• Nenhum resultado encontrado

2.2 A Identidade e a Formação

2.2.2. Formação do pessoal

Os professores, ao ingressarem numa equipa escolar, já constituem-se com um “ser” repleto de experiências e de conhecimentos a cerca das suas vivências dentro e fora da escola. Mas também, vem com algumas expectativas a respeito do trabalho que vai desenvolver em seu grupo de crianças, bem como na sua nova constituição da equipa de trabalho, onde cada um poderá ou não contribuir para o sucesso e evolução, em busca de alternativas para um desempenho global da educação pré- escolar, formando uma equipa de estudos e de pesquisas, nas quais sugerem alternativas para a resolução dos problemas apresentados ou vividos naquele espaço e tempo escolar. Mas nem sempre tem-se esta liberdade e um espaço para se fazer um “feedback” sobre os procedimentos da nossa ação prática. Atitudes pelas quais, devem fazer parte do nosso cotidiano com profissionais nele

55 envolvidos, com o auxílio e incentivo das parcerias com a coordenação e direção da escola. Mas na verdade os educadores precisam de uma nova implementação de avaliação ou quem sabe até uma (re)construção, que fomente a melhoria destas práticas educativas; aumentando a autonomia dos professores e das instituições; para maior integração da comunidade escolar nos processos de decisão; reduzindo a burocracia; valorizando o ensino na opinião pública.

No entanto, “estes ideais não passam neste momento de desejos” (Tardif, et al, 2000). “Tanto na Europa como na América a profissão docente perdeu prestígio, burocratizou-se e houve uma perda de autonomia das instituições. Os males da sociedade são atribuídos à educação e, consequentemente, os docentes são acusados de falta de competência por não conseguirem modificar a situação”. E como iniciar este processo? Teremos nós, forças para organizar juntos, novas formas de agir e (re)pensar o que já foi construído até aqui, mesmo diante destes embates?

Temos de criar novas formas e estratégias de favorecer uma dualidade entre prática e teoria, algo que se torna um eterno desafio mas que trabalhando com a experiência profissional, as várias intervenções e os vários cruzamentos de saberes e as trocas de ideias, reformulando repartindo e avaliando através de posicionamentos de lutas, que não fazemos sozinhos e sim unindo os docentes, coordenadores, investigadores, resgatando, analisando e até mesmo registando uma memória profissional, as metas alcançadas e as que ainda deverão serem esmiuçadas com a colaboração e o surgimento de novos atores nesta área de atuação onde todos os indivíduos estão inseridos, a fim de não ficar só a nível de reflexão e sim de aprendizagem e mudança.

Segundo Nóvoa (1998: 40) “aqueles que viveram e trabalharam na escola têm contribuições a dar para a história da instituição”. Concordando com sua afirmação os participantes que aprendem e ensinam neste terreno pedagógico, partilham de experiências sendo capazes de juntos escreverem uma “história de vida” em comum. De acordo com Werle (2002: 26), “os relatos orais muito contribuem para a história das instituições cuja base é a memória. Nas narrativas orais é possível fazer a escuta e a troca de informações.”

Com as crianças estas situações também se repetem quando dentro da sala de aula ou no convívio uns com os outros relatamos factos e histórias reais, vividas por “gente como a gente”, utilizando variadas formas de comunicar e dizer ao outro o que se passa no

56 nosso Conto de fadas. Que por hora pode ser mais trágico ou mais ameno, pode ser uma situação nas quais outras crianças já experienciaram e estas trocas ocorrem de maneira muito espontânea e tranquila no foco da sua realidade vivida tornando-se público os acontecimentos da vida pessoal, nestas vozes pequeninas, representadas nas falas das crianças, que as vezes reprimidas ou de forma reguladora ainda não podem ser ouvidas.

Nesta caminhada não chegamos à escola sem nenhuma aprendizagem. Estamos em contato com o mundo diversificado das famílias, das relações interpessoais, dos média e dos contextos que nos rodeiam. Sendo assim somos capazes de absorver e experienciar muitas oportunidades que nos transformam a cada dia e as quais nos acompanham nesta etapa escolar, sendo elas crianças e adultos envolvidos nesta tarefa educacional. Onde também, nos defrontamos com múltiplos saberes, além de novos desafios diante dos inúmeros dilemas que podemos enfrentar, partilhando ideias e refletindo sobre elas. Estamos numa constante educação permanente, multicultural e que acontece de maneira ininterrupta formal, não formal e informal.

Assim acabamos por valorizar e compreender as aprendizagens realizadas pelos docentes, à luz das pesquisas, das leituras, dos suportes oferecidos, dos debates e discussões, dos registos e depoimentos que servem de base ou como pano de fundo, no qual as práticas se vêm desenvolvendo, explicitando a possibilidade de acesso aos conteúdos mais variados dessa formação, presentes nas práticas pedagógicas desenvolvidas para pesquisadores e por quem quiser ter acesso aos mesmos. Estes documentos permitem uma orientação das vivências escolares, que são elementos fundamentais para a formação continuada saber onde estamos e de onde queremos ir, transformando nossas práticas junto com os alunos e das famílias explicitando o nosso esforço e trabalho, pois só assim podemos ser vistos de uma maneira positiva e diferente.

Isso porém, será ou não, uma característica que acontece verdadeiramente no dia- a-dia das escolas?

Na verdade o que se observa são práticas pontuais, algumas vezes decorrentes de demandas emergentes, mas que não se configuram como práticas permanentes ou sistemáticas, talvez fosse o momento de serem mais conscientes e refletidas.

Dentro dos pressupostos organizacionais das Leis que regem a Educação Portuguesa diz-se que …

57 (1) A formação é organizada para atualização de conhecimentos e partilha de experiências profissionais;

(2) A promoção da qualidade da prática pedagógica. De modo continuado, implementam-se ações de formação cujos destinatários são os auxiliares de ação educativa. (R.P.: 5)

Através dos aspetos a serem considerados nas análises de conteúdos da pesquisa verificaremos se esta prática se consolida ou não e porquê.