• Nenhum resultado encontrado

A formação do professor para o atendimento educacional especializado ao aluno com deficiência segundo a Legislação

brasileira

Livia da Conceição Costa Zaqueu1 Cristiane Silvestre de Paula2

Resumo

A Constituição Federal brasileira de 1988 propõe a entrada dos alunos com deficiência preferencialmente na rede regular de Ensino regular, prevendo a oferta de atendimentos especializados a esse público. O objetivo do presente trabalho é descrever sobre a formação do professor para realizar o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ao aluno com deficiência segundo a Legislação brasileira. Método: O método de pesquisa utilizado foi qualitativo com base na pesquisa documental, para tanto, foram selecionados documentos oficiais da base de dados do Ministério de Educação na referida temática. Resultados: Os principais documentos selecionados vêm garantir a oferta do AEE aos alunos como meio de apoio ao processo de inclusão nas classes comum do ensino regular. Desse modo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, determina que os sistemas de ensino, devem assegurar direitos essenciais à participação ativa de alunos com deficiência nas escolas. Enquanto que a Resolução nº 1/2002 do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP), estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, definindo que as instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente necessária à diversidade. Assim, o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, vem promovendo um amplo processo de formação de gestores e professores na rede de educação básica nacional. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva estabelece que a Educação Inclusiva deve assegurar em escolas de qualquer nível, que para tanto, precisam ser preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos, independente de seus atributos pessoais. O Decreto 6571/2008 estabelece a oferta do AEE aos alunos público-

1 Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior Capes, Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP, liviazaqueu@ig.com.br

173 alvo: aqueles com alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública do ensino regular. Prioriza a formação de professores para realizar esse atendimento, priorizando conteúdos que venham garantir intervenções específicas na sala de recursos multifuncionais. Conclusão: O estudo serviu para refletir sobre os documentos oficiais norteadores de educação na perspectiva da educação inclusiva em relação à formação de professores para o atendimento educacional especializado ao aluno com deficiência para repensarmos em ações mais efetivas para que se cumpra a legislação brasileira.

Palavras-chave: Formação do professor, Legislação brasileira, Inclusão.

Introdução

A Constituição Federal brasileira de 1988 propõe a entrada dos alunos com deficiência preferencialmente na rede regular de Ensino regular, prevendo a oferta de atendimentos especializados a esse público (Brasil, 1988).

Um dos objetivos fundamentais da Constituição Federal brasileira em vigor é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Neste caso, definindo, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino, garantindo como dever do Estado, a oferta de atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208) (Brasil, 1988).

Por outro lado, apesar da garantia legal na prática ainda percebe-se à existência de desafios para efetivar a educação como direito de todos. Neste contexto, urge considerar que não se pode atrelar a esse direito algo relacionado apenas ao cumprimento da obrigação de matricular e manter alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns do ensino regular. Neste caso, isso poderia até mesmo reforçar a exclusão dos referidos alunos, por isso, urge medidas efetivas que venham garantir a participação dos referidos alunos nas atividades curriculares da escola.

Assim, uma das tarefas para que os objetivos possam ser atingidos em educação em uma perspectiva inclusiva é identificar constantemente as intervenções e ações desencadeadas e/ou aprimoradas para que a escola seja um espaço de aprendizagem para

174 todos os alunos. Isso certamente exigirá novas elaborações no âmbito dos projetos escolares, visando ao aprimoramento de sua proposta pedagógica, dos procedimentos avaliativos institucionais e da aprendizagem dos alunos.

Diante das situações aqui apresentadas, destaca-se a constituição de espaços de aprendizagem na escola para todos os alunos conforme determina a CF 88 (art. 205, inc. III), prevendo que o Estado deve garantir atendimento educacional especializado aos educandos com necessidades educacionais especiais (Res. 2/01), preferencialmente na rede regular de ensino.

Alguns Programas Nacionais de apoio a Educação Inclusiva

O cenário atual da educação brasileira requer compromisso com a aprendizagem de todos os alunos independente de suas condições. Neste sentido, ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão.

