• Nenhum resultado encontrado

2.7. Transição para a vida pós-escolar (TVA)

2.7.4. Formação pré-profissional

A inclusão de pessoas com deficiência, em contexto social, será possível quando não houver dúvidas de que formação e emprego são duas etapas do mesmo ciclo de vida (Equipa do Serviço Técnico de Formação e Integração Profissional de Deficientes, 2007).

Para Santos (2006), a gestão curricular dos jovens com NEE, de carácter permanente, deverá incluir, de acordo com a legislação em vigor, uma componente pré-profissional, subdividida em duas vertentes, tal como se especifica no quadro 1.

COMPONENTES

ACTIVIDADE PRÉ-PROFISSIONAL FORMAÇÃO COMPLEMENTAR

Instituição/Empresa

Conteúdos Temáticos:

*Sensibilização à iniciação pré-profissional *Desenvolvimento pessoal e social

*Atividades da Vida Diária (AVD) *Higiene e segurança no trabalho *Outros

Relativamente à atividade pré-profissional, esta deve ser dirigida pelo técnico de acompanhamento da Instituição/Empresa, sendo supervisionada pelo mediador do projeto de transição, com o apoio da equipa técnica de acompanhamento e avaliação (Santos, 2006).

Ainda nas palavras de Santos (2006), a atividade, em contexto laboral, terá sempre um carácter pedagógico, que não pode ser confundido com o exercício prematuro de uma atividade profissional.

A formação complementar é uma etapa desenvolvida, na Escola, especificamente pelos Professores do Núcleo de Apoio Educativo e com a colaboração da equipa técnica de acompanhamento e avaliação, em temáticas específicas. Esta formação visa, fundamentalmente, abordar temáticas que servem de suporte ao aluno para complemento da atividade laboral. Assim, apresenta-se um esquema elucidador das competências a desenvolver e respetivos dinamizadores (quadro 2), com base no definido por Santos (2006).

FORMAÇÃO COMPLEMENTAR

CONTEÚDOS TEMÁTICOS DINAMIZADORES

Sensibilização à Iniciação pré-profissional Mediador do projeto de transição Desenvolvimento pessoal e social Docente de Educação Especial A.V.D.- Atividades da Vida Diária Docente de Educação Especial Higiene e Segurança no Trabalho Mediador do projeto de transição

Outros a definir

Quadro 2 - Formação complementar (adaptado de Santos, 2006)

Segundo a DGIDC (2008), o programa da atividade pré-profissional, definido no Programa Individual do aluno, na atividade laboral, será estruturado de acordo com as capacidades e interesses do aluno e os objetivos a concretizar.

Silva (2010) refere que, para atuar no caminho da transição para a vida pós-escolar dos jovens com NEE, é imprescindível a democratização organizativa. Todos os elementos da comunidade educativa (professores, alunos, pais, assistentes operacionais, pessoal docente, equipas psicopedagógicas) deverão participar nas decisões. A eficácia da implementação do processo é consequência direta da participação de todos na decisão sobre as atuações e os critérios.

Neste processo determina-se um período de atividade pré-profissional, ou seja o ciclo de atividade laboral será definido pela equipa técnica de acompanhamento e avaliação. Esta periodicidade obedece a vários fatores, nomeadamente: ano de escolaridade, atividade da componente académica e carga horária. Há que atender a que quanto mais se aproximar o fim da escolaridade obrigatória do aluno, mais importante se torna a criação de condições para a permanência (com aumento da carga horária) na experiência laboral, sendo este um processo progressivo (DGIDC, 2008).

Todo este processo de atividade laboral é acompanhado, mensalmente, pela equipa técnica de acompanhamento e avaliação, bem como, em situações pontuais, sempre que se

considere pertinente, a presença da equipa técnica na instituição/empresa, para que o acompanhamento possa proporcionar uma intervenção imediata e eficaz (Santos, 2006).

Para Santos (2006), a avaliação deste processo implica uma avaliação contínua da experiência em contexto de trabalho do aluno. Este procedimento acontece através da equipa técnica, nos três momentos de avaliação, com recurso a diversos instrumentos.

Alves (2009b) refere que a equipa pluridisciplinar participará nas reuniões de Conselho de Turma de Avaliação e estabelecerá contactos regulares e frequentes com os diretores de turma. No final de cada ano letivo, será elaborado um Relatório Final de Avaliação do Processo de Desenvolvimento do Projeto de Transição.

Referindo a metodologia que fundamenta o trajeto da atividade pré-profissional, realça-se o facto do aluno poder passar por uma ou mais áreas de experiência pré-profissional, atendendo a um determinado conjunto de avaliações, no decurso do processo, ao nível do seu desempenho, e à adaptação e motivação (EADSNE, 2002).

