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Fluxos de exportações das empresas brasileiras presentes

Fonte: Arcgis, Bahia Farm Show e endereço eletrônico das empresas. Elaboração: Reis, (2015)

O mapa ilustra os fluxos mundiais, demonstrando que o município de Luís Eduardo Magalhães/BA constitui-se um espaço de fluxo, elucida importância do local frente à globalização, esclarecendo que o contexto sobre o qual se realizou a análise, evidencia que esta escala não é um mero ponto funcional propício ao processo de reprodução do capital, mas é base para a confluência de interesses de diversas escalas, a partir de ações delineadas pelos agentes locais. Isso significa que a realidade supõe certa funcionalidade do local em relação ao projeto expansionista do capital, mas sem abandonar o fato de que as empresas nacionais que expõem na Bahia Farm Show foram convencidas pelos agentes locais de que ali havia possibilidades de fechamento de grandes negócios. À medida que o evento foi se consolidando, estas empresas foram estimuladas a prestar mais atenção e atender as demandas dos produtores locais em função da peculiaridade das condições geomorfológicas, hidrográficas e climáticas do município.

Quanto à emergência do localismo, o mapa 08 representa os processos competitivos e fragmentadores, alem dos vínculos verticais que constituem o tipo de localismo que tem emergido no município de Luís Eduardo Magalhães/BA. Neste, as verticalidades, tanto em termos espaciais, quanto político-institucionais, preponderam, evidenciando a relação local-global em detrimento daquelas estabelecidas entre local-local, e uma atmosfera política marcada por conservadorismos que implicam na verticalização das decisões (não há uma ampla abertura para a participação da população) que na maioria das vezes privilegiam as elites dominantes.

Nesse sentido, entendemos que a realidade demonstra que o projeto elaborado pelos agentes de LEM, foi bem sucedido, porém falta ouvir outras vozes e vislumbrar outras possibilidades de construção da política e da economia local contando com participação total e não parcelar da população, visando a equidade e justiça espacial.

O mapa 08 também estimula o retorno às ações de marketing territorial, ou melhor, à efetivação do processo de promoção e venda do território destacado por Vieira (2008). A presença estrangeira em LEM não é por acaso, mas um produto dos processos singulares que orientam a administração municipal, na qual a tônica fundamental é a visibilidade do território. Em 2015, o reflexo do projeto empreendido pelos agentes é a presença de empresas exportadoras no âmbito municipal e uma feira de negócios, que conta com a presença de empresas brasileiras consolidadas

no cenário nacional e internacional, denotando a importância do local para o agronegócio nacional e internacional.

A escala nacional completa o sentido de multiescalaridade, que discutimos anteriormente, em termos de construção mútua de uma realidade ímpar no estado da Bahia, afinal, em torno da Bahia Farm Show, convergem elementos globais, nacionais e locais que devem ser compreendidos através do localismo. Ressaltamos, ainda, que a relação nacional-global, através da exportação de máquinas e equipamentos agrícolas, chama a atenção para um quadro pouco observado, pois estamos acostumados à ideia de que o Brasil é exportador de produtos primários e estes dados mostram que também fornecemos produtos industrializados ao exterior. Logo, é nítida a relevância da BFS diante do contexto nacional e internacional; aglutinando interesses e objetivos comerciais e políticos.

A existência de um evento/feira de Negócios no Nordeste, especificamente no oeste da Bahia, com características que a aproximam da ideia de novidade de modernidade e riqueza, reitera que os antigos discursos de abandono e atraso foram substituídos por uma ideia de progresso, desenvolvimento econômico e integração mundo globalizado. Substituição também se aplica, em relação ao imaginário que temos sobre as feiras nordestinas: o ambiente tradicional, quase festivo, da proximidade e informalidade, traduzido pelos autores que estudaram as feiras livres no início do século XX, cedeu espaço para um complexo no qual as relações são costuradas entre empresas nacionais e estrangeiras, bancos públicos e privados e consumidores com elevado poder aquisitivo.

A feira, a qual a população do Nordeste está habituada, é onde o excedente da produção de subsistência é vendido nos fins de semana. A Bahia Farm Show, ao contrário, é um evento anual no qual produtores de toneladas de grãos e cereais investem grandes volumes de dinheiro na compra de tecnologias agrícolas, capazes de ampliar a produtividade, com vistas para o atendimento do mercado externo.

Após realizarmos esta análise, concluímos que o espaço de fluxo, através da Bahia Farm Show, também pode ser constatado a partir da presença das empresas transnacionais originárias de diversos países. Estas são concessionárias ou empresas que atuam no país por meio de escritórios, geralmente localizados na cidade de São Paulo. Trata-se de empresas que seguem a lógica do mercado global e, assim, com uma produção voltada ao setor agrícola, é comum estarem presentes em feiras como a BFS. Isso corrobora com a compreensão dos autores que serviram

de base para a discussão de eventos, quanto à afinidade entre o evento/feira, à realização de negócios e à lógica do mercado sob os desígnios econômicos (BRAZ, 2008). Identificamos 06 empresas estrangeiras com presença direta na Bahia Farm Show e 14 concessionárias, totalizando 20 empresas estrangeiras expondo no evento, em seguida, construímos o gráfico 03, através do qual é possível constatar o protagonismo da atuação das empresas norte-americanas, seguidas pelas alemãs e japonesas.

Gráfico 03 - Origem das empresas estrangeiras presente na BFS - 2015

Fonte: BFS; endereço eletrônico das empresas.

Mapeamos estes fluxos, destacando as empresas que participam diretamente do evento e as concessionárias de produtos estrangeiros. Dentre as empresas com participação direta, destacamos: Basf S/A (Alemanha); Bauer Irrigation Equipamentos Agrícolas (Áustria); Eaton (Estados Unidos); GSI (Alemanha); Monsanto (Estados Unidos) e Netafim (Israel). No mapa 09, explicitamos estes fluxos, sendo que o conjunto de linhas azuis representa as empresas com participação direta na BFS e o conjunto de linhas vermelhas representa as empresas que participam da feira através de concessionárias.