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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.4 Formação dos Agentes Comunitários de Saúde para atuação frente aos

Quando questionados sobre a participação dos ACS em processos de Educação Permanente onde foi debatido o tema Autismo, 88,4% dos ACS responderam não ter participado de capacitações com esta temática.

Tabela 7. Distribuição dos ACS segundo participação em momentos educacionais e aptidão para identificação de pessoas com TEA, Sobral-CE, 2016.

Participou de alguma atividade de Educação Permanente sobre TEA

Apto para identificar as pessoas com TEA

Total SIM Número % NÃO Número % NÃO INFORMOU Número % Sim 10 25,0% 16 7,7% 1 33,3% 27 10,8% Não 29 72,5% 191 91,8% 2 66,7% 222 88,4% Não informou 1 2,5% 1 0,5% 0 0,0% 2 0,8% Total 40 100,0% 208 100,0% 3 100,0% 251 100,0%

Diante da necessidade dos ACS em adquirir conhecimentos sobre o Autismo, registra- se que a formação dos mesmos encontra-se insuficiente, incorrendo no fato de que a grande maioria não reúne conhecimentos significativos para impactar positivamente no processo de cuidar desses pacientes, expresso por um conhecimento regular (57,8%), como evidenciam os dados já expressos na tabela 6.

Ademais, questionando se o ACS tem interesse em aperfeiçoar seu conhecimento nessa área, 97,2% manifestaram interesse (Tabela 8). Além disso, quase a totalidade da amostra (98,4%) considera importante o ACS identificar os pacientes que sofrem do TEA. Desta forma, embora 65,7% dos ACS tenham afirmado saber o que é o autismo na 1a pergunta apresentada pelo questionário (Tabela 6), esse dado reforça a necessidade de capacitação dos ACS com relação ao TEA, o que é fundamental para consolidar normas de procedimentos, orientar as famílias e aperfeiçoamento do processo. Desta forma, o presente estudo mostra que os ACS estão motivados a aprender e a buscarem qualificação na seara do TEA.

Tabela 8. Distribuição dos ACS segundo interesse de aperfeiçoamento sobre TEA e importância de identificação de casos. Sobral-CE, 2016.

CARACTERÍSTICAS Número % Interesse em aperfeiçoamento no tema Sim 244 97,2 Não 6 2,4 Não informou 1 0,4 Total 251 100,0 Considera importante o ACS identificar pessoas com TEA

Sim 247 98,4

Não 2 0,8

Não informou 2 0,8

Total 251 100,0

Para que os profissionais das ESF possam ser capazes de lidar com a complexidade de desafios com os quais se deparam diuturnamente na sua prática é urgente uma rotina de capacitação, que deve ir muito além da qualificação meramente técnica. De fato, concordamos com Silva e Backes (2007), de que as propostas de capacitação devem transcender ao tecnicismo e serem suficientemente abrangentes para o desenvolvimento integral dos sujeitos. Além disso, o processo de desenvolvimento e educação permanente dos trabalhadores da saúde deve contemplar novas inquietações, inserindo o novo nos saberes e práticas vivenciadas no SUS. Particularmente com relação aos ACS, para que possam ofertar uma atenção integral na busca ativa de casos de TEA na sua área de atuação é importante o envolvimento desses profissionais em processos de Educação Permanente para que atendam à crescente demanda (BALBINO et al., 2010).

governamental. A Portaria 198/GM/MS, de 13 de fevereiro de 2004, institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do SUS para formação e desenvolvimento de trabalhadores para o setor (BRASIL, 2004a).

Como política de saúde estratégica para o SUS, a Educação Permanente deve ser articulada sobre várias frentes, incidindo sobre a formação dos profissionais nas instituições de ensino; sobre a qualificação dos trabalhadores nos serviços de saúde; capacitando gestores, dotando-os de novos modos de organizar a gestão dos serviços de saúde e as redes assistenciais; e, por fim, articulando o controle social, para que esse segmento também possa ser qualificado na sua atuação junto ao delineamento e acompanhamento das políticas de saúde (SANTOS; FLÁVIA; KICH, 2011).

