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CAPÍTULO II – Enquadramento teórico

2. Fontes Fonográficas

As gravações das composições para órgão de F. Peeters são ainda relativamente escassas, existem alguns registos fonográficos de obras isoladas como é o caso da Toccata,

27 “Where the author was granted access to the Peeters family archives, and conducted personal interviews which resulted in regular correspondence.” Na referência não consta o número da página porque a mesma não se encontra numerada no livro, mas é a última página.

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Fugue et Hymne sur “Ave Maris Stella” Op. 28, da Suite Modale Op. 43 e da Concert Piece Op. 52ª, ou seja, das obras mais conhecidas do compositor.

Todavia, poder-se-á falar num interesse crescente pela gravação da obra para órgão do compositor belga, já que, para além da gravação de Josef Sluys, Peeters Orgelweke em 2001, num espaço de apenas dois anos (2009 e 2010), surgiram mais dois registos fonográficos em compact disc (CD), completamente dedicados à obra para órgão solo de Peeters: Flor Peeters Organ Music, interpretado pelo organista D´Arcy Trinkwon e Flor Peeters Selected Organ Works, interpretado pelo organista Peter Van de Velde.

Na tabela seguinte encontram-se listadas as obras registadas por estes três organistas nos respetivos CD's, salientando que as obras em comum são: Concert Piece Op. 52, Suite Modale Op. 43 e, entre dois dos Cds, a Toccata, Fugue et Hymne sur “Ave Maris Stella” Op. 28.

Tabela 1: Obras dos 3 Cds dedicados exclusivamente à obra para órgão de F. Peeters

Josef Sluys D´Arcy Trinkwon Peter Van de Velde

Entrata festiva op. 93 f r Orgel und Bl ser

Praeludium und Fuge A (mixolydisch) op. 72

Chorale preludes from Ten chorale preludes op. 68: “O Gott, du frommer Gott”; “Ach bleib' mit Deiner Gnade”;

“Nun ruhen alle W lder”; “Wie sch n leuchtet der Morgenstern”

Concert Piece Op. 52

Aria Op. 51

Suite Modale Op. 43

Varationen und Finale über ein altflämisches Lied Op. 20

Coral “Maria sei willkommen, Jesus, lieber Herr” Op. 39 Nº 5

Symphonic Fantasie Op. 13

Coral “Now rest beneath night´s shadow Op. 68 Nº 3

Coral “Wake, awake, for night is flying” Op. 68 Nº 5

Suite Modale Op. 43

Coral “O God, thou faithfull God” Op. 68

26 Concert piece op. 52a

Chorale preludes from Ten chorale preludes op. 39: “Hirten, er ist geboren“; “Nun sei willkommen, Jesus, lieber Herr”;

“Maria sollte nach Bethlehem gehn”; “Uns ist geboren ein Kindelein”

Abdijvrede (Paix monastique) op. 16a

Suite modale op. 43

Élégie Op. 38

Toccata, fugue et hymne sur “Ave Maris stella” Op. 28

Lied to the Flowers Op 66 Nº 34

Lied to the Sun Op. 66 Nº 5

Nº 2

Concert Piece Op. 52 a

Variations on a

Original Theme Op. 58

Coral “Jesus, priceless Treasure” Op. 68 Nº 6 Paraphrase on “Salve Regina” Op. 123 Partita on “All depends on our possessing” Op. 68 Nº 10

Toccata, Fugue et Hymne sur “Ave Maris Stella” Op. 28

A gravação de Josef Sluys - Peeters Orgelwerke – foi realizada em 2001, no órgão da catedral de Bruges, e editado pela companhia Prezioso; já a gravação de D´Arcy Trinkwon - Flor Peeters Organ Music – foi realizada em 2009, no órgão Marcussen da Tonbridge School Chapel, e editado pela companhia Hyperion Records Ldt; a de Peter Van de Velde - Flor Peeters Selected Organ Works – foi realizada no ano seguinte, no órgão de Pierre Schyven da Our Lady`s Cathedral of Antwerp, e editado pela companhia Aeolus.

