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Formas de afetar a aluna com maiores possibilidades e impossibilidades de

4 A RELAÇÃO (AFETIVA) ENTRE O PROFESSOR E O ALUNO COM DI

4.3 O Caso da professora Isabel e da aluna Regina

4.3.4 Formas de afetar a aluna com maiores possibilidades e impossibilidades de

Quadro 12 - Formas de afetar a aluna com maiores possibilidades e impossibilidades de inclusão

Possibilidades de inclusão Impossibilidades de Inclusão

- Quando cumprimenta todos da mesma forma.

- Quando pede que falem sobre o que aconteceu fora da escola.

- Quando inicia as atividades com todos.

- Quando faz algumas adaptações nas atividades oferecidas a Regina.

- Quando acredita nas potencialidades da aluna.

- Quando a aluna faz as atividades. - Quando a aluna tem dúvidas e é incentivada a perguntar.

- Quando é incentivada a ir só para o recreio

- Quando a professora incentiva a interação com todos os alunos.

- Quando é incentivada a participar de atividade extraclasse.

- A partir do discurso da professora, não identificou-se nenhuma especificidade da afetividade da relação que apontasse para a impossibilidade de inclusão.

O quadro 12, versa sobre as formas de afetar a aluna com maiores possibilidades de inclusão, das quais destaca-se os seguintes momentos: quando a professora Isabel cumprimenta todos os alunos da mesma maneira, e procura ouvir cada um deles. Quando oferece a todos as mesmas atividades. Quando faz algumas adaptações nas atividades oferecidas a Regina, e acredita nas potencialidades dela. Quando Regina faz as atividades e é incentivada a perguntar se tem dúvidas. Quando é incentivada a ir de maneira independente para o recreio, a interagir com outros os alunos, e também a participar das atividades extraclasses.

O discurso da professora evidencia atitudes genuinamente inclusivistas, principalmente quando busca identificar quais são as necessidades específicas de Regina, desenvolvendo estratégias de flexibilização e adaptação curricular, através de práticas pedagógicas que intentam implementar e/ou suplementar respostas educativas às suas necessidades, atuando também com sensibilidade as suas limitações, sem deixar de incentivá- la na tentativa de superação de todos os obstáculo que dificultem o processo de seu desenvolvimento e de sua aprendizagem.

Nesse entendimento, Colombo (2007, p. 42 e 43) diz

Sendo assim, as atividades de ensino permeadas por dimensões afetivas na mediação do professor, a partir do seu planejamento visando ao sucesso do aluno, mostram-se como fatores potencialmente determinantes para o alcance dos objetivos pré- estabelecidos no plano de ensino, podendo favorecer relações afetivas positivas entre sujeito (aluno) e objeto (conteúdos escolares).

Embora, não tendo identificado no discurso da professora nenhuma especificidade quanto à afetividade da relação professor-aluno, que indicasse impossibilidades de inclusão, considerou-se que o fato de Isabel não ter estabelecido um contato direto com a professora da Sala de Recurso, mesmo que este se dê indiretamente através da itinerante da área da Educação Especial, é um ponto que tem de ser refletido, pois acredita-se na efetividade de uma relação mais direta entre as duas, no sentido de assegurar o pleno desenvolvimento do processo educativo, embora se saiba que as condições de trabalho do professor, as vezes inviabiliza esse contato com o outro de turno oposto ao seu.

De acordo com Carvalho (2006a, p. 122): “Para que a educação inclusiva se concretize, na plenitude de sua proposta, é indispensável que sejam identificadas e removidas barreiras conceituais, atitudinais e político-administrativas, cujas origens são múltiplas e complexas.”

A partir do que foi exposto, constatou-se que a estrutura física da escola da professora Isabel e sua aluna Regina, não são compatíveis com os princípios da acessibilidade. A formação da sua gestora revela que é graduada em Pedagogia, como também a grande maioria dos gestores das escolas da rede pública municipal de ensino de São Luís, inclusive as gestoras do primeiro e segundo caso, e como demanda seu cargo é quem intervém para garantir o funcionamento geral da escola.

A sua concepção sobre inclusão escolar aponta para a garantia do acesso de todos os alunos matriculados no ensino regular, embora se ressinta pela falta de políticas públicas mais eficazes sobre afetividade, evidencia que concebe a afetividade, apenas quanto os aspectos considerados positivos, tais como, carinho, compreensão, sensibilidade e amor. Considera que a afetividade da relação professor-aluno é muito importante e que deve ser estabelecida no primeiro contato entre estes.

