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Formação para o Mercado de trabalho

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3 FINALIDADES DA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS ABORDADAS EM

3.1 Finalidades da formação de enfermeiros – o que apontam as teses e

3.1.6 Formação para o Mercado de trabalho

Com relação a esta finalidade, foram identificadas quatro dissertações e uma tese, que demonstraram afinidade com conteúdo desta categoria. Percebe-se que o mercado, hoje, estabelece que haja uma árdua e intensa atualização e obtenção de títulos que nem sempre asseguram a entrada do indivíduo no mercado de trabalho, mas solicita ao trabalhador que reveja suas competências e habilidades para a disputa de uma vaga nesse rígido mercado.

Indago que tipo de profissional enfermeiro atende às necessidades do mercado de trabalho? Os que aprendem o suficiente para executar uma técnica ou um procedimento? Ou o profissional que quer compreender quando e porque necessita realizar a técnica ou o procedimento?

Trecente (2014, p.127) destaca a relevância da formação dos enfermeiros e indica que “o processo ensino-aprendizagem é essencial na formação de futuros profissionais que atuarão no mercado de trabalho, nos diversos setores da saúde”, e

que por meio desta “formação é que teremos profissionais reflexivos e essenciais à formação de outros profissionais que atuarão no mercado de trabalho, nos diversos setores da saúde”.

Santiago (2013) ressalta a necessidade de introduzir os aspectos sociais e políticos para constituir uma primorosa formação, ou seja, é pouco aspirar por um aprendizado que somente favoreça ao profissional nivelar para concorrer no mercado de trabalho. A autora aponta que o aumento dos cursos de enfermagem, no Brasil, em decorrência da criação, em 1994, do Programa Saúde da Família (PSF), sob a égide dos princípios doutrinários do SUS, trouxe como consequência a concorrência no mercado de trabalho, pois gerou uma inadequada formação do enfermeiro e, assim, uma acentuada desvalorização da classe.

Porém, Santiago (2013) aponta que é árdua a tarefa de colocar em ação o que é apresentado nas DCN/ENF, haja vista que o mercado de trabalho não almeja um profissional crítico-reflexivo comprometido com dilemas sociopolíticos da sociedade contemporânea. Portanto, é imprescindível avançar não apenas na formação de um moderno profissional, mas, sobretudo, de um profissional crítico, criativo e disposto a atuar na consolidação do SUS, conforme destaca a as DCN/ENF.

Brito (2014, p. 30) observa que um fator a ser considerado na formação do enfermeiro é que este profissional não deve ser “preparado apenas para atender as demandas do mercado de trabalho, mas, sobretudo, para transformar as condições impostas por esse mercado”. Ele deve ser substanciado pela integralização do ensino teórico-prático. Entretanto, a autora aponta que as DCN/ENF são recentes e que propõem um desafio para as instituições de ensino, pois impõem a elaboração de projetos políticos pedagógicos criativos e flexíveis, com disposição para movimentar e estruturar o ensino, de forma a atender o modelo assistencial, às demandas sociais e ao mercado de trabalho em saúde.

Rocha (2014) destaca a associação entre os processos da formação e as vertentes do mercado de trabalho no setor saúde, considerando os processos de transformações no ensino das profissões de saúde, ou ainda debatendo fatores específicos do processo de formação de pessoal. O autor aponta que:

A reorientação das políticas e as mudanças na economia da saúde, ou seja, da forma de intervenção do Estado sobre a organização e gestão dos serviços, e as mudanças na produção, distribuição e consumo dos mesmos, induzidas pelos interesses do mercado no setor têm gerado mudanças

significativas na organização do processo de trabalho em saúde, afetando, direta e indiretamente, a formação dos profissionais (de nível superior) e dos trabalhadores de saúde em geral (ROCHA, 2014, p. 94).

O autor esclarece que vem acontecendo um processo de desqualificação técnica e de desvalorização do profissional em saúde, em que os diferentes atores comprometidos, gestores públicos e privados, profissionais e trabalhadores tentam desenvolver diferentes estratégias, que vão incluem a elaboração e a implantação de políticas de gestão do trabalho com vistas a defender os avanços para melhorar condições de trabalho e de remuneração.

Em Milagre (2017), embora seu estudo esteja associado à Educação Básica, vemos que é possível utilizar seu raciocínio para uma análise da graduação em enfermagem porque no cenário atual da educação básica e da educação em enfermagem demonstram que “a visão economicista surge como hegemônica em vários países mostra a relevância da discussão sobre finalidades e objetivos da educação escolar que se torna cada vez mais evidente”. Isso ocorre porque essas finalidades não devem ser apenas direcionadas para a necessidade do mercado, mas também para as transformações sociais.

Trecente (2014) aponta que, com o objetivo de substanciar e promover as políticas mundiais e neoliberais em países subdesenvolvidos, os organismos internacionais, como o Banco Mundial (BM), têm a função de difundir as reformas da educação. Tais organismos se destacam pela sua ação, as agências das Nações Unidas, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), dentre outras, que estão dispostas a desenvolver políticas para a América Latina.

Diante do exposto, verifica-se que os autores apresentam opiniões que se colocam em questão para o atendimento do mercado de trabalho com foco na formação para o atendimento às necessidades do mercado de trabalho, o que dificulta a constituição de uma posição teórica e política que visa à valorização da criatividade, da reflexão e da participação, aspectos fundamentais na formação do enfermeiro. Assim, chamam a atenção para a importância do desenvolvimento de um mercado de trabalho que favoreça a transformação social nos seguintes pontos: estruturar o ensino, de forma a atender o modelo assistencial, às demandas sociais e ao mercado de trabalho em saúde; as finalidades não devem apenas ser

direcionadas para a necessidade do mercado, mas também para as transformações sociais; devem-se considerar os processos de transformações no ensino das profissões de saúde, e ou ainda debater os fatores específicos do processo de formação de pessoal; e elaborar e implantar estratégias de políticas de gestão do trabalho com vistas em defender os avanços para melhorar condições de trabalho e de remuneração.

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