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FORMAÇÃO INICIAL E VALORIZAÇÃO DAS PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.2 FORMAÇÃO INICIAL E VALORIZAÇÃO DAS PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.

Até o ano de 2006, o trabalho junto às crianças nas creches e escolas de educação infantil era realizado por atendentes de creche, cargo criado pela Lei nº 2213, de 29 de junho de 1984, e de responsabilidade da Secretaria Municipal da Saúde e Assistência Social. A qualificação exigida para o cargo de atendente de creche consistia no “Primeiro Ciclo do Ensino Secundário completo” (Lei Municipal nº 2213/1984). O regime de trabalho inicialmente de 48 horas semanais, sofreu alterações, primeiro pela Lei Municipal nº 2545/1987, passando a 40 horas semanais, e depois, alterado pela Lei Municipal nº 3342/1992, para 30 horas semanais. As atribuições desse cargo estavam essencialmente voltadas para atividades de recreação, cuidado, higiene das crianças.

O cargo de Professor de Educação Infantil foi criado, somente no ano de 2005, pela Lei Municipal nº 5020/2005. A partir de então, as tarefas, prioritariamente de cuidados com as crianças, que passam a adquirir o status de indivíduo, sujeitos, atores sociais, vão exigindo, também, uma profissionalização de quem está responsável por seu atendimento, dentro destas instituições, que também começam a ser consideradas escolares:

Em São Paulo, já a partir do século XX, começam a surgir instituições como os jardins de infância e as pré-escolas, amparados nas novas teorias sobre o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Essas novas instituições introduzem, então, a figura das “professoras jardineiras”, indicando o início de uma preocupação com a profissionalização desta responsabilidade, bem como sua vinculação ao universo escolar. (FLORES, 2007, p. 45).

A identidade dos profissionais da educação infantil vem se constituindo e se fortalecendo nas últimas décadas. Enquanto vinculada à assistência social, a educação infantil contava com profissionais com pouca ou nenhuma qualificação. A falta de exigência de escolaridade para se trabalhar com crianças pequenas também demonstrava a desvalorização e a pouca importância dada à qualidade do atendimento a estas crianças.

Em 2005, é lançado o edital do primeiro concurso público para o cargo de Professor de Educação no Município de Canoas, com provas objetivas e de

títulos, as quais ocorreram no ano de 2006. A escolaridade exigida, como formação inicial, era de Ensino Médio completo com Magistério ou Pedagogia para a Educação Infantil e o salário anunciado no Edital de nº 001/2005 era de R$ 694,54para a carga horária de 30 horas semanais.

Vamos abordar a partir deste momento os Planos de Carreira vigentes neste município no período de 1988 a 2014, incluindo na apresentação de cada um as diversas alterações havidas pelas leis que os foram modificando. A carreira dos professores de educação infantil era regida pelo Plano de Carreira do Magistério Público Municipal, instituído pela Lei Municipal nº 2645, de 10 de Novembro de 1988, ainda que com várias alterações, trazendo como princípios básicos da carreira do Magistério:

I - A profissionalização e valorização do membro do Magistério Público Municipal, conseguidas através de sua formação e atualização constantes, visando à consecução dos objetivos da Educação.

II - A progressão na carreira mediante promoções alternadas por antiguidade e merecimento. (CANOAS, Lei Municipal nº 2645/88, Art. 4º).

O ingresso na carreira era feito através de concurso público, exigindo-se para docentes regentes de classes de pré-escolar a 4º série a habilitação específica para o Magistério, em nível de 2º grau. (CANOAS, Lei Municipal nº 2645/88, Art. 14, Inciso I). Os níveis da carreira correspondiam à habilitação dos membros do Magistério, designados pelos algarismos 1, 2, 3, 4 e 5 e avaliados segundo os seguintes critérios: Nível 1, para Habilitação específica de 2º grau, obtida em três séries; Nível 2, para habilitação específica de 2º grau seguidas de estudos adicionais correspondentes a um ano letivo; Nível 3, para habilitação de graduação em licenciatura de curta duração; Nível 4, para de graduação em curso de licenciatura plena; Nível 5, para habilitação de graduação em curso de licenciatura plena , acrescida de curso específico de pós-graduação.(CANOAS, Lei Municipal nº 2645/88, Art. 9º).O Artigo 10 desta Lei esclarece que “O membro do magistério que ingressar no Plano de Carreira com Habilitação superior ao mínimo exigido só será enquadrado no nível próprio após cumprir o período de estágio probatório.” (CANOAS, Lei Municipal nº 2645/88, Art.10).