Fazendo uma sucinta comparação das duas gravações a que tive acesso – a de D`Arcy e de Van de Velde - pode-se afirmar que são bastante diferentes quer no tipo de instrumentos escolhidos pelos executantes, quer na abordagem interpretativa.

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Ao nível dos órgãos, os dois instrumentos apresentam algumas semelhanças: são órgãos de grandes dimensões, ambos possuem quatro teclados e pedaleira e um elevado número de registos. O órgão da Tonbridge School Chapel foi construído em 1995 pela firma Marcussen & Son, possui 67 registos distribuídos por 4 teclados manuais e um de pedaleira com tração mecânica e com ação elétrica para os registos e com possibilidade de preparar 990 combinações. O órgão da Catedral de Antuérpia foi construído em 1891 pelo organeiro belga Pierre Schyven e mantido inalterado até aos dias de hoje. Possui 90 registos distribuídos por 4 teclados manuais e um de pedaleira e com possibilidade de preparar algumas combinações.

Numa primeira apreciação a estes dois instrumentos, rapidamente sobressai o facto de existir um espaço de mais de um século nas suas construções (1891 e 1995), circunstância que pode ter influenciado decisivamente a escolha da disposição dos registos em cada um deles. Observando a disposição destes dois órgãos (ver Anexo II), é possível concluir que o de Marcussen se enquadra numa conceção mais universal, com registos direcionados para os vários tipos de reportório, sem esquecer o período barroco como se pode inferir pelo elevado número de registos de mistura (inclusivamente no pedal), mas sem se especializar em nenhum reportório em particular. Já o órgão construído por Schyven é claramente um instrumento inspirado nos grandes órgãos franceses de Aristide Cavaillé-Coll (1811-1899), referência de organaria da época, sendo assim completamente direcionado para a música sinfónica francesa.

Tendo como base uma análise feita aos órgãos que Flor Peeters utilizava (cap. III, 3) e, interpretando algumas das suas afirmações, será possível especular que, entre os dois instrumentos, Peeters provavelmente se teria inclinado para órgão moderno de Marcussen. Pessoalmente, e tendo em conta que a grande influência na vasta obra de órgão de Peeters foi a música sinfónica francesa (ver cap. III, 1), penso que o órgão de Schyven consegue transmitir uma maior emotividade e envolvência das obras, embora reconheça que ambos os instrumentos se adequem à sua execução.

Ao nível da performance, identifico-me mais com a interpretação de Peter Van de Velde, já embora Flor Peeters fosse reconhecido pela sua desenvoltura técnica, considero

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que a virtuosidade aplicada por D´Arcy Trinkwon é, por vezes, exagerada e prejudica a compreensão do discurso musical.28

No entanto, as duas principais referências para o autor deste trabalho foram a gravação do organista Ludger Lohmann29 da Toccata, Fugue et Hymne sur “Ave Maris Stella” Op. 28, pela clareza da interpretação, pela escolha do andamento e pela unidade que conseguiu conferir ao tríptico e, ainda, a gravação de Jennifer Bate30 da Paraphrase on “Salve Regina” Op. 123, não só pela qualidade interpretativa mas também, e sobretudo, pelo facto de a organista ter convivido com o compositor e de a obra lhe ter sido dedicada.

28 A título de exemplo, compare-se a duração dos andamentos das duas gravações da obra Toccata, Fugue et

Hymne sur “Ave Maris Stella” Op. 28: “Toccata” - P. V. (Peter Van de Velde): 4:29, D. T. (D´Arcy

Trinkwon): 3:50; Fugue – P.V.: 2:52, D. T.: 2:06; Hymne – P.V.: 2:10, D. T.: 1:39. 29 (LOHMANN, 2001)

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