• Nenhum resultado encontrado

A defesa dos direitos autorais, pela legislação brasileira, é garantida nas esferas civil, administrativa e penal. Sendo esta proteção assegurada, inclusive, aos direitos conexos e pela Constituição Federal, art. 5º, XXVIII:

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

21 Íntegra do art..112 da Lei nº 9.610/98: “Se uma obra, em conseqüência de ter expirado o prazo de proteção

que lhe era anteriormente reconhecido pelo § 2º do art. 42 da Lei nº. 5.988, de 14 de dezembro de 1973, caiu no domínio público, não terá o prazo de proteção dos direitos patrimoniais ampliado por força do art. 41 desta Lei”.

22 Art. 5º da Lei nº 9.610/98:

“Para os efeitos desta Lei, considera-se: (...)

VII - contrafação - a reprodução não autorizada; (...)”

2.8.1 Esfera administrativa

Apesar de não ser obrigatório o registro da obra primígena para a decorrência de sua proteção, o registro no órgão competente ajuda na garantia de direito de uso exclusivo do autor sobre sua obra, já que a prova escrita é a comprovação mais eficaz da titularidade de um direito. (SANTOS, L., 2001, 356)

O depósito de exemplares é outra medida administrativa para a proteção do direito autoral, que devia se constituir dos exemplares de todas as obras publicadas no país, já que as editoras e gráficas têm a obrigação, instituída pelo Decreto-Lei nº 824/69, de enviar um exemplar de cada obra editada ao Instituto Nacional do Livro, no prazo de dez dias após seu lançamento, sob pena de multa, apreensão das obras editadas e suspensão, por um ano, de licença deste Instituto para adquirir obras. (Ibid., 356)

A menção de reserva de direitos, identificada através da expressão direitos reservados, da expressão de sua correspondente em inglês copyright by, ou da colocação de ©, também representa uma medida de proteção administrativa dos direitos autoral. (Ibid., 356)

Enquanto para CABRAL (2000:78) a utilização deste sinal não tem a menor importância, sendo algo que não se inclui em nosso sistema de direito autoral. Explica este autor que nos países europeus chamados continentais, cujo ordenamento jurídico tem por base histórica a herança romano-germânica, construiu-se o chamado direito autoral, sistema que a partir da Convenção de Berna deu origem à legislação brasileira, dentre outras de países latinos.

O uso deste sinal, ou da palavra copyright, até significa um direito de cópia ou edição conferido ao autor, mas somente na Inglaterra, país em que surgiu esta prática, nos Estados Unidos e nos países da Commonwealth. (Ibid., 78)

Para Delia Lipszyc (apud CABRAL, 2000:78), a diferença entre estes dois sistemas de proteção aos direitos autorais é que “em comparação com o direito de autor latino, o copyright tem alcance mais limitado quanto aos direitos subjetivos”.

Entretanto, “a indicação da letra ©, com ou sem a palavra copyrigth, não acrescenta nada aos direitos do autor ou do editor no Brasil” (CABRAL, 2000:79).

Neste sentido, Isabel Espín Alba (apud CABRAL, 2000;79), comentando a lei espanhola de direitos autorais:

Trata-se, cumpre destacar, de um meio de proteção de livre escolha, pois a utilização desse símbolo não é obrigatória, não sendo, portanto, uma presunção jure et de jure da titularidade.

2.8.2 Esfera cível

O Título VII da Lei n º 9.610/98, que trata das sanções às violações dos direitos autorais, determina, logo em seu primeiro artigo, que as sanções civis dispostas no capítulo aplicam-se sem prejuízo das penas cabíveis (art. 101).

O autor que tiver sua obra reproduzida sem a devida autorização possui o direito de propor ação de busca e apreensão dos exemplares reproduzidos ou de requerer a suspensão da divulgação, além da indenização a que tiver direito. Neste sentido o art. 102 da Lei de Direitos Autorais:

Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

Se a obra possuir registro no órgão competente, seu autor pode requerer a anulação de registros posteriormente concedidos, quando idênticos ou estritamente semelhantes, bastando alegar a ilegalidade da concessão e a ilegitimidade do requerente. (SANTOS, L., 2001:356)

O autor pode utilizar a ação de interdito proibitório no caso de atentado ao seu direito de possuidor, de modo a assegurar de forma mansa e pacífica a posse de seus direitos.

2.8.3 Esfera penal

O artigo 184 do Código Penal estabelece a pena para os crimes contra a violação dos direitos de autor, que é de 3 meses a 1 ano de detenção, ou multa.

Caso a violação consista no oferecimento ao público, mediante cabo ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente, a pena será de reclusão, de 2 a 4 anos e multa, conforme dispõe o § 3º do artigo 184 do CP.

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor do fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4º O disposto nos §§ 1º, 2º e 3º não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.

Conforme reza o artigo 12 da Lei de Software, em caso de violação de direitos autorais de programas de computadores, serão aplicadas as mesmas penalidades dispostas acima.

Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador: Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.

§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente:

Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral. § 3º Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo: I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo poder público; II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de arrecadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações de consumo.

§ 4º No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade do tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, processar-se-á independentemente de representação.

Documentos relacionados