O Ministério da Educação (MEC) oferece programas de apoio à Educação Inclusiva de alunos com necessidades especiais e alunos com deficiência na rede pública de ensino, a saber:

 Brasil Alfabetizado: alfabetização de jovens, adultos e idosos. Acontece em todo o território nacional, com prioridade para os municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%. O MEC oferece apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos.

 Escola Que Protege: projeto voltado para a promoção dos direitos humanos, a defesa de crianças e adolescentes, além do enfrentamento e prevenção das violências no contexto escolar. Sua principal estratégia é a formação continuada de profissionais de educação e da Rede de Proteção Integral.

 Escola Aberta: escola como espaço para o desenvolvimento de atividades educativas, culturais e esportivas para estudantes e comunidades. O programa apoia a abertura, nos finais de semana, de escolas públicas localizadas em

175 territórios de vulnerabilidade social. Visa fortalecer a convivência comunitária, evidenciar a cultura popular, as expressões juvenis e o protagonismo da comunidade, além de contribuir para valorizar o território e os sentimentos de identidade e pertencimento. O desenvolvimento do programa pressupõe a cooperação e a parceria entre as esferas federal, estadual e municipal e a articulação entre diversos projetos e ações no âmbito local, incluindo os da sociedade civil.

 Programa Nacional do Livro Didático (PNLD): subsídio ao trabalho pedagógico dos professores. Este programa distribui livros didáticos, dicionários e obras complementares de qualidade para escolas públicas de ensino fundamental e médio. Atende ainda aos alunos integrantes do programa Educação de Jovens e Adultos e das entidades parceiras do Programa Brasil Alfabetizado. Os livros são catalogados no Guia de Livros Didáticos, publicado pelo MEC. As escolas escolhem os títulos, de acordo com seu projeto pedagógico.

 Mais Educação: induz a ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da Educação Integral. O programa financia projetos das escolas para oferecer atividades ligadas ao meio ambiente, esporte, lazer, direitos humanos, cultura, artes, inclusão digital, saúde, alimentação e prevenção no turno oposto ao das aulas regulares.

 Acompanhamento da Frequência Escolar: monitora a frequência escolar de alunos de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa-Família. Cabe ao Ministério da Educação o acompanhamento das presenças, visando o combate à evasão e estimular a progressão escolar.

 Escola Ativa: programa está sendo finalizado e substituído pelo Programa Escola da Terra, contemplando mudanças na concepção pedagógica.

 Escola Acessível - Promove condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos e à comunicação e informação nas escolas públicas de ensino regular. Ações do programa (disponibilizar recursos, por

176 meio do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, às escolas contempladas pelo Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais)

 Sala de Recursos Multifuncionais - Apoia a organização e a oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE, prestado de forma complementar ou suplementar aos estudantes com deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Altas Habilidades ou Superdotação, matriculados em classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições de acesso, participação e aprendizagem.

 Livro Acessível - Promove a acessibilidade, no âmbito do Programa Nacional Livro Didático – PNLD e Programa Nacional da Biblioteca Escolar - PNBE, assegurando aos estudantes com deficiência visual matriculados em escolas públicas da educação básica, livros em formatos acessíveis. O programa é implementado por meio de parceria entre SECADI, FNDE, IBC e Secretarias de Educação, às quais se vinculam os Centros de Apoio Pedagógico a Pessoas com Deficiência Visual (CAP) e os Núcleos Pedagógico de Produção Braille (NAPPB).

 Benefício Prestação Continuada na Escola - Monitora o acesso e permanência na escola dos Beneficiários do Benefício da Prestação Continuada - BPC com deficiência, na faixa etária de 0 a 18 anos, por meio de ações articuladas, entre as áreas da educação, assistência social, direitos humanos e saúde.

 Formação Continuada de Professores de Educação Especial - Apoia a formação continuada de professores para atuar nas salas de recursos multifuncionais e em classes comuns do ensino regular, em parceria com Instituições Públicas de Educação Superior – IPES.