A Lei Municipal nº 2645/1988 concede ao membro do Magistério a gratificação de “[...] vinte por cento (20%), pela regência de classes pré- escolares e 1ª séries”. (CANOAS, Lei 2645/1988 Art. 7º). Em 1992 esta gratificação passa a ser de trinta por cento (30%). (CANOAS, Lei Municipal nº 3321/1992, Art. 10).

A Lei Municipal nº 5021/2005 que instituiu o Sistema Municipal de Ensino no Município de Canoas, garantiu aos Profissionais da Educação “[...] condições dignas e remuneração adequada às suas responsabilidades profissionais e níveis de formação, através de plano de carreira.” (CANOAS, Lei Municipal nº 5021/2005, Art. 25). Também se determina o direito ao piso salarial da categoria definido na legislação e a “[...] garantia de hora atividade, da carga horária semanal para estudo, planejamento e avaliação conforme legislação específica do ensino.” (CANOAS, Lei Municipal nº 5021/2005, Art. 25, Inciso VII). A respeito da formação inicial, a Lei determina:

A formação de professores e especialistas para atuarem na Educação Infantil e no Ensino Fundamental será em nível superior, em curso de licenciatura plena, obtida em Universidades e Institutos Superiores de Educação.

Parágrafo único. Será admitida, como formação mínima para o exercício do magistério, na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, aquela obtida em nível médio, na modalidade normal. (CANOAS, Lei Municipal nº 5021/2005, Art. 26).

A Lei Municipal nº 5580, de 11 de fevereiro de 2011, dispõe sobre o Plano de cargos, de carreira e de remuneração do profissional do Magistério do Município de Canoas. Em consonância com a Lei Federal nº. 11.738, de 16 de julho de 2008, a Lei Municipal nº 5580/2011 considera como profissional do magistério o professor que desempenha atividade de docência e o professor com atuação no suporte pedagógico à docência, compreendendo direção, planejamento, supervisão e orientação. (CANOAS, Lei Municipal nº 5580/2011, Art. 1º). O Artigo 47 da Lei Municipal nº 5580/2011, fala sobre a jornada de trabalho do professor de educação infantil:

Os cargos de professor da educação infantil, com 30 (trinta) horas semanais passam, a partir de sua respectiva vacância, a ter exigência da formação mínima prevista no inciso I, art. 6º, desta Lei com carga horária de 40 (quarenta) horas semanais.

§ 1º O professor da educação infantil que estiver no exercício do cargo, na data da vigência desta Lei, pode, até o dia 31 de março de 2011, optar pela carga horária de quarenta horas semanais, com a respectiva remuneração.

§ 2º A opção pela nova carga horária será irreversível. (CANOAS, Lei Municipal nº 5580/2011).

A Lei Municipal nº 5904/2015 altera, entre outros, o Artigo 32 da Lei Municipal nº 5580/2011 trazendo a informação de que “A escala de adicional por titulação, compõe-se de sete graus, do Grau 1 ao Grau 7, sendo remunerado, a partir do Grau 2.” (Lei Municipal nº 5904/2015). O Quadro nº 2 traz a organização desta escala conforme o grau de escolaridade e o adicional concedido:

Quadro nº 2 – Escala de adicional por titulação (CANOAS, 2015).

Grau Escolaridade Adicional

1 nível superior, com aderência à área de educação

2 pós-graduação, nível de especialização, com aderência à área de educação

10% 3 pós-graduação, nível de especialização, com indução2; 20% 4 pós-graduação, nível de mestrado, com aderência à área de

educação;

30%

5 pós-graduação, nível de mestrado, com indução; 40%

6 pós-graduação, nível de doutorado, com aderência à área de educação;

45%

7 pós-graduação, nível de doutorado, com indução. 50%

Fonte Lei Municipal nº 5904/2015 (Canoas, 2015). Sistematização da autora (2016)

Podemos analisar no Quadro nº 2 que, no Plano de Carreira estabelecido pela Lei Municipal nº 5580/2011, os professores têm a garantia de valorização de sua formação através do adicional em sua remuneração, de acordo com o grau de titulação apresentado. Tal política incentiva os professores a buscarem a formação continuada em sua carreira, contribuindo, assim, para a sua qualificação docente.

