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4 AVALIAÇÃO FORMATIVA, PORTFÓLIO E DOCUMENTAÇÃO

5.5 Formação inicial e continuada

A segunda categoria que surgiu da análise dos dados foi, portanto, a formação inicial, e a formação continuada. Neste sentido a formação é neste estudo fator determinante para o sucesso de todo o processo de transição da criança com deficiência da educação infantil para o ensino fundamental e para o processo de inclusão escolar como um todo.

Os professores, para a análise nesta categoria, estão assim sendo chamados a partir das siglas: Professor da educação infantil (PEI), professor do ensino fundamental (PEF), gestores

ensino fundamental e gestores, sendo um diretor, um supervisor da educação infantil, um supervisor da educação especial e um supervisor do ensino fundamental.

Quadro 8 – Questões aplicadas aos PEI, PEF e GES

PEI PEF GES

S N S N S N

Frequentou alguma disciplina da grade curricular (formação inicial) na área de educação especial?

1 1 4 1 3

Você já fez algum curso específico na área de educação especial?

2

Você identificou alguma lacuna nessa área em sua formação?

2 4 3 1

Você já teve oportunidade de fazer algum curso na área oferecido pela secretaria de educação deste município? Qual?

2 1 3 1 3

Fonte: Autoria Própria (2018).

Dessa maneira, criamos um gráfico para visualizar e melhor compreender como e qual é a formação do professor e gestor.

Gráfico 4 – Formação em educação especial

A implementação da inclusão escolar encontra vários desafios, um deles está na formação de professores. Na medida em que a inclusão implica um ensino adaptado às diferenças e às necessidades individuais, os educadores precisam estar habilitados para atuar de forma efetiva frente à diversidade dos alunos inseridos nos vários níveis de ensino.

Verificamos, no gráfico 4 a formação dos 11 participantes da pesquisa: apenas quatro têm formação em algum curso de educação especial, sendo que apenas dois são do ensino regular e os outros dois profissionais atuam na Educação Especial.

Apesar de a necessidade de preparação adequada dos professores e demais envolvidos na comunidade escolar estar prevista na Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994) e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), isto não vem acontecendo.

Em virtude da falta de formação dos professores da sala comum, para atender às diversas necessidades educativas especiais, além de infraestrutura adequada e condições materiais para o trabalho pedagógico frente às crianças com deficiência, torna-se deficitário o processo e isso certamente constitui um problema para a efetivação da inclusão escolar.

Quanto à formação dos professores, verificamos que a formação dos participantes se deu entre os anos de 1976 e 2009. Neste período, ainda não estava em vigor a lei que obriga o ensino de disciplinas de educação especial na grade curricular dos cursos de formação de professores. Os professores entrevistados não receberam, em formação inicial, disciplinas especificas em educação especial, inclusão ou outros saberes relacionados ao trato com a pessoa com deficiência – apenas um professor possui curso de especialização em educação especial e uma professora teve aulas de braile e libras na graduação.

Verifica-se, também, que são variadas as deficiências e síndromes das crianças cujas especificidades no trato pressupõem uma formação especializada. Isso mostra a falta de formação continuada necessária para lidar com a diversidade em sala de aula.

“No curso de pedagogia tínhamos uma disciplina na área de educação especial, porém a considero muito superficial, não nos dando a base necessária para compreender a criança e seu desenvolvimento, muito menos para entender mais sobre essa necessidade e os tipos de estímulos importantes para que ocorra uma verdadeira inclusão (não apenas no papel, ou para contabilizar números) (PEI1).

O atual e grande desafio posto para os cursos de formação de professores é o de produzir conhecimentos que possam desencadear novas atitudes, que permitam a compreensão de situações complexas de ensino para que os professores possam desempenhar seu papel de ensinar e aprender para a diversidade.

É importante notar a dificuldade do professor da sala comum em lidar com a diversidade dentro da sala de aula, conforme está apontado por Sant’Ana (2002, p. 1):

É sabido que os fundamentos teóricos metodológicos da inclusão escolar se centralizam numa concepção de educação de qualidade para todos, no respeito à diversidade dos educandos. Assim, em face das mudanças propostas, cada vez mais tem sido reiterada a importância da preparação de profissionais e educadores, em especial do professor de classe comum, para o atendimento das necessidades educativas de todas as crianças, com ou sem deficiências.

Nesta direção, pode-se afirmar que o professor não está preparado para lidar com a diversidade da criança com deficiência e precisa, portanto, ser ajudado a refletir sobre a sua prática para que compreenda suas crenças em relação ao processo e torne-se um pesquisador de sua ação, buscando aprimorar o ensino oferecido em sala de aula. Na inclusão escolar, torna-se necessário o envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações e programas voltados à temática. Docentes, diretores e funcionários apresentam papéis específicos, mas precisam agir coletivamente para que a inclusão escolar seja efetivada nas escolas.

Segundo Sant-Ana (2002), no que se refere aos gestores, cabe a eles tomar as providências – de caráter administrativo – correspondentes e essenciais para efetivar a construção do projeto de inclusão (ARANHA, 2000). Para Ross (1998), o diretor de escola inclusiva deve envolver-se na organização de reuniões pedagógicas, desenvolver ações voltadas aos temas relativos à acessibilidade universal, às adaptações curriculares, bem como convocar profissionais externos para dar suporte aos docentes e às atividades programadas.

Na rede municipal de São Carlos, apenas os professores e gestores da educação especial têm formação para o trato com a criança com deficiência. Porém, a escola comum inclusiva se dá em todos os ambientes, não apenas na sala de aula. Diante desse fato, a formação deve ser para todos os envolvidos na comunidade escolar, pois, ainda segundo Sant´Ana (2002):

[...] o administrador necessita ter uma liderança ativa, incentivar o desenvolvimento profissional docente e favorecer a relação entre escola e comunidade (Sage, 1999; Reis, 2000). Diante da orientação inclusiva, as funções do gestor escolar incluem a definição dos objetivos da instituição, o estímulo à capacitação de professores, o fornecimento de apoio às interações e a processos que se compatibilizem com a filosofia da escola (Schaffner & Buswell, 1999), e ainda a disponibilização dos meios e recursos para a integração dos alunos com necessidades especiais Inclusão escolar: professores e diretores.

Quando questionados sobre lacunas em suas formações em relação ao trato com a criança com deficiência, percebe-se que foram muitas estas lacunas, como diz uma professora da educação infantil. Você ercebeulacunas na sua formação incial ara o trato com,

“Muitas!!! O pedagogo, infelizmente em sua formação se depara com a educação especial ainda muito na superficialidade, deixando de lado aspectos fundamentais que fariam toda a diferença em sua formação. Coloca-se a obrigatoriedade na inclusão, como um direito da criança, porém se esquece de dar a formação necessária para aquele que irá atuar. Muito do que hoje eu sei foi por buscar informações, profissionais da área que puderam me ajudar e orientar. E claro estudando! No entanto, destaco a necessidade de termos conosco pessoas habilitadas na área de educação especial que nos dê o suporte e principalmente que atuem conosco junto com a criança. Sem uma equipe multidisciplinar esse trabalho fica muito empobrecido e quem sai totalmente prejudicado é o aluno”. (PEI1).

Além da participação de docentes e gestores no contexto da inserção dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, outros fatores como os relacionados à estrutura do sistema educacional precisam ser considerados na análise e nas discussões sobre as possibilidades de implementação de projetos nessa área.

Há necessidade de os professores serem orientados a partir de fundamentos teórico- práticos, para que possam modificar práticas e métodos de ensino, com o objetivo de propiciar um ensino de qualidade para todos.