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CAPÍTULO 1 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: RELAÇÃO

1.5 Formação inicial de professores: relação teoria e prática

Não é fácil ser professor e se tornar um professor é uma tarefa de extrema complexidade à medida que o professor é responsável pelo desenvolvimento de vários sujeitos ao longo de sua carreira docente, inclusive o seu próprio desenvolvimento que é constante e deverá ser reflexivo, pois o trabalho docente é orgânico e inerente a mudanças constantes de natureza social, cultural, política, entre outros entraves que se apresentam no nosso dia a dia.

A partir da sua experiência, Freire (1997, p. 87) nos relata:

[...] uma das marcas mais visíveis de minha trajetória profissional é o empenho a que me entrego de procurar sempre a unidade entre a prática e a teoria. É neste sentido que meus livros, bem ou mal, são relatórios teóricos de com que me envolvi. (FREIRE, 1997, p. 87).

Os nossos estudos acerca da formação inicial de professores têm abordado claramente que um dos grandes ganhos da formação dos professores seria a articulação concreta da teoria desenvolvida e apresentada nas salas de aula com a prática vivida de preferência nos lócus de trabalho do docente que é a escola. Os cursos de pedagogia têm como parte de seu currículo o

estágio obrigatório que deveria propiciar essa experiência, mas a carga horária para o desenvolvimento dessa atividade e a especificidade atribuída a ela não são claras pois poucas instituições “[...] especificam em que consistem os estágios e sob que forma de orientação são realizados, se há convênio com escolas das redes, entre outros aspectos” (GATTI; NUNES, 2009, p. 75).

O Pibid apresenta um grande diferencial do estágio supervisionado estabelecido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), por apresentar carga horária superior à estabelecida pelo CNE e também por oportunizar estágio desde o primeiro semestre do curso de licenciatura ou pedagogia, se assim for objetivo do projeto da Instituição de Ensino Superior (IES). Os múltiplos aspectos pedagógicos das instituições escolares são extremamente importantes para os bolsistas pibidianos. Dessa forma, a inserção dos mesmos na rotina escolar deverá ser orgânica e não apenas de observação, como o que normalmente acontece nos estágios.

É inerente a formação docente viver os projetos culturais, educacionais e sociais da escola. A instituição formadora, segundo Mizukami (2013, p. 27-28), “[...] deve oferecer-lhes uma formação teórico-prática que acione e alimente processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional ao longo de suas trajetórias docentes”.

Ressaltamos que a formação inicial de professores tem sido objeto das discussões de políticas públicas que promovem investimento, implementação e acompanhamento de programas voltados à formação de professores e o Pibid é um desses programas coordenado pela Capes.

Segundo García (1999), a formação de professores deve se referir não só ao discente que está estudando para ser professor, como também ao professor que tem mais experiência acadêmica. Ninguém aprende sozinho. O acompanhamento e intervenção do CA, proporcionado pelo Pibid, vai de encontro com o conceito de formação de professor de García, no que tange à formação individual ou em equipe.

A formação de professores é a área de conhecimento, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo ou da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem. (GARCÍA, 1999, p. 26).

Assim, o processo formativo da docência não se limita às metodologias de ensino e nem somente aos saberes específicos para o seu exercício, pois o exercer da docência atinge um

amplo contexto de sociedade, da educação e da escola; por isso deve fundamentar-se em uma formação prática e teórica que sejam consistentes e contextualizadas. A formação docente deve assumir a relação teoria e prática como eixos estruturantes para a construção do conhecimento crítico e reflexivo.

Para Pimenta (1995) a essência da atividade prática do professor é o ensino e a aprendizagem. A autora contribui com os nossos entendimentos em relação ao processo de exercício da docência em período de formação inicial que o PIBID proporciona, pois, o mesmo promove a vivência do processo de ensino e aprendizagem em lócus e ainda proporciona os meios para que os pibidianos desenvolvem projetos de intervenção em relacionados com as experiências vivenciadas na sala de aula.

[...] é o conhecimento técnico prático de como garantir que a aprendizagem se realize em consequência da atividade do ensinar. Envolve, portanto, o conhecimento do objetivo, o estabelecimento de finalidades e a intervenção no objeto para que a realidade seja transformada enquanto realidade social. Isto é, a aprendizagem precisa ser compreendida enquanto determinada por uma realidade histórico-social. (PIMENTA, 1995, p. 61)

Os pibidianos ao se envolverem com o conhecimento do objetivo, estabelecem as finalidades de intervenção para que a realidade das suas futuras salas de aula seja transformada. E mais transformam a sua formação inicial com desenvolvimento de olhar crítico e reflexivo por meio da possibilidade de desenvolver a relação teórico – prática que essa vivencia do programa proporciona aos licenciandos.

Para conhecer, é preciso mobilizar vários procedimentos e recursos. O conhecimento não se adquire “olhando”, “contemplando”, “ficando ali diante do objeto”; exige que se instrumentalize o olhar com teorias, estudos, olhares de outros sobre o objeto-fenômeno universal. (PIMENTA, 1995, p. 63)

As afirmações de Pimenta, corroboram com o nosso entendimento da dinâmica formativa prática-teórica que o PIBID proporciona uma vez que o programa permite o envolvimento e atuação concreta dos pibidianos em sala de aula nas atividades desenvolvidas pelos docentes responsáveis pelas salas os licenciandos vão muito além da “contemplação”, pois, os mesmos tem a possibilidade criar sugestões de intervenção para o desenvolvimento de sua aprendizagem teórica na prática.

CAPÍTULO 2 – O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À