Nos Cadernos de Educação nº 24 (CNTE, 2011), dedicado ao debate sobre o PNE e os profissionais de educação, encontramos que a valorização do professor está fundamentada:

2 São considerados cursos com indução os que contemplarem “[...] a indicação de área, de

curso ou de linha de pesquisa pela SME, com base em diagnóstico de demanda, para desenvolvimento de capacitação e de pesquisa”. (CANOAS, Lei nº 5580/2011, Art. 31, Parágrafo único).

[...] nos seguintes elementos indissociáveis: carreira; vencimento inicial nunca abaixo do piso salarial profissional nacional; formação inicial e continuada ofertada pelo poder público; jornada (carga horária) e condições de trabalho apropriadas ao pleno êxito das atividades profissionais. Por óbvio, essas condições precisam ser equânimes, em todo país, a fim de se evitar disparidades no exercício profissional e na aprendizagem dos estudantes. (CNTE, 2011, p. 123-124)

De acordo com a Lei Municipal nº 5904/2015, que alterou dispositivos do Plano de Carreira criado pela Lei nº 5580/2011, a remuneração inicial dos professores não graduados seria de R$ 1.874,88 e estaria aquém do Piso Nacional do Magistério que, à época, janeiro de 2015, era de R$ 1.917,78 para os profissionais do magistério público da educação básica, com formação de nível médio modalidade normal, com jornada de 40 horas semanais. (MEC, 2015). Como podemos verificar, neste município, em 2015, os professores não graduados recebiam um vencimento inicial não condizente com a Lei do Piso, que entrou em vigor em 2008, sendo imprescindível sua efetivação para a qualidade da oferta educacional também na educação infantil, segundo Vieira (2014):

Muitos são os fatores que concorrem para que a implantação do piso salarial e a composição da jornada ainda não estejam consolidadas em todos os estados e municípios brasileiros. [...] Porém, a finalidade da instituição do PSPN é a valorização profissional e sua incidência sobre a qualidade da educação. Esse propósito transcende os eventuais desafios enfrentados pelas redes públicas de educação básica. (VIEIRA, 2014, p. 419).

Para os professores graduados de acordo com as alterações feitas pela Lei Municipal nº 5904/2015, os vencimentos iniciais seriam de R$ 2.112,92 para o regime de 40 horas semanais, pouco acima do Piso Salarial para os professores que não possuíam ensino superior.

Em 2014, a Lei Municipal nº 5878/2014 dispõe sobre o Plano de Carreira do profissional da Educação Básica, considerando como profissional da Educação Básica, os que exercem a docência na educação básica, e os que exercem as atividades de apoio à educação básica:

I - Professor de Educação Básica, nas seguintes ocupações e respectivas atribuições:

a) Professor de Educação Básica I (PEB I), docência junto à educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental;

b) Professor de Educação Básica II (PEB II), docência, por área de habilitação, junto à educação básica, em anos finais e em todas as etapas da educação básica em que necessária, aplicável ou exigível a regência ou aplicação da área de habilitação.

II - Especialista em Educação Básica, na ocupação de Especialista de Apoio à Educação Básica, com atribuições de supervisão, orientação e coordenação pedagógica;

III - Técnico em Educação Básica, na ocupação de Técnico de Apoio a Educação Básica, com atribuições de apoio à docência, aos serviços e às atividades educacionais. (CANOAS, Lei Municipal nº 5878/2014, Art. 1º, Parágrafo Único).

Neste trabalho, interessa analisar especificamente o professor apresentado no Inciso I, alínea “a” (PEB I), pois é este que irá atuar tanto na educação infantil quanto nos anos iniciais do ensino fundamental. A Lei Municipal 5878/2014 nos informa que a remuneração do profissional da educação básica “[...] será por subsídio, fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.” (CANOAS, Lei Municipal 5878/2014, Art. 12). A Lei também registra que não se aplicam a estes servidores direitos e vantagens como “[...] avanços; adicionais por tempo de serviço; incorporação e agregação de valores decorrentes do exercício de atribuições de direção, chefia e assessoramento; licença prêmio.” (CANOAS, Lei 5878/2014, Art. 43.) Neste caso, para a progressão de classe,