A formação e experiência da professora Isabel, evidencia que esta se preocupou em buscar fundamentação teórica, instrumentalização técnica e fez uso adequado de sua sensibilidade frente às implicações subjetivas que atravessam a diversidade da qual faz parte sua aluna Regina.

Constatou-se no discurso da professora que esta acredita no que faz, e que a sua certeza, na escolha de sua profissão, lhe sustenta a caminhada rumo a maiores possibilidades de aprendizagem e inclusão de sua aluna.

Sobre o conhecimento e concepções da professora Isabel sobre Educação Inclusiva, pôde-se concluir que é totalmente favorável à inclusão escolar, diz que procura se aprofundar nos conhecimentos a respeito das deficiências. E sobre deficiência intelectual, revela que buscou subsídios teóricos e metodológicos, sobre a deficiência intelectual, para melhor execução de seu trabalho com sua aluna com DI.

Comprovou-se que Isabel confere credibilidade ao seu discurso, quando tenta conseguir, através de seus estudos, subsídios para sustentar sua prática pedagógica, intentando alicerçar suas ações frente à aprendizagem de Regina.

Tem em sua sala uma aluna com DI, com grande defasagem de escolaridade, apresentando alguns obstáculos referentes à concentração, ritmo, lateralidade, compreensão, para conceituar, abstrair, raciocínio lógico matemático e também de reter informações, entretanto já desenvolveu habilidades, para codificar e decodificar os símbolos.

As características que a professora atribui a sua aluna, em sua fala, é o ponto de partida para nortear as ações a serem desenvolvidas em sala de aula, a partir destas planeja e

ministra suas aulas para atender às necessidades específicas de Regina e assim sistematizar sua aprendizagem.

A professora Isabel evidencia ter construído conhecimentos teóricos sobre as deficiências, e estes, contribuem para o entendimento e a compreensão das limitações de sua aluna com DI. Conclui-se que o resultado positivo de seu trabalho, deve-se à busca incessante de informações e aprofundamento teórico sobre a temática.

Na fala de Isabel, constatou-se, sua preocupação em relação ao seu trabalho no atual contexto inclusivo, evidencia seu desejo de superar as adversidades e focar seu trabalho para efetivar a sua função de ensinar qualquer aluno que adentre sua sala de aula.

Para Isabel a afetividade influenciou muito sua vida pessoal e profissional, e procura desenvolver vínculos afetivos com todos os seus alunos. Ainda segundo Isabel, afetividade é a capacidade de gostar, ter confiança, empatia e segurança. Que a afetividade da relação professor-aluno, é muito importante, e que esta, está presente em todos os momentos em que está com seus alunos.

Embora Isabel, só fale dos aspectos ditos positivos da afetividade, comprovou-se o quanto se preocupa em afetar sua aluna de todas as maneiras possíveis, instigando e desafiando-a para superar seus limites e se apropriar de todos os saberes que lhe interessar, pois essa é sua função e sua escolha, ensinar.

Sobre os seus sentimentos, frente ao trabalho com Regina, verificou-se que estes foram constituídos na relação professora-aluna, e apontam para o desenvolvimento integral da aluna, haja vista que, respeito, aceitação, desafio, investimento, conotam a sentimentos de quem acredita nas potencialidades e aposta nos resultados de quem ensina aprendendo, e de quem aprende ensinando.

Em relação a sua concepção e conduta afetiva com a aluna, pode-se concluir que esta procura atingir sua aluna de todas as formas, às vezes elogia, em outras desafia, e /ou muda a direção do trabalho, mas continua tentando afetá-la, para desejar aprender e não desistir.

A partir do exposto, constatou-se que Isabel parece acreditar no trabalho que realiza, tanto que assegura que Regina está evoluindo graças ao desempenho de ambas as partes. Embora a escola não seja adaptada, e alguns sujeitos deste espaço não acreditem que a inclusão seja benéfica, a professora Isabel vem desenvolvendo um trabalho, pois parece acreditar no potencial de aprendizagem de sua aluna. Esse fato poderá contribuir para a inclusão dos alunos com DI.

No contexto inclusivo impõe-se que os professores devam reconhecer e atender às diversas especificidades de todos os seus alunos, acolhendo os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, intencionando propiciar uma educação de qualidade, o que verificou-se em Isabel por se encaixar nesse perfil de professor.

As formas de afetar a aluna com maiores possibilidades e impossibilidades de inclusão revelam que a relação afetiva desenvolvida entre a professora e sua aluna Regina, evidenciam que há possibilidades reais que poderão favorecer ao processo de inclusão.