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Existem duas principais grandes áreas que constituem a educação ambiental: a área ambiental científica e a área educacional. A área científica compreende as pesquisas, as técnicas e as tecnologias ambientais ancoradas na ecologia, na botânica, na engenharia, na gestão ambiental, entre outros. A área da educação, além da pesquisa, tem por finalidade formar cidadãos conscientes de sua responsabilidade sócioambiental.

O multiplicador ambiental deve ser capaz de promover uma intersecção entre estas duas áreas do conhecimento da forma mais interdisciplinar possível. Seu papel é difundir informações ambientais e ganhar novos adeptos à conservação da natureza, ao uso sustentável dos recursos naturais e à qualidade de vida dos seres vivos, através de técnicas educacionais adaptadas ao público-alvo.

A forma como vem sendo pensada a Educação Ambiental faz com que cada vez mais seja valorizado o trabalho de profissionais capacitados em suas especialidades a planejar e gerenciar a qualidade do meio ambiente. Portanto, torna-se necessária a soma de saberes em prol do objetivo comum: melhoria da qualidade de vida de todos os seres vivos.

( OLIVEIRA,2006, p. 49)

O multiplicador ambiental não é necessariamente um professor, ou educador ambiental, mas sim qualquer indivíduo que se engaje na luta por um meio ambiente equilibrado e saudável a todos, podendo ser considerado como um sujeito ecológico. (CARVALHO 2004)

Este sujeito ecológico se assume no momento em que idealiza uma sociedade ecologicamente equilibrada e que busca assumir seu ideal em atitudes e comportamentos orientados por essa causa.

Além disso, “a identificação social e individual com esses valores ecológicos é um processo formativo que se processa a todo momento, dentro e fora da escola, e que tem a ver com o que chamamos a formação de um sujeito ecológico e de subjetividades ecológicas” (CARVALHO, 2004, p.137).

No contexto deste trabalho, teremos três tipos de multiplicadores ambientais: os monitores de educação ambiental do Jardim Botânico, os professores e os estudantes visitantes.

Os multiplicadores-monitores de educação ambiental do Jardim Botânico da UFSM são, geralmente, estudantes do curso de Ciências Biológicas ou dos cursos das Ciências Rurais12 que recebem as escolas visitantes e trabalham por meio de práticas ambientais, estimulando a vivência no ambiente natural bem como favorecendo o diálogo nos grupos de trabalho.

Os professores visitantes também podem ser considerados como multiplicadores ambientais, inclusive seu papel é fundamental uma vez que estes conhecem os estudantes. Para PÁDUA, 2000, p.71, “os professores precisam crer em seu próprio poder e em sua capacidade de ousar. Precisam acreditar que os processos são muitas vezes mais importantes do que os produtos finais.”

Capra (2000, p. 34) salienta o papel do professor como mediador do conhecimento na ecoalfabetização, quando diz que “o ensino não acontece de cima pra baixo, ao contrário há uma troca cíclica de informação. O foco está na aprendizagem e qualquer um no sistema é ao mesmo tempo professor e aprendiz.”

Os estudantes, por conseguinte, se transformarão em multiplicadores após as vivências ecológicas, influenciando a comunidade do seu convívio a partir de seus conhecimentos e seus ideais ecológicos.

Partindo do princípio freireano de que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediados pelo mundo”, tomamos como base o Jardim Botânico da UFSM, representado por “mundo”, onde alunos e educadores construirão conhecimentos juntos. Para tal, é imprescindível que exista o diálogo entre estes, de forma que haja troca de experiências.

Deste modo, o educador problematizador re-faz, constantemente, seu ato cognoscente, na cognoscitividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador, investigador crítico, também. (FREIRE 1987)

A ecoalfabetização, assim como a pedagogia freireana permite a participação de toda a comunidade escolar, conforme diz (DUALIBI 2006):

Aproximando-se muito de Paulo Freire, a alfabetização ecológica é uma pedagogia baseada no local e na participação direta e intensa da comunidade escolar.

12 Estes monitores das Ciências Rurais geralmente são dos cursos de Agronomia ou Engenharia

A educação problematizadora13 é uma ferramenta que aliada à ecoalfabetização possibilita reflexão e uma posterior ação, desafiando os educandos, através das práticas ambientais, a gerar questionamentos sobre suas atitudes. É possível dizer também que a educação problematizadora aliada a ecoalfabetização possibilita uma educação ambiental transformadora.

A educação ambiental transformadora é aquela que possui conteúdo emancipatório, em que a dialética entre forma e conteúdo se realiza de tal maneira que as alterações da atividade humana, vinculadas ao fazer educativo, impliquem mudanças individuais e coletivas, locais e globais, estruturais e conjunturais, econômicas e culturais. (Loureiro 2004, pág. 89).

O multiplicador ambiental tem diversas possibilidades de ação em educação ambiental baseado numa visão sistêmica, começando pelo próprio ambiente em que este se encontra que pode ser considerado como um sistema composto por indivíduos, situações e espaços interconectados. Utilizando a visão sistêmica, a ecoalfabetização, o pensamento complexo, e a educação problematizadora é possível dar um passo transformador em educação ambiental, envolvendo toda a comunidade escolar.

É preciso dar um passo transformador. Esse passo aponta na direção de se orientar os trabalhos escolares por uma lógica ambiental, a fim de que passemos da escola informativa para a escola formativa. É preciso e possível contribuir para a formação de pessoas, capazes de criar e ampliar espaços de participação nas “tomadas de decisões” de nossos problemas sócio-ambientais (PENTEADO, 1997, p.56).

Logo, todo professor, monitor ou estudante de educação ambiental que busque este mesmo ideal pode ser definido como um sujeito ecológico, e mais do que isso, estes tem a oportunidade de serem multiplicadores deste ideal.

13

Educação problematizadora: educação onde o conhecimento é movido pelo desequilíbrio das certezas e pela invenção ativa de soluções. Freire (1987)

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