• Nenhum resultado encontrado

5. ANALISANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE

5.1 Formação Continuada ofertada aos professores de matemática

A formação continuada de professores é tema de discussão nas diversas agendas das políticas educacionais dos últimos anos, como podemos observar na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), no Plano Nacional de Educação (2001, 2014), na Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica (2009).

Corrobora com o pensamento de Nóvoa (1995) a concepção de formação explícita no Referencial para a Formação de Professores (BRASIL, 2002, p. 68), onde a formação continuada é definida como:

[…] necessidade intrínseca para os profissionais da educação escolar, e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional que deve ser assegurado a todos. A formação continuada deve propiciar atualizações, aprofundamento das temáticas educacionais e apoiar-se numa reflexão sobre a prática educativa, promovendo um processo constante de autoavaliação que oriente a

construção contínua de competências profissionais. […] a perspectiva de formação continuada que aqui se propõe está intimamente ligada à existência dos projetos educativos das escolas de educação básica (de educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos), e pode acontecer tanto no trabalho sistemático dentro do espaço da escola quanto fora dela, mas sempre com repercussão em suas atividades.

A formação continuada deve ter como foco as diferentes situações que constituem o ato educativo, a análise das práticas docentes e a criação de espaços para a reflexão coletiva, esforçando-se, sempre, para criar na escola a crença de que é possível pensar soluções para as questões que desafiam a ação educativa. São esses movimentos que nos levam a concordar com Nóvoa (1995, p. 25):

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência [...]. Práticas de formação que tomem como referência as dimensões colectivas contribuem para a emancipação profissional e para a consolidação de uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos seus valores.

Logo, estudos sobre essa questão tornam-se relevantes para a realização de um debate que resulte em ações de formação que promovam uma postura reflexiva sobre a prática, conjugada com as teorias educacionais que possibilite ao professor reelaborar seus conhecimentos, tornando-se protagonista desse processo e não apenas um cumpridor de tarefas, que adota soluções das quais desconhece o alcance e o impacto educacional. (PÉREZ GÓMEZ, 1992).

Para Gatti (2008) o surgimento de tantos tipos de formação continuada não ocorreu/ocorre por acaso, tem base histórica em condições emergenciais na sociedade contemporânea, nos desafios postos ao sistema de ensino, principalmente pela inserção das tecnologias.

A análise do questionário respondido pelos colaboradores da pesquisa foi realizada com a intenção de desvelar nesse momento, através das respostas, se os professores da Escola Municipal João Nascimento Filho participaram dos cursos de formação continuada e quem o/os ofertou/ofertaram; e se dentre os cursos ofertados existia algum apropriado para o uso das TIC.

A partir do contexto explicitado, quando os sujeitos da pesquisa foram questionados sobre sua participação em cursos de formação continuada e se dentre eles existiam alguns para o uso das TIC e quais foram esses cursos, apenas os colaboradores P1, P3 e P4 responderam positivamente. No entanto, o colaborador P3 foi o único que recordou-se do curso ao qual participou, intitulado: O uso das tecnologias nas escolas.

No tocante, as instituições que ofertaram as formações continuadas, foram citadas a SEME, por P3 e P4; DER 1, pelo colaborador P3 e a Escola Municipal João Nascimento Filho pelo colaborador P4.

A formação continuada é ofertada para o aprofundamento e avanços nas formações de professores. Mas nem sempre ocorre esse aprofundamento ou ampliação do conhecimento, porque muitas das iniciativas públicas de formação continuada no setor educacional adquirem feição de programas compensatórios e não prioritariamente de atualização e aprofundamento em avanços do conhecimento. Os sujeitos P1, P3 e P4 afirmaram ter participado de cursos de formação continuada, porém apenas o P3 lembrava qual curso tinha participado, como citamos anteriormente. Essa situação não contempla o propósito da formação continuada, que seria o aprimoramento de profissionais nos avanços, renovações e inovações de suas áreas, dando sustentação a sua criatividade pessoal e a de grupos profissionais, como assegura Gatti, 2008.

As políticas de formação continuada devem capacitar os professores para que esses percebam as TIC para além de meros veículos de informação, ferramentas ou instrumentos educacionais, e sim com os múltiplos reflexos na área cognitiva e nas ações práticas, ao possibilitar novas formas de comunicação e produção de conhecimento, gerando transformações na consciência individual e na percepção de mundo, nos valores e nas formas de atuação social (SANTOS, 2009).

De acordo com Nóvoa (1995) a formação continuada de professores visa momentos de socialização, integração e configuração pessoal, acreditando ser local propício para a troca de conhecimentos e técnicas novas para adaptar ao cotidiano escolar.

Entende-se que, à medida em que os professores apreendem conhecimentos inovadores, originários dos cursos de formação continuada, voltados para o uso das TIC, terão condições de propiciar uma melhor formação

aos seus alunos e, consequentemente, terão melhores condições para responder/atender às necessidades de desenvolvimento da sociedade e, de forma paralela e concomitantemente, deverão estar preparados para internalizar criticamente as inovações tecnológicas e colocá-las em prática. Fato que não foi comprovado nas respostas dadas pelos 3 sujeitos da pesquisa que afirmaram ter participada das formações, e apenas 1 lembrava qual o curso, o colaborador P3. Se os sujeitos não se recordam das formações continuadas que participaram (P1 e P4), esses dados revelam que os cursos de formação de professores necessitam de aprofundamento prático sobre as questões pedagógicas, de modo a se desenvolverem com base em práticas dialógicas que possibilitem a compreensão da realidade escolar. Pois, a difícil relação teoria/prática, conhecimento/ação precisa desafiar-nos na busca de concepções e de processos pedagógicos inovadores.

Levando em conta as palavras de Freire (1991), temos a convicção de que o professor melhor formado pode desempenhar de forma mais adequada sua atividade de mediar a aprendizagem e o desenvolvimento humano de seus alunos.

Vale lembrar que as considerações aqui registradas ressaltam e reafirmam a importância de uma política de formação continuada para os professores de matemática para o uso das TIC. Políticas essas que não podem prescindir de um grande compromisso por parte dos responsáveis pela implantação e acompanhamento das ações de formação continuada dos profissionais que coordenam e orientam o trabalho da educação matemática nos espaços educativos.