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6. O CASO DO O ENSINO DE DANÇA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA E

6.1. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

De acordo com as informações contidas na entrevista e por meio das análises dos relatórios entre os anos de 2011 a 2013, aos quais foram acessados para esse estudo, as formações aconteciam de forma esporádica, em ações conjuntas e colaborativas com universidades públicas e privadas de João Pessoa, através dos departamentos de Educação Física e Artes. Ao serem abordadas na entrevista sobre às ações da formação que aconteceram no ano de 2010/2011, apresentadas na pesquisa de Florêncio (2011), a entrevistada confirmou estas parcerias e entre a Secretaria de Educação e Cultura da prefeitura de João Pessoa e o departamento de pós-graduação em Educação Física UFPB/UPE, assim como ocorreu este processo durante os anos.

As decisões tomadas entre ela (ex-coordenadora/formadora), os professores e a pesquisadora-professora Florêncio (2011), como resultado de um processo de pesquisa-ação colaborativo realizado no ano de 2010, encaminharam decisões dessas partes em eleger para esse ano o trabalho teórico/prático/metodológico de Nanni (2002, 2003). De acordo com Tinoco (2007, apud FLORÊNCIO, 2011), a pesquisa acadêmica do tipo colaborativa pode se configurar correspondente a uma das modalidades da pesquisa-ação, cujo objeto principal é a intervenção dos envolvidos professores na resolução de um problema coletivo, e foi este processo que sucedeu.

Assim, nos aproximamos da proposta de Dança-Educação de Nanni (2002; 2008), por percebermos que há uma apropriação do conhecimento de dança como fonte de educação para além de uma abordagem performática, e é subsidiada por conhecimentos da Educação Física. Embora a proposta traga elementos pontuais, de como tratar a dança no cotidiano, ela também traz subsídios para pensar uma dança que não seja exclusiva, que permita o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, sem esquecer porém, do desenvolvimento sócio-psico-motor, atribuído a esta área do conhecimento (FLORÊNCIO, 2011, p. 53).

É perceptível que essa abordagem se tornou importante e hegemônica para essa formação, cuja entrevistada também relata que esse referencial acompanha tanto ela como estes professores desde a graduação.

Utilizamos desde a graduação e na especialização também...apesar de eu não ter feito a especialização. Eu não fiz a especialização e me arrependo porque era um sonho meu. Eu continuei estudando, apesar de não ter o título. Porque eu acho que cada um tem a contribuição e a gente vai seguindo do que a gente se identifica, o que os alunos acolhem, e o que der certo nas aulas, que é eficiente. Ex-coordenadora/formadora entrevistada.

O estudo de Florêncio (2011) também apontou como lacunas para construção e implementação de uma proposta para o ensino da dança na Educação Física Escolar, a inexistência e ineficiência de uma proposta de teórico/prática com clareza epistemológica por parte dos pares, como também a ausência de criticidade sobre a própria prática pedagógica no ensino de dança pelos professores. Após quatro anos, esse processo também confirmou o que foi analisado nesta pesquisa: uma ausência de inovação crítica sobre processo teórico-

metodológicos para o ensino de dança na escola. Também é perceptível que as

epistemologias estão ligadas ainda às concepções de movimento expressivo e estético, advindas das concepções fenomenológicas modernas como no transcrito do plano:

No panorama atual da Educação Física, o movimento corporal associado à música, à expressão de sentimentos à beleza do desenho e de formas corporais, é reafirmado como componente importante para a formação e utilização de perspectivas integralização de diferentes aspectos ligados à educação da criança e do jovem. Projeto de formação continuada em dança da sedec, 2011/2013.

A formadora teve sua formação inicial em Educação Física entre a década de 80 e 90, ano que houve uma difusão desta propostana área da Educação Física. Isso é perceptível nas respostas dadas pela entrevistada ao assumir que não passou por nenhum processo de atualização formal (especialização, mestrado), apenas cursos de curta duração e oficinas nos últimos anos, afirmando a opção da mesma em considerar a proposta de Nanni eficiente para o ensino de dança na escola.

De acordo com Florêncio (2011), apesar de os professores conhecerem essa proposta, não tinham conhecimento aprofundado, nem clareza sobre os pressupostos

didáticos/epistemológicos desta. Ainda assim, foi escolhida como proposição para o currículo do ensino de dança, na Educação Física das Escolas Públicas Municipais de João Pessoa. A autora mostra preocupação entre as interfaces entre Educação Física e Arte.

O que vem ocorrendo é que os profissionais de Educação Física, têm se baseado em propostas da dança-arte para tratar o saber em dança em suas aulas, sendo esta uma das lacunas apresentadas nas propostas de dança para a Educação Física Escolar. Não no sentido de que estas propostas de arte não tenham uma representatividade para se pensar o ensino da dança, mas por reconhecer que seus objetivos são pensados para esta área do conhecimento e não sob o enfoque da Educação Física (FLORÊNCIO, 2011, p. 53).

Tais ocorrências de especialização não avançam em resolver os problemas para o ensino de dança, permanecendo em uma lógica abissal e não atualizada no que concerne à operacionalização do corpo que dança na escola, nem no diálogo paradigmático entre as áreas que constituem a dança enquanto componente curricular. Apesar de reconhecer a especificidade da Educação Física assim como da Arte/Dança, e após analisar produções acadêmicas para o ensino de dança, observa-se aqui que essas ocorrências acontecem em um trânsito de interfaces que se evidencia em alguns momentos com maior frequência e em outros em menor grau, ao longo das constituições entre as áreas. Todavia são importantes essas interfaces para ampliar as possibilidades para o ensino da dança.