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A formação do tutor presencial

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CAPÍTULO 2 – O tutor, suas múltiplas funções e sua formação

2.5 A formação do tutor presencial

Pode-se identificar a recorrência de alguns obstáculos ao desempenho das funções propostas ao tutor, como falta de autonomia, pois este segue roteiros previamente feitos. Outro obstáculo refere-se a sua formação. O tutor costuma ter pouca formação no Brasil, pois não encontra muito apoio bibliográfico, nem ações ou programas suficientes destinados a sua formação. E o pior é o desinteresse das instituições superiores de EAD que oferecem os cursos.

Gonzalez (2005) em seu livro Fundamentos da Tutoria em Educação a Distância elenca as diversas funções dos tutores presenciais de cursos superiores através da EAD.

A notável relevância e complexidade do papel do tutor nos programas de Educação a Distância (EAD), demonstra a necessidade de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas. Espera-se que o tutor, além de domínio da política educativa da instituição em que está inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade, exerça uma sedução pedagógica adequada no processo educativo (Idem, p. 79).

É válido ressaltar que não há um modelo como referencial nem como paradigma de formação e atuação para tutor. “O que se vê, na prática, é uma tutoria alinhada com os modelos de treinamento e instrução programada” (VILARDI et al., 2005, p. 01).

Vilardi et al. (2005) dizem que o tutor precisa ter uma formação sociointeracionista. A formação do tutor é fundamental para que ele, possa vivenciar o processo como aluno para que possa passar por ele e, posteriormente, sanar as dificuldades dos alunos.

Segundo Vilardi et al. (2005), o processo de formação do tutor pode ser dividido por eixos: eixo do conteúdo (formação teórica para mediar a aprendizagem do estudante com segurança); eixo das ferramentas de interação (formação específica para a utilização de sistemas de EAD) e eixo dos mecanismos de comunicabilidade (formação específica para expressão clara e ainda para que o tutor ache a melhor maneira de se comunicar com o aluno).

Santos et al. (2002) afirmam que é necessário formar professores que saibam utilizar os recursos tecnológicos e orientar coerentemente com a proposta pedagógica do curso. A formação do professor é um dos principais itens para o processo de ensino e de aprendizagem presencial, além do mais, a formação de tutores é essencial para garantir o êxito da EAD, especialmente se incorporam as TIC e novas abordagens pedagógicas. considera o aluno

Os tutores costumam ser pouco valorizados, inclusive os professores também recebem pouca valorização. Com a baixa valorização social, baixos salários, pouca formação, condições de trabalho ruins, há um prejuízo, pois os tutores passam a manter pouco contato com os alunos. E existem aqueles tutores que creem que a educação a distância exija menos esforço, compromisso, preparação e energia em relação à educação presencial.

De acordo com Schmid (2004), todas essas questões se tornam mais alarmantes porque existem casos de estudantes que estão terminando seus cursos por meio da EAD ou são recém-formados, mesmo com entusiasmo e boas intenções, tornam-se tutores presenciais sem formação e experiência necessárias para o exercício desta profissão. Nestes casos,

recomenda-se capacitação e supervisão constantes. As condições de trabalho também não são sempre favoráveis.

Schmid (2004) também aponta características que devem ter os tutores. Uma delas é conhecer de forma aprofundada a disciplina que vão trabalhar e as estratégias didáticas do ensino a distância. Precisam ainda conhecer as TIC que a instituição onde trabalham oferecem, inclusive as limitações destas. Uma capacitação constante também se faz necessária quando os programas são modificados ou novos programas são introduzidos. Estes profissionais precisam conhecer a disciplina bem e ter atualização permanente sobre esta.

De acordo com Munhoz (2003), os centros de Educação a Distância estão à procura de professores-tutores eficazes, todavia, não observam que estes estão ao seu alcance: os próprios professores das salas de aula convencionais, mas que para serem tutores, se faz necessário lhes oferecerem formação adequada para que se sintam confortáveis ao lidar com este tipo de ensino. Formando assim, um condutor das fontes de pesquisa, dos caminhos; um profissional psicólogo, no qual as especificidades de cada indivíduo o conduz a perceber novos caminhos de aprendizagem. Ele é o profissional participativo que atua junto ao aluno e o engaja no processo de ensino e de aprendizagem.

Cabanas e Vilarinho (2007) afirmam que é necessário garantir ao tutor uma formação que ultrapasse a capacitação e que alcance competências, levando em consideração o percurso histórico da função de tutoria e do próprio tutor.

Leal (2003) mostra que o tutor precisa de formação acadêmica e experiência em educação e conhecimento didático-pedagógico. Segundo este autor, o tutor deve ter formação acadêmica para organizar situações didáticas com os alunos, sem armadilhas técnicas.

Necessita do conhecimento do ensino presencial para assim compreender a heterogeneidade dos indivíduos, a complexidade e singularidade do processo de aprendizagem para gostar da atividade docente. O tutor não pode reproduzir saberes fragmentados. Na sua formação, a prática educativa deve ser vista em “elementos fundantes [...] numa concepção do belo, da unicidade, da estética, das possibilidades circunscritas na relação educador-educando baseada no diálogo, no encontro com o outro” (LEAL, 2001, p. 04). Ou seja, como a EAD é um ensino diferenciado, requer diferentes habilidades e uma sólida formação acadêmica assim como a presencialidade também requer.

Mas quem pode ser tutor? Não é exagero ressaltar a necessidade de se selecionar e formar adequadamente os tutores para melhorar um curso de EAD. Contudo, é ilusório crer que um profissional formado em determinada área seja capaz de lecionar todas as disciplinas de um curso como faz o tutor. Assim, mesmo um tutor presencial dedicado e comprometido,

não será capaz de solucionar dúvidas de todas as disciplinas de forma satisfatória e seu trabalho, em alguns momentos, será superficial.

Este capítulo pretendeu abordar a questão da tutoria presencial na EAD, suas múltiplas funções, sua legislação e sua formação. Os estudos indicaram a necessidade de considerar o tutor presencial como um profissional que desempenha um papel didático-pedagógico, cujas ações se fundamentam na base dos saberes docentes.

O capítulo consecutivo pretende tratar da pesquisa empírica, detalhando o campo empírico, caracterizando os sujeitos pesquisados e indicando os procedimentos de coleta, de análise e de interpretação dos dados.

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