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Fontes Iconográficas e cartográficas 40 

Parte I. Metodologia e fontes para o estudo da morfologia de Braga 17 

2. Fontes disponíveis para o estudo do quarteirão dos Biscainhos 38 

2.2 Fontes Iconográficas e cartográficas 40 

As fontes iconográficas são constituídas por imagens, ou seja, documentos pictográficos, contendo informação que permitem uma análise e interpretação visual.

Na análise do Quarteirão do Palácio dos Biscainhos realizada neste trabalho socorremo-nos de um leque variado de fontes iconográficas disponíveis para o estudo da história urbana de Braga. As fontes iconográficas permitiram-nos realizar uma análise histórica, arquitectónica, urbana e geográfica, bem como obter informações valiosas que nos possibilitaram a “reconstrução” da malha urbana para os séculos em que incide este estudo, designadamente entre os séculos XVI a XIX. .

A primeira representação cartográfica da cidade de Braga data de 1594 e é conhecida como Mapa de Braunio, tendo sido designada pelo seu autor “Nova Bracarae Avgvste descriptio”. Apesar de ser uma representação de grande valor documental, o seu rigor e pormenor cartográficos não são suficientes para a reconstrução exacta do espaço urbano. Trata-se, na verdade, de uma ilustração

sem relação matemática entre as dimensões dos elementos no desenho, não possuindo escala cartográfica (Bandeira 2000; Freitas 2003).

Figura 1- Mapa de Braunio (1594)

Não obstante, esta gravura detêm um grande valor artístico e histórico, caracterizando com algum pormenor a cidade quinhentista de Braga e arredores imediatos, facultando uma imagem do espaço construído da cidade, onde é possível identificar o conjunto da estrutura urbana e arrabaldes, bem como as construções mais emblemáticas da época.

Existem outras fontes iconográficas que permitem ilustrar a cidade de Braga em diferentes momentos históricos e que foram usadas neste trabalho.

Entre elas destacam-se, para o século XVIII, o Mapa das Ruas de Braga e o Mappa da Cidade de Braga Primas, de autoria de André Ribeiro Soares da Silva. Para o século XIX dispomos de uma planta de autoria de Belchior José Garcez e Miguel Baptista Maciel, á escala 1/4000, e a planta topográfica elaborada em 1883-1884, pelo engenheiro civil, Francisco Goullard, à escala 1/500 que constitui a primeira planta disponível com rigor cartográfico, que foi digitalizado com autorização da Câmara Municipal de Braga, no âmbito do projecto da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (Ribeiro 2008).

O denominado Mapa das Ruas de Braga, é um documento de enorme valor iconográfico e cadastral, elaborado em 1750, pelo padre Ricardo Rocha. Apesar da designação de Mapa, trata-se de um livro, que representa em cada uma das suas folhas os espaços de circulação da cidade de Braga setecentista onde o cabido tinha propriedades. Este livro constitui um documento precioso para o estudo da arquitectura e urbanismo do século XVIII de Braga, representando os alçados das construções anexas às ruas, bem como os largos ou praças, que compunham o espaço urbano. Actualmente este documento encontra-se publicado em versão fac – similada, editada em 1989, pelo Arquivo Distrital de Braga, Universidade do Minho e companhia IBM Portuguesa, em dois volumes (AAVV 1989-91).

Lamentavelmente, o alçado norte da Rua dos Biscainhos, que delimita a parte nascente do quarteirão em análise neste trabalho não se encontra representada na sua totalidade, como se pode ver na imagem. Todavia, o mesmo não acontece para a Rua da Boavista ou da Cónega, cujo alçado se encontra todo representado.

Figura 2 – Ruas dos Biscainhos no Mappa das Ruas de Braga (AAVV 1989-91)

O segundo documento produzido no século XVIII intitula-se Mappa da Cidade Braga Primas e possui as dimensões 1250 x 775 mm. Trata-se de uma iconografia produzida claramente sob os ideais barrocos que identifica a mancha urbana da cidade mas de forma incompleta e sem limites definidos. Apesar do Quarteirão do

Palácio dos Biscainhos se encontrar na periferia urbana e desta área da representação ter sido a mais afectada pela degradação sofrida pelo mapa, na generalidade, parte do quarteirão a que este trabalho se refere, encontra-se representada.

Figura 3 - Mappa da Cidade de Braga Primas

A análise do Mappa da Cidade Braga Primas revela que o autor procurou elaborar uma planta o mais fiel possível da realidade da época, tentando mesmo realizá-la à escala. Segundo um exercício desenvolvido por investigadores da Biblioteca Nacional da Ajuda, a quem se ficou a dever o restauro e pesquisa desta planta, se aproxima do 1/ 2000. Trata-se, de facto, de uma planta extremamente valiosa para o estudo da cidade, apresentando uma perspectiva tridimensional do espaço urbano da cidade setecentista, com grande preocupação e sentido estético. Nas fontes cartográficas e iconográficas podemos incluir, igualmente, as fotografias aéreas, bem como os levantamentos topográficos mais recentes mandados elaborar pelo município.

Os fotogramas mais antigos remontam ao período da segunda grande guerra, entre 1936- 1948, sendo esses o que maior interesse têm para este trabalho, demonstrando como era a área do nosso quarteirão em análise, em meados do século XX. Estes fotogramas permitem, igualmente, obter uma imagem da envolvente da cidade antes das grandes transformações urbanísticas realizadas nos anos 50/60.

Os levantamentos cartográficos mais recentes datam de 1990 e 2004 tendo sido elaborados à escala 1.1000. A base cartográfica do nosso trabalho utiliza o levantamento de 1990, pelo facto do mesmo conter menores alterações topográficas em relação ao século XIX.

Figura 5 - Quarteirão dos Biscainhos na planta topográfica de 1883-1884 Figura 4 - Fotografia área de Braga, anos 40, aparecendo a noroeste o quarteirão do Palácio dos Biscainhos

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