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3. METODOLOGIA

3.4 Fonte e tratamento de dados

Os dados referentes ao número de internações por leishmaniose e dengue, bem como o valor médio de internações ocasionados por estas doenças, foram obtidos junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde –

15 Maiores detalhes ver Apêndice A e resultados da pesquisa. 16

DataSUS (SUS, 2011). Mais especificamente, os dados foram oriundos do Sistema de Informação Hospitalar do SUS – SIH/SUS, que é gerido pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Assistência à Saúde em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

Os dados sobre leishmaniose e dengue, bem como de diversas outras endemias, apresentam uma serie de informações sobre os indivíduos que contraíram a doença, como município de residência, sexo, faixa etária, mês e ano da internação, valor médio da internação, dias de permanência etc. As informações sobre morbidade por local de residência vão de 1984 a 2007 por município. Porém, somente a partir de 1992 foram disponibilizados dados para leishmaniose e dengue ao nível municipal para o Brasil.

Deve-se ressaltar ainda que a não utilização do número de casos, ao invés de internações por endemia, se deu devido a falta de informações em nível municipal para estes dados. Somente a partir de 2001 o Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN passou a disponibilizar este tipo de informação. Antes desse período, era de responsabilidade de cada Estado da Federação enviar os dados referentes às endemias ocorridas em seus municípios para o Ministério da Saúde (SAÚDE, 2012). Deste modo, optou-se por utilizar como proxy o número de internações por residência, dadas as limitações apresentadas.

A tabulação dos dados de leishmaniose e dengue ocorreu da seguinte maneira: a linha como sendo os municípios, a coluna como sendo o mês de processamento, e os dados como as internações, que correspondem a quantidade de Autorizações de Internação Hospitalar pagas no mês de análise, sendo que de acordo com o DATASUS (2012), não se considera que tenha havido nova internação pela mesma pessoa.

Deve-se ressaltar que até 1997, inclusive, era utilizada a 9ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-9), em que não se discriminava qual o tipo de leishmaniose (cutânea, cutânea-mucosa, visceral) e dengue (clássica e hemorrágica) o paciente contraia. A partir de 1998, passou-se a utilizar a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), que já disponibilizava essas informações. Entretanto, apesar de já haver essa classificação em 1998, optou-se por utilizar a soma de todos os tipos de leishmaniose e também dos tipos de dengue, pois haveria uma perda considerável de dados ao se desmembrar pelos tipos de endemias considerando-se apenas de 1998 a 2002.

Para estimar as equações (10) e (11), utilizou-se a quantidade de internações por leishmaniose e dengue respectivamente, para o período de 1992 a 2002 (10 anos), uma vez as informações climáticas estão disponíveis até 2002. Os dados de temperatura e precipitação observadas para o período atual foram obtidas a partir da base CL 2.0 10' do Climate Research Unit, da University of East Anglia (CRU,2012). Tanto as informações sobre clima como das endemias estão em nível municipal, no entanto, alterações ocorridas no número, área e fronteira dos municípios tornam as comparações intertemporais inconsistentes. Sendo assim, para permitir estas comparações, foi preciso agrupar os municípios em áreas mínimas comparáveis (AMC), através da união ou junção das áreas modificadas e/ou criadas, ou seja, áreas mais abrangentes (REIS et al., 2008). A compatibilização das AMCs foi feita pela equipe do Núcleo de Estudos e Modelos Espaciais Sistêmicos – NEMESIS, em que se considerou a base de 1970-200517.

Sendo assim, considerando-se que a base de dados utilizada tanto para leishmaniose, dengue e variáveis climáticas são do período de 1992 a 2002 (11 anos), e que as unidades de corte seccional foram 3.652 AMCs, tem-se um total 40.172 observações. A Figura 4 apresenta as AMCs utilizadas no estudo.

17 Para maiores detalhes sobre AMCs ver REIS et al. (2008), disponível em: http://nemesis.org.br/sec- din5.php?id=0000000188&i=en

Fonte: IPEADATA/NEMESIS, com dados trabalhados pelo autor.

Figura 4 – Áreas mínimas comparáveis (AMCs) consideradas na pesquisa.

Os dados sobre tamanho da população média municipal, utilizados para selecionar as regiões mais populosas do país, e verificar o processo migratório, considerando as áreas mínimas comparáveis foram obtidas junto ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, conforme informações do censo.

Em relação às projeções climáticas para o período de 2010-2040; 2040-2070 e 2070-2100, estas foram feitas a partir da média dos dez Modelos de Circulação Geral (GCMs) do IPCC (2007),18 disponibilizados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - CPTEC/INPE.

As informações sobre custos de medicamentos para o tratamento da leishmaniose, bem como para dengue, foram obtidas junto a Organização Mundial de

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Saúde, Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, as quais forneceram o valor de cada tipo de medicamento adotado no tratamento dessas doenças19.

Os dados referentes a perda de renda média foram obtidas no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, sendo feito o cálculo médio da renda no período de 1992-2002 e em seguida o valor médio diário desta renda. Em relação ao custo médio de internação e a quantidade média de dias internados por cada doença, os dados foram extraídos junto ao DATASUS, e se referem ao período de 1992- 2002, por unidade da federação.

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Os dados sobre medicamentos para dengue não foram utilizados, pois a maioria dos medicamentos utilizados para seu tratamento são antitérmicos. Além disso, segundo informações do Ministério da Saúde, as principais formas de tratamento da doença incluem o repouso e a hidratação do infectado. Apenas em casos mais graves há necessidade de medicamentos específicos, mas para os quais não há informações disponíveis pelo Ministério da Saúde.

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