“[...] o servidor deve atingir 1.000 (mil) pontos, dentre 1.200 (mil e duzentos) possíveis, a cada intervalo mínimo de 3 (três) anos, entre as classes, considerando os critérios de efetividade, qualidade e experiência, na proporção de tempo e pontos definida nos arts. 19 a 22 desta Lei”. (CANOAS, Lei 5878/2014, Art. 16)

Como podemos perceber, o cargo de professor da educação infantil foi criado em 2005, regido pelo plano de carreira de 1988, regulamentando o cargo dos profissionais do magistério e que vigorou até 2011. No plano de carreira de 2014, podemos observar a criação de um novo cargo, passando a existir um único professor de educação básica, que pode exercer a docência tanto na educação infantil quanto nos anos iniciais do ensino fundamental (PEB

I). Com este novo enquadramento, o município de Canoas implementa uma política que elimina o concurso específico para atuar na educação infantil.

Acompanhamos, abaixo, sistematizados no Quadro 3, os editais de concurso público para professores com atuação na educação infantil realizados no Município de Canoas, no período de 2005 a 2016. O Quadro também traz as especificações sobre a escolaridade exigida, a carga horária semanal, o salário inicial e a correspondência ao Piso Salarial Nacional.

Quadro nº 3 – Concursos públicos (CANOAS, 2005-2016). Concurso – cargo Escolaridade exigida Carga horária

semanal

Salário inicial Edital nº 001/2005

Professor de educação infantil

Ensino Médio completo com Magistério ou Pedagogia para a Educação Infantil 30h R$ 694,54 Edital nº 01/2011 Professor Habilitação Educação Infantil Curso superior de licenciatura plena, com habilitação em educação infantil 40h R$ 1.756,99 Edital nº 467/2014 Professor de Educação Básica / PEB I Curso superior em Licenciatura plena em Pedagogia, com habilitação em

educação infantil e anos iniciais. 40h R$ 3.500,00 Edital de Abertura nº 49/2016 Professor de Educação Básica / PEB I Curso superior em Licenciatura plena em Pedagogia, com habilitação em

educação infantil e anos iniciais.

40h R$ 3.962,54

Fontes: Flores, 2015; Fundação La Salle, 2016.

O Quadro nº 3 evidencia que, na última década, foram realizados quatro concursos para professores, sendo que os dois últimos tiveram intervalo de menos de dois anos. Pode-se verificar também nesse Quadro, um breve histórico da formação inicial exigida para aquela professora que viesse a atuar na educação infantil.

O salário inicial no edital de 2005, ano em que não havia ainda a Lei do Piso, era de R$ 694,54. No edital de 2011, já vigorando a Lei do Piso, é observado que o Município de Canoas oferece rendimentos acima do piso

estabelecido por lei, o piso à época era de R$ 1.187,00 e no edital constava R$ 1.756,99. No edital correspondente ao ano de 2014, quando o Piso Salarial Nacional estava em R$ 1.697,00, o salário inicial por edital era de R$ 3.500,00. O edital de 2016 traz o rendimento inicial de R$ 3.962,54, enquanto o Piso é de R$ 2.135,00. Ou seja, desde a promulgação da Lei do Piso, o município de Canoas oferece, para as professoras graduadas, uma remuneração salarial acima do piso nacional. Mas é importante destacar que, apesar da vantagem de um salário inicial considerado atrativo, o último Plano de Carreira (Lei nº 5878/2014) trouxe consigo perda de direitos do Plano de Carreira anterior (Lei 5580/2011) no que se refere às vantagens e possibilidade de progressão na carreira.

Os professores de educação básica, que atuam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, regidos pelo Plano de Carreira instituído pela Lei 5878/2014, são remunerados acima da Lei do Piso, porém os professores de educação infantil, não graduados e regidos pelo Plano de Carreira instituído pela Lei 5580/2011, têm como salário inicial valores abaixo do Piso Salarial.

A carga horária de trabalho prevista em cada concurso é outro dado importante que aparece nesse levantamento, além do salário correspondente. Os editais serão analisados dois a dois, o de 2005 junto com o de 2011 e o de 2014 com o de 2016, devido a suas especificidades. A carga horária no edital de 2005 era de 30 horas semanais, passando a 40 horas semanais no edital de 2011, 2014 e 2016.

