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Fazer teologia é colocar em prática o conteúdo de nossa fé. Behs afirmou também que:

6. FONTES DA TEOLOGIA

A teologia possui uma fonte, ou seja, um ponto de partida de onde flui a

teologia. Basicamente estas fontes são:

[a] Bíblia Sagrada – A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia

Sagrada. Bíblia e Escrituras são palavras sinônimas para os propósitos da

teologia. O cristianismo possui como ponto central, a fé, e, a pessoa de Cristo, ou

seja, não possui fé num livro, portanto, a fé e Cristo encontram-se intimamente

relacionadas.

A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro”. Portanto, significa “Iivros”. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocábulo terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra grega

biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para indicar o

livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado. Estritamente falando,

biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra Bíblia, mediante um

desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo cremos, veio a designar o Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e do Novo Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e éticos de nossa civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já chamavam suas Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, “os livros”. Quando esse título foi então transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a entender que “o Livro” é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o vocábulo “Escrituras”, empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42; Mc 14.49; Rm 15.4), ou Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a “lei e os profetas” (Mt 5.17), ou “lei” (Jo 10.34), ou “os oráculos de Deus” (Rm 3.2).63

A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade máxima.

É a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião cristã. “O que

torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para os cristãos é o

63 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São Paulo: Hagnos, 2013. p.527.

fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária (Pai, Filho e Espírito

Santo), seu plano de salvação para a humanidade e sua vontade. As Escrituras,

conforme as temos, são suficientes para tal finalidade”.

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A Bíblia é a mais rica

fonte de informações sobre Cristo, em especial, quando trata de sua

messianidade. Outras fontes sobre Cristo, tendem enfatizar seu aspecto histórico,

pouco ou nada falando sobre seu poder divino de perdoar pecados. Paulo Anglada

destaca que o reconhecimento das Sagradas Escrituras como autoridade suprema

é tanto inferencial como direta:

Base Inferencial - É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da

inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da mera inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do Espírito Santo (cf. 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21), infere-se que são autoritativas. Na linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras procede da sua autoria divina: "porque é a Palavra de Deus." Isto não significa que cada palavra foi ditada pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a personalidade daqueles que a escreveram. Os autores bíblicos não escreveram mecanicamente. As Escrituras não foram psicografadas, ou melhor, "pneumografadas." Os diversos livros que compõem o cânon revelam claramente as características culturais, intelectuais, estilísticas e circunstanciais dos diversos autores. Paulo não escreve como João ou Pedro. Lucas fez uso de pesquisas para escrever o seu Evangelho e o livro de Atos. Cada autor escreveu na sua própria língua: hebraico, aramaico e grego. Os autores bíblicos, embora secundários, não foram instrumentos passivos nas mãos de Deus. A superintendência do Espírito não eliminou de modo algum as suas características e peculiaridades individuais. Por outro lado, a agência humana também em nada prejudicou a revelação divina. Seus autores humanos foram de tal modo dirigidos e supervisionados pelo Espírito Santo que tudo o que foi registrado por eles nas Escrituras constitui-se em revelação infalível, inerrante e autoritativa de Deus. Não somente as idéias gerais ou fatos revelados foram registrados, mas as próprias palavras empregadas foram escolhidas pelo Espírito Santo, pela livre instrumentalidade dos escritores.4 O fato é que, por procederem de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas, fiéis, retas, puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19.7-9) e santas (2 Tm 3.15).

64 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

Base Direta - Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se

fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam autoridade suprema. Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar palavras de Deus, introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas proféticas, dizendo: "assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra que veio da parte do Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo Testamento são citados, sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por exemplo: "Assim diz o Espírito Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica também evidencia a autoridade suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava graças a Deus pelo fato de os tessalonicenses terem recebido as suas palavras "não como palavra de homens, e, sim, como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1Ts 2:13). Que autoridade teria Paulo para exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos? Só há uma resposta razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado não era segundo o homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a Escritura não pode falhar”.65

[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada a

alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a Bíblia

com a ótica da tradição a qual pertencemos”.

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E indiscutível que todas as denominações cristãs têm suas próprias tradições, que lhes servem de autoridade, em complemento ou acréscimo às Escrituras, embora algumas dessas denominações prefiram não reconhecer esse fato. A tradição faz parte integrante da Autoridade. [1] As próprias Escrituras Sagradas preservam várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições próprias da filosofia helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo platônico em dois

