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Figura 4 - Composição da População, por Sexo. Marliéria/MG, 1950-1996

MULHERES HOMENS

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A pirâmide etária do município de Marliéria, como evidencia o Quadro 3, acompanha, de certa forma, o padrão brasileiro, salientando-se um predomínio da população jovem, embora com redução gradativa; enquanto que a população idosa se eleva a uma taxa crescente (IBGE, 1970; IBGE, 1980 e IBGE, 1996). Observa- se que, entre 1970 a 1996, houve uma notável modificação na composição etária da população de Marliéria: a população de jovens diminuiu, aumentando-se a população de velhos.

Quadro 3 – Composição da População, por Grupos de Idade, na cidade de Marliéria/MG – 1970 a 1996 ANOS 1970 1980 1996 Grupos de População (Nº) (%) (Nº) (%) (Nº) (%) Jovem 2.495 56,12 2.260 55,15 1.642 43,2 Adulta 1.739 39,11 1.584 38,65 1.721 45,3 Velha 212 4,77 254 6,20 437 11,5 Total 4.446 100 4.098 100 3.800 100

FONTE: IBGE: Censos Demográficos. (1970/1980)

Para 1996: Contagem Populacional. MINAS GERAIS. (1996).

Tal fato pode ser justificado devido à falta de atrativos, tanto produtivos como educacionais ou culturais: a cidade possui escolas de ensino fundamental e médio e não oferece um bom mercado de trabalho, seja no meio urbano ou rural. Desta forma, grande parte da população jovem emigra para outras cidades em busca de trabalho ou mais estudos. A população mais velha permanece na cidade, sobrevivendo, em sua maioria, de aposentadorias.

A respeito do ambiente econômico do Município de Marliéria, pode-se observar que a base da sua economia sempre esteve ligada à produção agrícola e a pecuária. O que era produzido no município servia para o sustento dos seus habitantes e o excedente era comercializado fora. Esta economia começou a sofrer significativas transformações, principalmente após 1960, quando se instalaram na região grandes empresas dedicadas a siderurgia e mineração, entre elas: Usiminas, ACESITA, Belgo Mineira e Vale do Rio Doce. Para atender ao crescimento da região, principalmente quanto ao escoamento da produção destas empresas, foi modernizada a ferrovia Vitória - Minas e pavimentadas as rodovias de acesso à capital Mineira e outros centros importantes. Nesta época, atraída pela exuberante floresta, a CAF (Companhia Agrícola Florestal Santa Bárbara), que pertence ao

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grupo Belgo Mineira, se instalou na região, iniciando a produção de carvão vegetal e derrubando a mata nativa.

Após esse período, a CAF iniciou o plantio de eucalipto para manter a produção de carvão destinado à siderúrgica. Nesse momento aconteceu a grande mudança nos aspectos econômicos e fundiários do município. Se antes, a produção de grãos, leite e carne eram as maiores fontes de renda e de emprego local, dessa vez, o carvão tornou-se o principal produto e a CAF passou a ser a grande proprietária de terras da região (PREFEITURA MUNICIPAL DE MARLIÉRIA, 1998a).

A expansão da atividade carvoeira marcou profundamente a paisagem rural e urbana, transformando o habitat natural, principalmente com a implantação de extensas áreas de reflorestamento e modificando o padrão de vida dos habitantes da região, marcando o perfil etário, especialmente o dos jovens, que foram cada vez mais atraídos para as áreas urbanas vizinhas em busca de melhores salários. Essa faixa da população, economicamente ativa, deixava as propriedades para se tornar trabalhadora de companhias; havendo, assim, um desestímulo ao cultivo de cereais em pequenas propriedades.

Com o passar dos anos foram ocorrendo mudanças no mercado carvoeiro: a adoção de novas tecnologias aliada aos impactos naturais negativos da produção do carvão vegetal, fez com que as siderúrgicas passassem a utilizar o coque importado. A partir desta fase a CAF reduziu suas atividades, diminuindo seu quadro de funcionários, passando o município por outra fase: aquela posterior ao carvão vegetal.

Com a redução das atividades da companhia (CAF), ou seja, queda na produção do carvão vegetal, as pequenas propriedades voltaram a ser uma opção de emprego com atividades no ramo da pecuária leiteira, especialmente. Hoje em dia, o município de Marliéria mantém as suas atividades econômicas ligadas ao setor agropecuário (gado de leite e lavouras temporárias de milho, feijão e arroz), produção de banana (90.000 cachos) e laranja (90.000 frutos). Em 1983, ocupava a 21ª posição na arrecadação microrregional de ICMS, com 0,02% do total arrecadado. Vale ressaltar que Ipatinga, João Monlevade e Timóteo participam com cerca de 93% do total microrregional.

Em 1984, a bovinocultura era a atividade que mais contribuía para arrecadação municipal de ICMS (51%). Seu principal produto era o leite, com

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uma produção bastante expressiva, considerando que, grande área do município estava ocupada por eucaliptos.

Dados do IBGE (1991) relativos à População Economicamente Ativa (PEA), apresentam setores de atividade, com predomínio do Setor Primário, nas Atividades Agropecuárias e Extração Vegetal (Figura 5). O setor terciário (comércio e serviço) de Marliéria conta com 12 estabelecimentos comerciais na sede urbana, predominando os do ramo alimentício (bares e armazéns); uma loja de mercadorias variadas (tecidos, alimentação e outros) e uma de ferragens.

Grande parte dos estabelecimentos funciona em regime familiar, geralmente empregando apenas uma ou duas pessoas. O município conta, na sede, com um Posto de Saúde (estadual) e com um laboratório de análises clínicas para exames de rotina. Trabalham em Marliéria um médico e um dentista. Funcionam na sede municipal uma agência bancária e uma pensão.

As atividades do setor agropecuário tradicional permanecem numa situação histórica de estagnação ou de subsistência e, até mesmo, de decadência social e econômica. É baixa ou quase inexistente a capacidade para a aquisição de equipamentos novos, de insumos modernos e, até mesmo de melhoria das condições básicas. A situação econômica atual pode ser retratada na Figura 6, que mostra, em termos gerais, as classes de rendimento nominal médio mensal do chefe do domicílio, no município de Marliéria, onde mais da metade está incluída na classe dos sem rendimentos, ou seja, não possuem salário fixo mensal.