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Capítulo 7: Sugestões de Trabalhos Futuros

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. FORMAÇÃO DOS SOLOS MOLES

De acordo com Massad (2010), solos moles são caracterizados por ter baixa consistência à penetração, usualmente com NSPT inferiores a 4 golpes, onde o teor argiloso do solo lhe confere características coesivas e compressíveis. São constituídos ainda por teores de areia e siltes, isto é, areias argilosas fofas ou silte areno-argilosos recentes, datando do período Quaternário. Nestes depósitos há presença de matéria orgânica, húmus, oriunda da decomposição de matéria vegetal e animal (SPANNENBERG, 2003), o que lhe proporciona cores escuras, de cinza a preto (MASSAD, 2010).

As características dos depósitos são diferenciadas da seguinte maneira (MASSAD, 2010):

A) Pelo processo de deposição:

• Fluvial: ocorrem nos leitos dos rios ou em planícies alagadiças;

• Deltaico-fluvial: ocorrem quando há deposição dos sedimentos de um rio em um lago (SPANNENBERG, 2003);

• Marinhos ou costeiros: são ocasionados pela flutuação do nível relativo do mar ao longo de milhares de anos. B) Pelo meio de deposição: Por água salgada, água doce ou água

salobra;

C) Pelo local de deposição: Praias, canais de mar e demais áreas litorâneas, planícies de inundação e várzeas.

2.1.1. SOLOS MOLES FLUVIAIS (ALUVIONARES) Os solos moles aluvionares são formados pela sedimentação de partículas mais finas, siltes ou argilas, que ocorrem nas áreas mais baixas das planícies alagáveis pelas cheias de rios (MASSAD, 2010). É comum haver heterogeneidade nestes perfis, principalmente com a presença de lentes de areia.

Com o movimento dos rios, onde seus meandros ao longo dos anos mudam de acordo com o curso natural fluvial, as áreas de deposição também são alteradas, o que confere também heterogeneidade horizontal da formação deste tipo de solo de baixa consistência (MASSAD, 2010), isto é, em algumas áreas onde atualmente há deposição de sedimentos no passado pode não ter havido por não ser propícia à sedimentação de partículas finas.

2.1.2. SOLOS MOLES MARINHOS

No período Quaternário ocorreram dois ciclos de sedimentação: o Pleistoceno e o Holoceno, os quais são intercalados pela última glaciação, cerca de 15 mil anos, com ocorrência de processos erosivos intensos (MASSAD, 2010). Nestes períodos ocorreram variações significativas do nível relativo do mar, principal processo de formação dos sedimentos marinhos das planícies da costa brasileira.

O nível relativo dos oceanos está relacionado à variação de seu volume de água, denominadas eustasia, e das alterações dos níveis dos continentes, denominada isostasia (MARTIN et al., 1986b) apud (SUGUIO, 2010).

As variações de nível dos oceanos são determinadas pelos seguintes fatores (SUGUIO, 2010):

• Alterações nos volumes dos oceanos por duas consequências, pela tectônica de placas que causa a tecnoeustasia, e pelos fenômenos de glaciação que resultam na glacioeustasia;

• Deformações das superfícies dos oceanos, resultando na geoidoeustasia.

Enquanto que os níveis dos continentes são resultantes dos seguintes processos (SUGUIO, 2010):

• Movimentos tectônicos, desde movimentos sísmicos (instantâneo) até movimentos de duração mais prolongada (muitos anos);

• Movimentos isoestáticos: variação das cargas provocadas pela expansão ou retração das geleiras sobre os continentes, em que

há erosão ou deposição de sedimentos provocados pela regressão ou transgressão do mar, respectivamente;

• Deformações das superfícies continentais.

Para compreender a deposição dos sedimentos resultante das flutuações do nível relativo do mar, Massad (2010) cita dois importantes eventos de transgressão do mar, isto é, avanço do mar em direção ao continente, que auxiliam no entendimento da deposição de sedimentos:

• Transgressão da Cananeia, ou Transgressão Antiga (SUGUIO, 2010): ocorrida há aproximados 123 mil anos, período em que o nível relativo do mar foi superior a cerca de 8 m do nível atual. Formou sedimentos argilosos ou arenosos na base, e arenosos no topo. Houve um momento regressivo, abaixamento do nível do mar, de cerca de 130 m oriundo da última glaciação, o que ocasionou processos erosivos intensos que removeram estes sedimentos parcialmente;

• Transgressão Santos, ou Transgressão Santista (SUGUIO, 2010): ocorrida há 17 mil anos, porém com poucas datações registradas até 7 mil anos. Neste período ocorreu nível relativo do mar mais baixo, cerca de 4 m acima do atual após o término da última glaciação, nos limites do Holoceno, em que o mar preencheu os vales que tinham sido escavados na rede hidrográfica. Os sedimentos originados depositaram-se nestes vales, lagunas e baías, os quais são conhecidos como Sedimentos Fluviolagunares e de Baías (MASSAD, 2010). Estes sedimentos são também resultantes do retrabalho da Formação Cananeia, os quais foram submetidos ainda a rápidas oscilações negativas do nível do mar (MASSAD, 2010).

A Figura 1 ilustra os dois eventos mencionados, que também são aplicáveis ao litoral catarinense.

Figura 1 – Exemplo de gênese das planícies sedimentares

Para identificar áreas que no passado estiveram sujeitas ás flutuações dos níveis do oceano, Suguio (2010) elenca três indicadores que auxiliam no reconhecimento de depósitos de origem marinha:

A) Indicadores Geológicos:

• Terraços de construção marinha: Caracterizados por depósitos sedimentares marinhos situados acima do nível atual do mar;

• Terraços de abrasão marinha: Inicialmente são entalhes marinhos, que por sua vez progridem para cavernas e por fim, com o colapso destas cavernas marinhas, passam a ser terraços de abrasão marinha; • Rochas praiais: Formadas por sedimentos cascalhosos e/ou arenosos de antigas praias. Estas formações são mais encontradas nas regiões do Brasil de clima quente, entre o litoral norte do Rio de Janeiro para o Norte e Nordestes (FLEXOR, MARTIN, 1979) apud (SUGUIO, 2010);

B) Indicadores Biológicos: Caracterizados pela presença de fósseis dos seres vivos do período, além dos restos biogênicos e das colônias, como por exemplo as cavernas de ouriços;

C) Indicadores Pré-históricos: sítios arqueológicos, como os sambaquis na costa brasileira.

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