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2.5 Passivo Atuarial

2.5.3 Formação do passivo atuarial

Pelo método da capitalização, de acordo com Gama (2006), é previsto que no instante de adesão do participante ao plano de benefícios de aposentadoria e pensão a soma

das contribuições futuras sejam iguais à soma dos pagamentos futuros dos benefícios contratados, de modo que a obrigação do plano de benefícios previdenciários seja plenamente coberta pelas contribuições do participante deste plano de benefícios durante a fase de maturação, conforme demonstrado na equação 2 a seguir:

= =

=

n i n i n n

tat

P

tat

C

1 1 (2) onde:

C n é o valor futuro das contribuições a serem realizadas pelo participante durante

todo o período de maturação do plano de benefícios;

Pn é o valor futuro do pagamento da complementação do benefício previdenciário a

ser pago ao participante do plano de benefícios após a fase laboral, isto é, no gozo do benefício pactuado; e

tat é a taxa atuarial utilizada para descontar tanto o fluxo de contribuições quanto o

fluxo de pagamento da complementação do benefício previdenciário pactuado. À medida que o tempo for passando, conforme demonstrado no gráfico 2, as contribuições serão recebidas pelo plano de benefícios e a diferença entre os pagamentos de complementações de benefícios futuras e as contribuições a serem pagas pelos participantes serão crescentes, dando origem, portanto, à reserva matemática de um plano de benefícios, conforme demonstrado na equação 3 a seguir.

= =

=

n i n i n n t mat

tat

C

tat

P

P

1 1 ) ( (3)

Pmat é o valor da reserva matemática do plano de benefícios, que neste estudo será

igual ao valor do passivo atuarial;

Pn é o valor futuro do pagamento da complementação do benefício previdenciário a ser pago ao participante do plano de benefícios após a fase laboral, isto é, no gozo do benefício pactuado; e

C n é o valor futuro das contribuições a serem realizadas pelo participante durante

todo o período de maturação do plano de benefícios;

tat é a taxa atuarial utilizada para descontar tanto o fluxo de contribuições quanto o fluxo de pagamento da complementação do benefício previdenciário pactuado.

Corrobora com este entendimento o padrão contábil do segmento fechado de previdência complementar brasileiro, Resolução CGPC n. 5, de 30 de janeiro de 2002, ao definir que a provisão matemática representa a totalidade dos compromissos líquidos do plano de benefícios com aposentadoria e pensão para com seus participantes. Assim, a expressão “benefícios futuros” e “contribuições futuras” é para designar tanto os benefícios como as contribuições que ocorrerão a partir da data presente que foi escolhida para o cálculo da provisão matemática.

O valor atual dos benefícios futuros, constante na nota técnica atuarial, é assim tratada por Schroeder, Clark, Cathey (2001, p. 418):

O atuário faz exame levando em consideração os benefícios futuros prometidos e as características do grupo de empregados, tais como a idade e o sexo, ou faz suposições sobre fatores como a rotatividade do empregado, os níveis de salário futuro e o índice de lucros dos fundos investidos. (tradução nossa)

As contribuições realizadas pelos participantes acumulam-se à medida que a data de início de fruição do benefício contratado pelo participante do plano de previdência de aposentadoria e pensão vai se aproximando, o que faz com que periodicamente a diferença entre o valor presente dos pagamentos de benefícios futuros em relação ao valor presente das contribuições futuras cresça. Já o Gráfico 3 representa esse deslocamento do cálculo da provisão matemática durante o tempo de maturação do plano de benefícios, ou seja, durante a fase contributiva.

O movimento de to para a direita do gráfico ao longo do tempo, buscando, portanto, o ponto central dos dois fluxos financeiros, isto é, o momento da aposentadoria, faz com que a diferença entre o Valor Presente dos Benefícios Futuros (VPBF), fique maior que o Valor Presente das Contribuições Futuras (VPCF), haja vista o número de parcelas de Contribuições Futuras ao longo do tempo decrescer em função das amortizações financeiras realizadas pelos participantes e patrocinador do plano de benefícios de aposentadoria e pensão, ou seja, aqueles responsáveis pelo custo atuarial do plano de benefício.