65 AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.

66 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

níveis, conforme se vê na epístola aos Hebreus. Assim sendo, as tradições começam nas próprias Escrituras. [2] Terminado o período do Novo Testamento, surgiram as declarações dos chamados pais da Igreja, bem como o desenvolvimento dos mais antigos credos. Esses credos serviram para limitar e sistematizar as Escrituras. Na verdade, esses credos foram teologias sistemáticas incipientes, sobre as quais as denominações cristãs atualmente repousam. [3] Os concílios eclesiásticos manipularam esses credos e lhes fizeram adições, apresentando interpretações das Escrituras, de onde se originaram tradições. [4] Regras de fé, interpretações bíblicas, raciocínios e apareceram nos escritos dos pais da Igreja. Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Hipólito, Orígenes e Novaciano referira-se às suas regras de fé, que faziam parte de credos existentes ou não. [5] O sincretismo. A medida que o cristianismo foi sendo difundido por diferentes áreas geográficas e culturas, foram sendo incorporados elementos de crenças e práticas locais, e isso também veio a constituir um elemento nas tradições emergentes, geralmente de natureza negativa. [6] As tradições católicas romanas são o supremo exemplo do entronizamento das tradições, às vezes prejudicando as Sagradas Escrituras, pois a essas tradições também se confere ali a aura de autoridade. É verdade que boa parte dessas tradições católicas romanas tem um fundo bíblico; mas outra boa parte não passa de sincretismo. [7] A Reforma Protestante presumivelmente fez a Igreja cristã retornar às "Escrituras somente". Mas, na verdade, grande parte das tradições ocidentais teve continuidade nos vários grupos protestantes que surgiram em cena. Mas então novas tradições foram criadas, mediante credos rígidos, que eram interpretações específicas das Escrituras. Todos esses credos deixam de lado certos ensinos bíblicos, além de torcerem outros ensinos bíblicos. [8] Desenvolvimento doutrinário. Muitos teólogos modernos insistem na tese que a doutrina deve evoluir, a fim de que a verdade possa ser obtida em qualquer sentido ou grau significativo. Assim, as tradições sempre haveriam de emergir, somente para serem substituídas por outras, mais evoluídas. [9] A revolta contra a ortodoxia: as tradições liberais. Começando no século XVIII, mas florescendo nos séculos XIX e XX, os eruditos liberais e os críticos desenvolveram uma tradição toda própria que produziu efeitos que minimizaram a fé nas tradições mais antigas, e rejeitaram de forma total o autoritarismo e seus diversos conceitos de infalibilidade, sem importar-se das próprias Escrituras. [10] Os credos modernos. Esses credos funcionam de quatro maneiras diversas: a. Declarações. Coisas que figuram claramente nas Escrituras são meramente declaradas e descritas. b. Interpretações. Coisas que não são necessariamente claras, e, em certos casos, coisas que são repelentes para certas mentes, recebem interpretações apropriadas de indivíduos ou denominações que

as provêem. c. Distorções. É patente que todas as denominações cristãs distorcem certos trechos bíblicos, para que se adaptem ao seu esquema das coisas. d. Omissões. Certas passagens ou versículos são simplesmente omitidos, conforme fazem os hiper dispensacionalistas que declaram que a maior parte do Novo Testamento não pertence à Igreja cristã, não servindo de autoridade quanto à doutrina cristã. Não há que duvidar que as tradições tem seu uso. Algumas vezes as tradições ultrapassam, legitimamente, as Escrituras, mas nem por isso deixam de ser verdadeiras. Por outro lado, com frequência, essas tradições laboram em erro, adicionando elementos prejudiciais à fé e à prática. Essas são as tradições que devemos repelir.67

[c] Cultura - Quando alguém faz teologia, precisa levar em consideração

tanto o seu contexto cultural como o do texto bíblico que está analisando, para

aplicá-lo adequadamente em seu tempo. O estudo da cultura é importante

inclusive, por exemplo, para saber se determinados textos das Escrituras eram

aplicáveis à determinado momento histórico, ou se são validos perpetuamente.

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Costumes culturais influenciam na interpretação de um texto bíblico. Sobre isso,

Alexandre Milhoranza disse:

As pessoas que interpretam a Bíblia sem levar em consideração o contexto de uma passagem e sem conhecer, ou considerar o período histórico do texto escrito, podem cometer um sério erro de interpretação e acabarem criando uma heresia. Lembre-se que os reformadores ressaltaram e retornaram ao método de interpretação histórico-gramatical das Escrituras. Ou seja, devemos levar em conta o período histórico de quando a passagem foi escrita e levar em consideração as palavras e frases da passagem em seu sentido normal e claro (literal). [...] Certos princípios ou mandamentos são contínuos ou irrevogáveis, e tratam de temas morais e/ou teológicos, são repetidos em outras partes da Bíblia, sendo, portanto, aplicáveis a nós hoje. Precisamos perguntar se a Bíblia dá ao mandamento um caráter normativo. Quando a Bíblia dá uma ordem explícita e não a anula depois, devemos entender como sendo a vontade expressa de Deus para nossas vidas, em nosso tempo também, independente da cultura. [...] Certos princípios ou

67 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467.

68 Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

mandamentos dizem respeito às circunstâncias específicas de um indivíduo, não sendo temas que possuem caráter moral ou teológico, não são aplicáveis aos nossos dias. [...] 2.3 Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos culturais que se parecem com os nossos nos quais apenas o princípio deve ser aplicado. [...] Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos culturais totalmente diferentes, mas cujos princípios se aplicam. Quando Moisés esteve na presença de Deus, ele tirou seus sapatos, pois era terra santa. Será que devemos hoje em dia tirar nossos sapatos ao vir para o templo? Aqui, o princípio de reverência e temor a Deus devem ainda nos dirigir.69

[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor

teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras,

interpretá-las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas

originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto,

etc.

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De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição

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