de interesse.

. A publicação desses relatórios podem inclusive oferecer aos consumidores novos critérios na escolha da empresa a contratar. Imagine o caso das gráficas, onde os clientes poderiam optar por uma empresa que utiliza papel certifi- cado, não expõe os trabalhadores a produtos químicos e causa menos danos ao meio ambiente no controle de seus resíduos. Alguns modelos disponíveis para elaboração de relatórios de sustentabilidade serão vistos posteriormente nessa dissertação.

Uma constatação é que o comprometimento com esse tipo de informação ainda é muito pequeno nas corporações, e ainda mais crítico nas empresas gráficas. Na prin- cipal fonte de referência do setor no país – o 13º Anuário Brasileiro da Indústria Grá- fica (ABIGRAF, 2009a) – mais de duas mil empresas gráficas são relacionadas por porte, localização, processos utilizados, entre outros dados relevantes. A tabela 1.9 apresenta os maiores mercados gráficos do Brasil, relacionando um estado para cada macrorregião. Na região Sul, por exemplo, o estado com maior número de empresas gráficas é o Paraná; na região Sudeste, São Paulo, e assim por diante. Pernambuco não está representado, pois possui apenas o terceiro maior mercado do Nordeste com 432 gráficas em atividade, atrás de Bahia (644 gráficas) e Ceará (446 gráficas).

A tabela 1.9 apresenta ainda que São Paulo possui 6.172 empresas, sendo o maior mercado gráfico do país (contém 33,5% de todas as gráficas). Na macrorregião Sul, a indústria gráfica paranaense é a mais representativa – composta por 1.545 gráficas em atividade. A Bahia apresenta a maior quantidade de gráficas da região Nordeste, com 644 empresas. No Centro-Oeste, Goiás é o maior mercado com 548 gráficas, enquanto no Norte, o estado do Pará possui 179 de todas as gráficas da região.

Tabela 1.9 – Maiores mercados gráficos do país em número de empresas,

apresentados por macrorregião, com a relação das empresas certificadas ISO 90001 e/ou 14001 (*no estado de São Paulo, foram consideradas apenas

as empresas com mais de 200 funcionários) (Fonte: Elaboração própria, a partir de ABIGRAF, 2009a, dados de 2007).