Gráfico 3 - Deslocamento do cálculo da provisão matemática no tempo Fonte: Ferrari e Freitas (2003). Nota: adaptado pelo autor

Assim, o valor de Pmat(t) sempre será maior que zero, pois no momento de adesão do participante ao plano de benefícios de aposentaria e pensão, conforme demonstrado pela equação (1), o pagamento dos benefícios futuros estava subtraindo todas as parcelas de contribuições futuras. À medida que se calcula um novo valor para Pmat(t), uma parcela das contribuições futuras é automaticamente diminuída em função do deslocamento do valor da Pmat(t) em busca do ponto central dos dois fluxos financeiros, contribuição e pagamento de benefícios de aposentadoria e pensão. Esta sistemática faz com que o cálculo da Pmat(t) possibilite dimensionar o passivo atuarial de um plano de benefícios de aposentadoria e pensão, assim, a provisão matemática será igual ao passivo atuarial, conforme demonstrado na equação 4 abaixo:

Pmat (t ) = passivoatuarial (4)

Capelo (1986, p. 213), caracteriza assim passivo atuarial:

Passivo atuarial, PA x,y, relativo a um participante ativo de idade x, entrante na idade y, como aquela porção do valor presente do benefício futuro x,y já teoricamente amortizada, mensurada ou pelo valor acumulado dos custos normais passados ou pelo complemento do valor presente dos custos normais futuros”, visão retrospectiva e visão prospectiva, respectivamente.

Já Hurtado (2000, p. 70) enfatiza o passivo atuarial como o principal risco de um plano de benefícios:

O verdadeiro risco associado ao fundo de pensão é o risco relacionado ao superávit atuarial e não o risco associado ao ativo do fundo, pois o gestor do fundo de pensão deve obter uma carteira de ativos adequada às obrigações do mesmo, uma vez que se for maior, o excesso será revertido à patrocinadora, revelando que as contribuições foram super avaliadas, e, se for menor, o plano estará em apuros.

Portanto, a missão de um fundo de pensão nasce na definição das provisões matemáticas, isto é, quando o atuário tecnicamente determina o valor das contribuições dos participantes para com o fundo de pensão (CAMARANO, 2002).

O estudo de Camarano (2002) é corroborado por Catelli (2003, p. 8) ao abordar a missão social dos fundos de pensão como sendo “a missão de assegurar aos participantes, principalmente após a fase laboral, o nível de vida objetivado”.

Blake (1998, apud HURTADO 2000) destaca que o valor esperado do passivo atuarial que será utilizado na complementação de benefícios dependerá do valor deste benefício na data de aposentadoria, sendo este valor calculado pela soma dos benefícios em datas futuras.

Já a política contábil do segmento fechado de previdência complementar, Resolução CGPC n. 5, de 30 de janeiro de 2002, caracteriza o passivo atuarial como: “O valor atual dos benefícios a serem pagos pela entidade aos assistidos e beneficiários em gozo de seus benefícios de prestação continuada, valores líquidos, ou seja, avaliado excluindo-se as contribuições desses beneficiários” (BRASIL,2002).

Destaca-se, portanto, que no plano padrão de contas do segmento fechado de previdência complementar a estrutura patrimonial do passivo atuarial é organizada de tal forma que as expectativas atuariais sejam evidenciadas de forma bruta e só então sejam subtraídas as contribuições do plano de benefícios, conforme demonstrado no Quadro 1.

ESTRUTURA PATRIMONIAL DO PASSIVO ATUARIAL

Exigível Atuarial

Provisões Matem áticas Benefícios Concedidos Benefícios a Conceder

(-) Provisão Matemática a Constituir

Quadro 1 - Estrutura patrimonial do passivo atuarial de uma EFPC Fonte: Resolução MPS/CGPC n. 5, de 30 de janeiro de 2002.

As Entidades Fechadas de Previdência Complementar deverão, ainda, observar parâmetros técnico-atuariais na estruturação de seus planos de benefícios, com fins específicos de assegurar a transparência, a solvência, a liquidez e o equilíbrio técnico- financeiro e atuarial conforme está previsto na Resolução CGPC n. 18, de 28 de março de 2006.

Os parâmetros legais observáveis pelos fundos de pensão na constituição de seus passivos atuariais estão formulados nas bases técnicas atuariais, que de acordo com a Resolução CGPC n. 18, de 28 de março de 2006, são compostas por hipóteses biométricas, demográficas, econômicas e financeiras, as quais devem estar em concordância com as características da massa de participantes e ao regulamento do plano de benefícios de caráter previdenciário.

Ainda com relação à constituição de passivo atuarial, a taxa máxima de juros admitida nas premissas atuariais para fundos de pensão é de no máximo 6% ao ano, devendo ser observada sua sustentabilidade no médio e longo prazo, conforme previsto nos padrões atuariais de acordo com a Resolução MPAS/CGPC nº 18, de 28 de março de 2006.

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