Nesse contexto, a Educação Permanente deve ser compreendida como a força motriz para a constante busca pelo aprender, como uma das ações que possibilitem o desenvolvimento desse processo de mudança, visando à qualificação profissional dos ACS e, consequentemente, à realização da prática profissional competente, consciente e responsável.

Na busca de melhores condições de trabalho, a capacitação dos profissionais é de ímpar relevância para o aprendizado e aperfeiçoamento das relações sociais próprias do cotidiano dos serviços de saúde, em decorrência da necessidade de trabalhar com o indivíduo, a família e a comunidade.

Segundo Queiroz, Silva e Oliveira (2014, p. 1200) o ACS cumpre papel estratégico junto à ESF, por ser considerado “o elo inicial do trabalho, aquele que recebe e encaminha as demandas individuais e coletivas da comunidade”. Portanto, segundo essas autoras, investir na formação técnica e na valorização desses trabalhadores é sinônimo de fortalecimento da ESF. O fato de não discutir nem saber lidar com problemas identificados no cotidiano de trabalho pode ensejar angústia, fragilizando o acompanhamento e a orientação de famílias sob sua responsabilidade (QUEIROZ; SILVA; OLIVEIRA, 2014). Faz-se necessário que estes profissionais tenham acesso a saberes capazes de auxiliá-los no acolhimento das necessidades de saúde da população, (MATTOS, 2010).

Formar profissionais para atuar no SUS sempre foi um desafio. Trazer o campo do real, da prática do dia a dia de profissionais, usuários e gestores mostra-se fundamental para a resolução dos problemas encontrados na assistência à saúde e para a qualificação do cuidado prestado as pessoas (BATISTA; GONÇALVES, 2011). Assim, as atividades formativas são estruturantes para a manutenção de boas práticas na prestação do cuidado.  

O desconhecimento sobre a doença e o consequente despreparo dos profissionais para lidar com as especificidades do autismo, bem como com as apreensões familiares, pois muitas

vezes inviabilizam uma intervenção eficaz e práticas efetivas (AMARAL, 2011).

Os resultados da pesquisa de Jendreieck (2014) sinalizaram que muitas das dificuldades apontadas pelos profissionais de saúde podem ser enfrentadas por meio de estudos aprofundados e atualização constante. A experiência também se configura como um fator de grande importância, uma vez que cada criança tem suas peculiaridades, sua individualidade, sua história e nenhuma corresponderá exatamente às descrições dos livros e manuais.

Diferentes áreas do conhecimento contribuem para uma melhor compreensão sobre o autismo e seu tratamento. Assim, o diálogo, a troca de experiências e o trabalho conjunto poderão proporcionar a ampliação do conhecimento dos profissionais envolvidos e a realização de um trabalho mais completo, auxiliando a pessoa com TEA nas suas diferentes necessidades e possibilitando a melhoria da sua qualidade de vida (JENDREIECK, 2014).

Na perspectiva de aprimorar a atenção e intensificar a descoberta de casos novos de TEA, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2015; BRASIL, 2014) estabeleceu a linha de cuidado para a atenção integral às pessoas com TEA e suas famílias na rede de atenção psicossocial do SUS, além de fixar as diretrizes de atenção à reabilitação, para ampliar o acesso e a qualificação da atenção a essa população nos diferentes aspectos do cuidado à pessoa com deficiência.

Desta forma, entendemos que os ACS são sujeitos da história, inseridos numa luta diária para a concretização das políticas que definem a ESF, o que os torna um grande aliado na identificação de casos de TEA, pois atuando na Atenção Primária são co-reponsáveis na proteção da saúde, prevenção e diagnóstico de doenças, reabilitação e manutenção da saúde.

4.5 A Práxis dos Agentes Comunitários de Saúde na identificação e acompanhamento de

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