Podemos observar nos editais 2005 e 2011 que a nomenclatura para a função de professor era de professor de educação infantil, Quanto à formação inicial exigida, no concurso de 2005, ainda encontramos a modalidade de Magistério, sendo aceita. No concurso de 2011, a exigência já era para a formação em nível superior, situação que encontramos nos editais de 2014 e 2016. Com a supressão da habilitação de nível médio na modalidade de Magistério, o Município de Canoas se adéqua ao disposto na LDBEN no artigo 62, reconhecendo a importância da habilitação em nível superior para atuar na educação infantil. Além disso, ao exigir como formação inicial o curso de Pedagogia, o município reconhece este como o locus da formação das professoras para esta etapa da educação.

O Plano Municipal de Educação (PME) foi aprovado pela Lei Municipal nº 5933/2015, com vigência por 10 (dez) anos a partir de 2015. Trataremos neste momento de duas diretrizes do PME que estão intimamente relacionadas: a melhoria da qualidade da educação e a valorização dos (as) profissionais da educação. (CANOAS, Lei nº 5933/2015).

Segundo Silva (2011), “[...] a oferta de uma educação infantil de qualidade está associada, entre outros aspectos, à garantia de professores bem formados, valorizados, com condições adequadas de trabalho”. Fatores os quais contribuem para que o professor e a sociedade reconheçam a importância da atuação deste profissional junto às crianças pequenas, conforme Saviani (2009):

[...] as condições precárias de trabalho não apenas neutralizam a ação dos professores, mesmo que fossem bem formados. Tais condições dificultam também uma boa formação, pois operam como fator de desestímulo à procura pelos cursos de formação docente e à dedicação aos estudos. (SAVIANI, 2009, p. 153).

Deste PME, vigente em Canoas, destacamos as Metas 15, 17 e 18 por tratarem, especificamente, da valorização profissional. Na Meta 15 é proposto, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que no prazo de 1 (um) ano:

[...] de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. (CANOAS, 2015, Meta 15)

Complementando a questão de valorização das professoras da educação infantil, na Meta 17, temos a indicação de como os vencimentos entrarão na reafirmação da valorização.

Meta 17: Valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PME. (CANOAS, 2015, Meta 17)

Uma das estratégias apresentadas, a 17.2, preconiza que a valorização dos profissionais do magistério das redes públicas será feita através da revisão salarial, esta vinculada ao aumento no repasse dos recursos da União. Destacamos que a União predispõe-se a uma participação efetiva no compromisso estabelecido quanto à remuneração, pois como nos chama a atenção Saviani (2009):

Ora, tanto para garantir uma formação consistente como para assegurar condições adequadas de trabalho, faz-se necessário prover os recursos financeiros correspondentes. Aí está, portanto, o grande desafio a ser enfrentado. É preciso acabar com a duplicidade pela qual, ao mesmo tempo em que se proclamam aos quatro ventos as virtudes da educação exaltando sua importância decisiva num tipo de sociedade como esta em que vivemos, classificada como “sociedade do conhecimento”, as políticas predominantes se pautam pela busca da redução de custos, cortando investimentos. Faz-se necessário ajustar as decisões políticas ao discurso imperante. (SAVIANI, 2009, p. 153).

A consolidação profissional, através de um plano de carreira, está previsto na Meta 18: “[...] para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional”. (CANOAS, 2015, Meta 17). A estratégia 18.1 assegura, para tanto, o ingresso do funcionário do magistério, através de concurso público. Ao assegurar às professoras a valorização profissional podemos verificar a busca de uma educação de qualidade, com impacto em toda a sociedade, pois, de acordo com Saviani:

Com um quadro de professores altamente qualificado e fortemente motivado trabalhando em tempo integral numa única escola, estaremos formando os tão decantados cidadãos conscientes, críticos, criativos, esclarecidos e tecnicamente competentes para ocupar os postos do fervilhante mercado de trabalho de um país que viria a recuperar, a pleno vapor, sua capacidade produtiva. Estaria criado, por esse caminho, o tão desejado círculo virtuoso do desenvolvimento. (SAVIANI, 2009, p. 154).

Podemos concluir, pelo exposto, que o PME de Canoas apresenta uma preocupação quanto à valorização das professoras, assegurando-lhe uma profissão com reconhecimento através de um plano de carreira e trazendo o propósito de que todas as professoras de educação básica possuam formação

específica de nível superior, qualificando assim a oferta da educação pública neste município.

4.3 FORMAÇÃO INICIAL DAS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL