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2.1 Origem da Economia Solidária no mundo

2.1.6 Formas de Cooperação

O surgimento do cooperativismo no Brasil é consequência da grande crise no início da década de 80, onde empresas falidas encontraram outras formas de produção para se manter no mercado, algumas dessas empresas se transformaram como negócios de fomento e auxiliares para outras empresas que também se encontraram falidas e necessitavam de ajuda para se tornarem auto gestores (SINGER, 2010).

Dentro do contexto histórico mundial, Singer (2010), identifica ao decorrer de sua obra alguns tipos de cooperativismos, que procederam ao decorrer dos séculos e ressurgem em discussões sobre a base dos princípios fundamentais dos empreendimentos econômicos solidários.

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Um dos primeiros indícios de cooperativismo foi difundido pela Europa a partir de meados do século XIX e foi identificado como cooperativismo de consumo. Este tipo de cooperativismo adotou princípios que serviram como base universal para a disseminação da economia solidária, designando a formação de colônias autossuficiente, onde as necessidades de consumo seriam satisfeitas com o trabalho dos membros e somente o excedente da produção seria trocado com outras comunidades (SINGER, 2010).

Segundo Adams (2010) no Brasil as heranças cooperativistas mais importantes provem do cooperativismo de consumo que teve origem em Rochdale-Inglaterra, em 1844.

Pouco após o surgimento das cooperativas de consumo, foi identificada a necessidade da formação de cooperativas de créditos. Essas por sua vez, ofereciam o serviço de guarda e aplicação de valores e todos os empréstimos feitos pelas cooperativas se destinavam a financiar investimentos produtivos.

Conforme Singer (2010, p. 66) “o cooperativismo de crédito foi iniciativa não dos próprios interessados, mas de figuras políticas que tentaram inicialmente ajudar os pobres por meio de instituições filantrópicas”. Após a Segunda Guerra Mundial, o cooperativismo de crédito sofreu mudanças estruturais adotando novas regras e disseminando seus princípios pelo mundo.

Segundo Adams (2010, p. 88) “o Brasil e a América Latina também foram contemplados pelo cooperativismo de crédito, o que mais se desenvolveu foi o projetado para o meio rural baseado no cooperativismo de poupança e crédito, do tipo Reiffeisen1”.

No Brasil há 30 “bancos do povo” apoiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que pretende seguir a proposta exemplar configurada pelo Grameen, banco cooperativo que mantém mais da metade das comunidades rurais de Blangladesh (SINGER, 2010).

Ainda Singer (2010), descreve as cooperativas de compras e vendas, onde a relação com economia solidária e sua denominação cooperativista se deve ao fato de serem associações de pequenos e médios produtores procurando unificar sua produção e transformar seus lucros em maiores ganhos e vantagens trabalhistas. Em destaque as cooperativas dos catadores de lixo, que são identificados como cooperativa de compra e venda devido a sua razão social ser caracterizada como entidade econômica e política, perante o poder público, reivindicando um espaço reservado e financiamento para processar seu material.

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São cooperativas de crédito rural que surgiram na Alemanha, por iniciativa de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, que fundou as chamadas “Caixas de Crédito Raiffeisen”.

As cooperativas de produção são associações de trabalhadores que visam produzir bens ou serviços a serem vendidos em mercados, são identificados como o protótipo da economia solidária devida haver associação dos seus produtores e não de seus fornecedores e clientes conforme as cooperativas. Segundo Franklin (2011, p. 11) “as cooperativas de produção adotam uma postura de enfrentamento ao capital, constituindo verdadeiras associações de produção alternativas ao capitalismo”. Acrescenta Cunha (2002, p. 45) ainda que “ela pertence coletivamente aos próprios trabalhadores que nela produzem e deve ser gerida de forma democrática por estes trabalhadores, seja por participação direta, seja por representação”.

Por último Singer (2010) descreve os clubes de troca, que é uma forma muito atual de economia solidária. Seus participantes adotam uma moeda própria, que recebe um nome designado pelo clube pertencente e escolhe democraticamente seus dirigentes, suas taxas de câmbio e sua repartição igual entre todos os membros. Este tipo de clube foi inventado no Canadá e na Argentina em meados da década de 1980, devido às características de grandes perdas de empregos.

Segundo Búrigo (2000, p.99) esses clubes foram “criados por movimentos interessados no funcionamento de circuitos de trocas e de novos instrumentos monetários, a serviço de uma economia diferente daquela que impera na ordem capitalista”.

No Brasil tem-se conhecimento da existência de clubes de trocas que utilizam moedas próprias nas cidades de São Paulo (cinco grupos), Rio de Janeiro, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre (BÚRIGO, 2000).

No RS a “Moeda Mate”, criada em 2005, é reconhecida como moeda oficial da “Rede Estadual das Trocas do RS”. As primeiras trocas solidárias foram organizadas durante a 12ª Feira de Economia Solidária dos Países do MERCOSUL, em Santa Maria, em conjunto as entidades AMENCAR-SUL, Planta Sonhos, Salda Terra, além de contar com o apoio da FURG e Cooesperança (FINANÇAS SOLIDÁRIAS, 2006).

Assim como na economia solidária, o cooperativismo também possui alguns princípios básicos que fazem sua distinção do mercado capitalista, são eles: Adesão Voluntária e Livre; Gestão Democrática e Livre pelos Membros; Participação Econômica dos Membros; Autonomia e Independência; Educação, Formação e Informação; Interesse pela Comunidade; e a Inter-cooperação. A partir destes princípios as cooperativas podem ser formadas e padronizadas em suas características e objetivos como organização (SANTOS; STEFANO, 2008).

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A relação existente entre cooperativa e economia solidária está associada conforme Pereira, Carvalho e Ladeia (2008, p.8) explica:

A Economia Solidária tem possibilitado às cooperativas populares a construção de outra racionalidade nas relações de trabalho. Na Economia Solidária, só é dono dos meios e bens de produção, quem neles trabalham. As relações estabelecidas entre os cooperados não são apenas econômicas, ou seja, para ser cooperado não basta ter uma quota parte, ou participação econômica dos membros na criação e controle do capital. Para ser cooperado é necessário ser trabalhador desta cooperativa. Esta nova racionalidade de trabalho, ou organização de trabalho, interfere na subjetividade dos trabalhadores desses empreendimentos.

Conforme o SEBRAE (2011) identifica alguns dos tipos de cooperativismo existentes, independentes de qualquer princípio de autogestão:

• Cooperativa agropecuária: reúne produtores rurais;

• Cooperativa de consumo: reúnem consumidores de bens de uso pessoal e doméstico, seus serviços são a compra em comum destes bens;

• Cooperativa habitacional: reúnem pessoas precisando de moradia, seus serviços consistem na aquisição de terreno e construção de casas ou prédios residenciais; • Cooperativa de trabalho: seus serviços consistem em conseguir clientes ou serviço

para estes cooperados, fornecer capacitação e treinamento técnico, entre outros; • Cooperativa de produção: reúnem operários de uma fábrica, seus serviços

consistem em coordenar o funcionamento da fábrica;

• Cooperativa de crédito: reúne a poupança das pessoas, oferecendo crédito e valorizando as aplicações financeiras dos cooperados;

• Cooperativa educacional: a cooperativa é mantenedora de uma escola, cujos alunos são filhos de cooperados;

• Cooperativa de serviços: reúnem pessoas com necessidade de alguns serviços específicos, tais como eletrificação e telefonia rural, saneamento básico etc;

• Cooperativa de saúde: reúnem profissionais ou usuários de saúde, assim como as cooperativas de saúde;

• Cooperativa especial: é uma alternativa de organização para índios e pessoas com alguma deficiência física ou mental, que conservam sua capacidade produtiva.

Segundo Favareto (2003) existem três grandes tipos de cooperativas, as cooperativas de produção e serviços, as cooperativas de crédito, e as cooperativas de comercialização. Dentro

destas categorias se incluem qualquer outro tipo de atividade cooperativa conforme os serviços que são realizados pela organização. Os tipos de cooperativas definidas pelo SEBRAE também servem para agrupar os diversos tipos de cooperativismo em suas atividades específicas.

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