Portanto, diante da abrangência desses programas, vale destacar que para garantir na escola a participação efetiva de alunos considerados público-alvo da Educação Especial em uma perspectiva inclusiva, tais como: àqueles com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, além da existência de

177 alguns recursos de tecnologia assistiva para atender às necessidades específicas de alguns desses alunos, é urgente pensar no auxílio de um professor especializado e apoio de uma equipe interdisciplinar, além de outros serviços (Brasil, 2008; Santana, 2005; Silva & Aranha, 2005). A partir desta questão, a educação especial e a situação da excepcionalidade da educação escolar, mediadas pela educação comum, dependem, fundamentalmente, da qualidade ou da competência dos professores comuns e especializados (Mazzota, 1993).

Portanto, o objetivo deste trabalho foi descrever a formação do professor para realizar o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ao aluno com deficiência segundo a Legislação brasileira.

MÉTODO

O método de pesquisa utilizado foi qualitativo com base na pesquisa documental, para tanto, foram selecionados documentos oficiais da base de dados do Ministério de Educação na referida temática.

RESULTADOS

Os principais documentos selecionados vêm garantir a oferta do AEE aos alunos como meio de apoio ao processo de inclusão nas classes comum do ensino regular. Desse modo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, determina que os sistemas de ensino, devem assegurar direitos essenciais à participação ativa de alunos com deficiência nas escolas. Enquanto que a Resolução nº 1/2002 do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP), estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, definindo que as instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente necessária à diversidade. Assim, o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, vem promovendo um amplo processo de formação de gestores e professores na rede de educação básica nacional. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva estabelece que a Educação Inclusiva deve assegurar em escolas de qualquer nível, que para tanto, precisam ser preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos, independente de seus atributos pessoais. O Decreto 6571/2008 estabelece a oferta do AEE aos alunos público-alvo: aqueles com alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação,

178 matriculados na rede pública do ensino regular. Prioriza a formação de professores para realizar esse atendimento, priorizando conteúdos que venham garantir intervenções específicas na sala de recursos multifuncionais (Brasil, 2008).

Os dados analisados revelam que de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva a Educação deve ser assegurada em escolas de qualquer nível, que para tanto, precisam ser preparadas para propiciar um ensino de qualidade aos alunos publico alvo da Educação Especial, independente de seus atributos pessoais. Além disso, é importante destacar que a Resolução n. 4 (Brasil, 2009) estabelece que os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação nas classes comuns do ensino regular. Assim, um dos artigos analisados constatou que muitos fatores mostram-se dificultadores do processo de inclusão na escola, tais como: carência de rampas e de banheiros adaptados, falta de capacitação dos docentes, precariedade do apoio dado pela Secretaria de Estado da Educação, desconhecimento do diagnóstico das deficiências e de como lidar com as especificidades de cada aluno (Oliveira & Souza, 2011).

Frente a isso, a formação do professor para o atendimento ao aluno com deficiência no Brasil é essencial e vem garantir a inclusão escolar com responsabilidade e respeito a diversidade e especificidades dessa população.

CONCLUSÃO

O estudo levantou alguns dados sobre a Educação na perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil e como norteador para refletir sobre os documentos oficiais norteadores da Política Nacional à formação de professores para o atendimento educacional especializado ao aluno com deficiência para repensarmos em ações mais efetivas que venham atender a esse público para que se cumpra a legislação brasileira.

É inegável o valor das ações que se tornam exemplares, mas certamente isso não garante sua generalização para o sistema de ensino, o que resultará em desigualdade na oferta de mesmas condições de qualidade para todos os alunos residentes na circunscrição de cada escola.

Apoio: Este trabalho contou com o apoio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior-CAPES

179 Referências Bibliográficas

Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008.

Santana, IM. Educação inclusiva: Concepções de professores e diretores. Psicologia em Estudo:

Maringá; v. 10, n. 2, p. 227-234, 2005.

Silva, SC, Aranha, MSF. Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica de educação inclusiva. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília: 11, 373-394. 2005.

Mazzotta, MJS. Trabalho docente e formação de professores de educação especial. São Paulo: EPU, 1993. 146 p.

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 4, Brasília, 2009.

Oliveira, MAM, Souza, SF. Políticas para a inclusão: estudo realizado em uma Escola Estadual de Belo Horizonte. Educar em Revista, Curitiba, n.42, p 245-261, out/dez 2011

180

Panorama do programa “a formação de professores para a