Cabe ainda destacar que, no desenvolvimento de todas as atividades, o jovem encontra-se abrangido pelo Seguro Escolar que, de acordo com o estabelecido na Portaria nº413/99, de 8 de junho de 1999, designadamente o ponto 1, alínea c) do art.º 2º, especifica que abrange alunos que desenvolvam experiências de formação em contexto de trabalho.

Segundo Pestana (2011), a reestruturação dos Cursos de Formação Profissional deverá atender aos objetivos do Sistema Nacional de Qualificações e terá por princípio promover a qualificação e integração socioprofissional de grupos com significativas limitações de inserção, tornando-se imprescindível proporcionar uma rede de oferta formativa diversificada, no contexto da formação de aprendizagem ao longo da vida, que crie qualificações fundamentadas em competências promotoras do desenvolvimento dos nossos jovens e também promovam uma coesão social. Assim, a sociedade poderá efetivamente contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso às profissões, bem como para a empregabilidade, superando discriminações de condição de deficiência.

O atual enquadramento legislativo português estabelece um sistema de quotas de emprego na função pública para pessoas com deficiência, através do Decreto-Lei n.º 29/2001, de 3 de fevereiro, que viu reforçada a não discriminação dos indivíduos com deficiência ou risco de saúde pela Lei n.º 46/2006, de 28 de agosto.

De acordo com a Lei n.º 38/2004, de 18 de agosto, o regime jurídico deverá atender à prevenção, habilitação, reabilitação e participação de pessoa com deficiência, prevendo também a promoção da oportunidade de educação, formação e trabalho durante a vida ativa.

Na conjetura atual, a formação desenvolvida pelo Serviço Técnico de Integração e Formação Profissional e Emprego Protegido de Deficientes (STIFPEPD) distingue-se por uma formação em ambiente laboral real, que é complementada com formação de base e pela preocupação no estímulo da autonomia pessoal e social dos formandos. Os jovens formandos são integrados em estrutura real de trabalho, embora sem formação específica ou tecnológica, sendo o seu percurso formativo mais demorado e algo desadequado às exigências da área formativa pois fica, muitas vezes, ao critério da entidade/empresa que os recebe ministrar as competências a desenvolver (Pestana, 2011).

Ainda para Pestana (2011), nos nossos dias, a competitividade e a modernização económica impõem, cada vez mais, trabalhadores qualificados.

É com as Portarias n.os 1095/95, de 6 de setembro e 52/97, de 21 de janeiro, que são definidas as condições de acesso e frequência dos alunos com NEE, que frequentam as associações ou cooperativas de Educação Especial. Esta legislação estabelece ainda os apoios financeiros a serem-lhes prestados.

Em consequência do acima exposto, e atendendo a que os formandos do STIFPEPD terão dificuldades na aquisição de conhecimentos específicos da área profissional almejada, procura-se transmitir-lhes esses conhecimentos, característicos ou tecnológicos, de forma adaptada, de maneira a que desenvolvam competências, as quais deverão ser registadas na sua Caderneta Individual de Competências o que lhes permitirá, futuramente, validá-las nos Centros de Novas Oportunidades (Pestana, 2011).

A inclusão profissional de pessoas com deficiência é uma temática que merece, socialmente, atenção focalizada e promoção de uma sensibilização das entidades empregadoras. É já ponto assente que o maior ou menor grau de empenho de um trabalhador relaciona-se, indubitavelmente, com a sua motivação e com o apreço pela manutenção do seu trabalho. Poder-se-á também referir que, especificamente, serão os que têm mais dificuldades em conquistar um emprego que, após a sua conquista, tudo farão para demonstrarem competência e profissionalismo. Assim, a disponibilidade , por parte das entidades empregadoras, em admitirem pessoas com algum tipo de deficiência, usualmente resulta numa grande satisfação pela qualidade do trabalho desenvolvido e pelo empenho colocado por estes trabalhadores. Não se deverá no entanto, esquecer o quão importante é a identificação das tarefas que podem ser desenvolvidas por quem tenha alguma limitação e do encaminhamento necessário para as profissões e atividades nas quais têm competência, como qualquer outro trabalhador (Fernandes, 2007).

Segundo Silva (2010), a preparação pré-profissional de jovens com DID é de extrema importância porque é parte integrante do seu processo educativo. Assim, a promoção da sua empregabilidade passará pela responsabilidade dos Ministérios de Educação e do Trabalho, pelo que será abordada, em seguida, a empregabilidade das pessoas com DID.

Documentos relacionados