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As ocorrências de queimadas em áreas tropicais e subtropicais da América do Sul são monitoradas pelo radiômetro de alta resolução, ligados a satélites que repassam dados ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os maiores registros de focos de queimadas são os relacionados a queima em áreas canavieiras no Brasil estendendo-se em todas as regiões (FREITAS et al., 2005).

Focos em várias regiões do Brasil na região noroeste ocorrem durante os meses de janeiro a abril e no nordeste a ocorrência de outubro a janeiro, enquanto que no centro-oeste do Brasil e na borda da região Amazônica ocorrem nos meses de julho a outubro (FREITAS et al., 2005).

As figuras 58 a 60 ilustram focos acumulados de queimada referente ao período seco e ao período chuvoso entre o ano de 2006 e 2008 no Estado do Rio de janeiro. As ilustrações referem-se ao fato de identificar focos de queimada, possivelmente relacionados à queima de canaviais em Campos dos Goytacazes e regiões adjacentes. Além disso, pôde-se observar que os maiores focos de queimada relacionam-se ao período de safra entre os meses de junho a outubro. As imagens foram retiradas do banco de dados do CPTEC/INPE.

Figura 58: Focos acumulados de queimada no Rio de Janeiro para os meses de julho e agosto de 2006 (período seco) e entre os meses de novembro de 2006 a fevereiro de 2007 (período chuvoso).

Figura 59: Focos acumulados de queimada no Rio de Janeiro entre os meses de abril a agosto de 2007 (período seco) e entre os meses de novembro de 2006 a fevereiro de 2007 (período chuvoso).

Figura 60: Focos acumulados de queimada no Rio de Janeiro para setembro de 2007 (mês do período seco) e entre os meses de outubro de 2007 a fevereiro de 2008 (período chuvoso).

9 DISCUSSÃO

Neste capítulo serão discutidos os resultados referentes às análises dos parâmetros coletados para Niterói e Campos dos Goytacazes, na Lagoa de Cima e UENF.

A justificativa para o uso do coletor de deposição total neste estudo foi avaliar principalmente o aporte de N orgânico, até então não verificados nas águas de chuva de Niterói e Campos dos Goytacazes. A utilização de coletores de deposição total tem sido empregada quando o interesse do estudo focaliza a estimativa do aporte total atmosférico. Entende-se que a composição química do coletor de deposição total não promove uma compreensão minuciosa da deposição atmosférica.

9.1 CONDUTIVIDADE E MEDIDAS DE pH

O valor médio de condutividade em Niterói (21,1 µS cm-1) para as águas de chuva coletadas ficou abaixo do valor encontrado em outros trabalhos na literatura similares a área de influência costeira tropical (CAMPOS et al., 1998; SOUZA et al., 2006). Campos et al. (1998) apresentaram média de 30,7 µS cm- 1, enquanto a condutividade média em estudo realizado por Souza (2006) foi 41,2µS cm-1.No entanto, quando comparados a Região Metropolitana de SP com condutividade média de 18,7 µS cm-1 (LEAL et al., 2004), a Itatiaia, RJ (Região Serrana) com valores de 4,5 e 7,8 µS cm-1 (DE MELLO; ALMEIDA, 2004) e em Teresópolis, RJ (Região Serrana) com condutividade média de 7,2 µS cm-1 (RODRIGUES et al., 2007), a média da condutividade neste trabalho ficou acima.

Os valores de pH (4,1 a 5,8) e MPV de 5,1 neste estudo encontraram-se entre a faixa de valores de pH (3,5 a 6,8) e MPV igual a 4,8 dos valores pretéritos encontrados em Niterói (DE MELLO, 2001). Souza et al. (2006) encontraram valores de pH entre 4,3 a 6,3 e MPV igual a 5,2, enquanto o estudo de Leal et al. (2004) indicaram que 55% das amostras de águas de

chuva foram ácidas (pH < 5,6), sendo que uma das amostras apresentou valor de pH inferior a 4,0 em área urbana de São Paulo.

De acordo com de Mello (2001), Niterói é influenciada pela deposição ácida. Valores maiores ou menores a 5,6 representam uma atmosfera que contém compostos, frequentemente de origem antrópica, que modificam as características naturais (MIRLEAN et al., 2000).

Os maiores valores de pH provavelmente são decorrentes da emissão da NH3 da Baía de Guanabara próximo às fontes amostradas em Niterói. A NH3 emitida para a atmosfera atua como agente de neutralização reagindo com ácidos na mesma, e ainda, os produtos formados correspondem a sais de amônio encontrado no material particulado (SPOKES et al., 2000; FELIX; CARDOSO, 2004).

O inventário global de fontes apresentado por BOUWMAN et al. (1997) sugere que a NH3 dos oceanos contribua com 15% das fontes emitidas para a atmosfera. Quinn et al. (1998) através de medições realizadas simultaneamente na fase gasosa e águas oceânica sugeriu o oceano como umas das fontes de emissão de NH3 para a atmosfera de até 12 µg N m-2 h-1. Contudo, a taxa de emissão de NH3 estimada na Baía de Guanabara foi 370 µg N m-2 h-1 (GUIMARÃES; MELLO, 2006), 30 vezes maior que o valor encontrado por Quinn et a. (1998).

Outra possível fonte de neutralização para o pH das águas de chuva, refere-se à presença natural de aerossóis marinhos que possivelmente, depositam no coletor de deposição total aberto todo o tempo e que as reações solvolíticas dos ânions de ácidos fracos (HCO3-, CO32-, B(OH4)-, PO43-) agregados aos aerossóis, geralmente formam sistemas tampão (CAMPOS et

al., 1998) elevando o valor do pH.

A condutividade média da UENF (28,6 µS cm-1) esteve de acordo com os resultados apresentados na literatura em área semi-urbana (PELICHO et al., 2006) com valores que variaram entre 18 a 40 µS cm-1 durante os 4 anos de coleta, enquanto na Lagoa de Cima, a condutividade foi maior (72,6 µS cm-1).

A variação dos valores de pH na UENF (4,3 a 7,6) distribuídos ao longo do período estudado oscilou em torno do pH da água da chuva em equilíbrio

com o gás carbônico atmosférico (Figura 32) e os valores de pH na Lagoa de Cima variaram entre 4,4 a 9,2 (Figura 33). A MPV para UENF e Lagoa de Cima foram respectivamente 6,5 e 6,2. Provavelmente, os valores da MPV acima de 6,0 podem estar relacionados à influência do pasto pela criação de gados que representam fonte de emissão de NH3.

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